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- E porque é que ninguém me falou nada sobre isso? - Ully questionava, os braços cruzados em frente ao peito.

Em pé diante as garotas, a fada da mente ouvia sobre o plano de Bloom. Até então, a ruiva havia marcado um encontro com Sebastian no primeiro mundo - onde se encontrava naquele momento, com sua magia mais fora do controle, do que de fato costumava ser.

E, tudo isso voltado à um plano com o objetivo claro de trazerem o poder de Musa de volta à ela. Contra tudo o que todas queriam até então - a derrota do bruxo de sangue. A única coisa que importava para elas no momento, era como ajudariam Musa a ter sua magia de volta.

Era uma atitude leal. Era uma atitude que fazia Ully sentir que estava com as pessoas certas rodeando ela e a irmã - uma atitude familiar, de fato. O que fez seu coração apertar ainda mais... porque, ela sabia o que a gêmea queria e não tinha coragem o suficiente para admitir nem à si mesma.

Tanto que nenhuma delas, sabia que Musa não queria voltar ao seu normal - queria apenas ser normal.

- Ela quem planejou boa parte - Terra explicava, gesticulando com uma das mãos. - Apenas ouvimos e, por incrível que pareça, concordamos - sorriu. - Você não estava aqui ontem a noite e Bloom disse que depois te deixaria ciente de tudo.

- Eu não entendo porque ela não te contou, meio que é sobre a sua irmã, então... - Stella completou, confusa com tudo o que acontecia no momento.

- Talvez tenha sido apenas para proteger você - Aisha teorizou, tentando amenizar o clima. - Todas nós sabemos o quão irritada você está com o Sebastian e, se você quisesse ir com ela, provavelmente...

Um silêncio preencheu toda a suíte.

- Perderia o controle? - Ully o quebrou com afinco, encarando a morena. Então, notou que sentia mais uma vez a raiva brotando. Fechando os olhos com força, a de cabelos escuros deu um passo para trás.

- Eu não quis dizer...

Com um estalo, Ully lembrou-se.

- Ela não me contou, porque não estamos nos falando - soltou, suspirando. - Ela não fala comigo, Musa não fala comigo... como podem ver, está tudo indo muito bem! - continuou, claramente irritada. A perca de paciência repentina fez com que as fadas se entreolhassem, sem saber exatamente como lidar com aquela Ully. - Cadê o celular? Vamos ligar pra Bloom.

Acenando devagar, Aisha retirou o aparelho eletrônico do bolso, discando o número da ruiva com pressa. Ully pediu com uma das mãos o celular, o olhar se suavizando diante a fada da água, que sorriu ao deixar que a amiga continuasse a ligação.

- Não se encontra com ele - foi a primeira coisa que a de cabelos escuros disse ao ouvir o bip.

- Ully? - a voz de Bloom respondeu do outro lado da linha, curiosa. - Tarde demais, eu já o encontrei.

- Ah... - a fada da mente resmungou. - E o que ele disse?

- Contou como recuperarmos a magia da Musa. Ou ele devolve ela ou nós o matamos - deu de ombros, simples.

- Sabe o quanto adoro essa idéia - Ully foi sincera, fazendo a amiga rir baixo. - Mas, preciso que volte agora. Sua magia está super sobrecarregada nesse momento.

- O quê?

- Algo sobre a cerimônia de ontem não ter dado certo e blá-blá-blá. Tem que voltar antes que perca o controle, porque confie em mim, vai acontecer... rolou com todas nós.

- Eu estava lá com ele, Ully - Bloom pareceu negar de forma sútil as palavras da outra. - Consigo controlar a minha magia. Estou bem, eu juro.

- Qual é, Bloom? - com uma das mãos sobre a têmpora, a de cabelos escuros tentou não voltar à seu tom de ignorância. - Volte pra casa e depois vemos o que faremos, okay?

- Sinto muito por não ter te contato - retrucou a fada do fogo. - Sinto muito por termos discutido, por ter sido uma idiota com você e por... sempre fazer com que eu viesse em primeiro lugar. Mas, confie em mim também, vou ajudar sua irmã e fazer o que eu tiver que fazer. Logo estarei em casa.

- Bloom! - Ully xingou baixo ao retirar o aparelho de perto dos ouvidos e ver a tela desligada. Devolvendo o celular para Aisha, a fada da mente andou em passos duros até a porta da suíte.

O grupo de garotas seguiram a amiga, perdidas.

- Lily... - Terra chamou.

Havia um problema, isso era nítido. Entretanto, também era nítido que para Ully, havia mais do que apenas um problema. Acostumadas com a Lily que sempre sorria, era estanho para todas terem que lidar com a Lily furiosa que caminhava pelos corredores.

- Ela não vai vir embora, então nós vamos ter que achá-la.

•••

- Eles estão no primeiro mundo - Aisha explicava. - Apenas não sabemos onde.

Precisavam achar Bloom e, indo contra tudo o que acreditava no momento, Ully estava parada de frente à figura de Rosalind. A fada da mente, com toda a irá que lhe seguia, sabia que quanto mais perto da diretora ficasse, pior seria. Porém, não havia outra forma imediata de acharem a ruiva, naquele momento.

Precisavam de ajuda.

Da ajuda dela.

- E o que gostariam que eu fizesse a respeito? - questionou a mais velha, despreocupada.

- Que a encontre - respondeu Stella, soando óbvia. - Que a impeça, talvez.

Imóvel, Rosalind continuou calma:

- Já deve ser tarde demais, não acham?

Indignadas, as fadas começaram a discutir entre si. E, Ully confirmou o que já sabia: que realmente a diretora era uma vaca sem coração. Se tentassem sozinhas, teriam tido mais sucesso do que até então, ali paradas e se exaltando com uma mulher cujo a expressão nem se movia.

Rindo em escárnio, a fada da mente deu um passo para frente.

- Se ela perder o controle - começou. - Vai matá-lo.

Rosalind sorriu para a mais nova.

- Quer que ela perca o controle... - Aisha anunciou, a ficha caindo aos poucos.

- Achavam mesmo que a Beatrix conseguiria tirar algo da minha sala, sem que eu ficasse sabendo? - a diretora finalmente deixou a postura se modificar, encarando cada uma das fadas ali presentes. - Ou tiraria?

Ully enrijeceu.

- O cristal convergente foi uma boa ideia - Rosalind continuou. - Se a Bloom não se descontrolar, eu analisarei a situação de outra forma. Dito isso, acho que não vou precisar, de qualquer maneira.

- Bloom não é uma assassina - a fada da água protestou, nervosa.

- É o que veremos.

- É - Ully lançou um olhar irritado para a diretora. - É o que veremos - virando de costas, a garota voltou a cruzar os braços enquanto se retirava. - Não sei porque eu achei que vir até aqui seria uma boa idéia. É como dizem, não é? Se quer algo bem feito, faça você mesma.

••••••

𝐢. 𝐀𝐅𝐓𝐄𝐑 𝐓𝐇𝐄 𝐒𝐓𝐎𝐑𝐌. ! ༉ 𝗳𝘁𝘄𝘀Onde histórias criam vida. Descubra agora