067.

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- Ully... - chamaram.

Lentamente, a fada da mente tentou abrir os olhos. A visão turva, a cabeça confusa. E, ao se recordar do que teve que passar, a garota se sentou em um pulo, percebendo que continuava no mesmo lugar.

Assustada, passou os olhos ao seu redor, procurando por Riven. Sentiu-se acalmar quando viu o amigo também sentado no chão, alguns centímetros longe.

- Ei, está tudo bem - disseram. Ully se virou em direção à voz, encarando os olhos amendoados de Dane, que colocou uma mão no ombro da fada. - Sabe me dizer quem fez isso?

- Eu já disse que não vimos ninguém - Riven tratou de responder, irritado. Pelo o seu tom, aquela pergunta já havia sido feita algumas outras vezes. - Você 'tá legal?

Ully assentiu. E, como um estalo, se lembrou:

- Sky! - exclamou. Ao tentar se colocar de pé, uma tontura lhe atingiu. Apoiando-se em Dane, a de cabelos escuros suspirou.

- Ele está bem - o especialista tentou tranquiliza-la. - Também foi atacado, mas, apenas foi apagado... Como vocês.

Enquanto ouvia o que o garoto dizia, Ully permaneceu calada. Se sentia fraca, pensando no que podia ter acontecido. Mas, de uma coisa ela tinha certeza:

- Sabem que foi o Sebastian, não é? - perguntou, o tom impaciente logo presente. - Ele não vai parar até conseguir o que quer.

Dane não soube o que dizer. Era claro para todos que o bruxo de sangue havia feito àquilo para invadir. Apagado os adolescentes não havia sido nada. Nada perto do que ele realmente podia fazer.

Mas, ainda sim tinham dúvidas. Como ninguém o viu? Ou como ele conseguiu fazer o que fez? A dor que Ully teve que sentir, era algo que lembraria sempre.

- Lily! - a menção de seu nome, a fada da mente se virou. Sky então andou apressado até a namorada, preocupado.

Ully afastou-se do apoio de Dane, aproximando-se o suficiente para abraçar o loiro. Enquanto sentiam a presença um do outro, sabendo que ambos estavam bem, puderam finalmente respirar aliviados.

•••

Abrindo a porta de forma abrupta, Ully entrou com passos firmes dentro da sala de Rosalind. A noite continuava fria do lado de fora e a fada da mente decidiu que não podia mais esperar.

Queria o fim de Sebastian e para isso, precisava colocar algumas cartas na mesa. Precisava entender melhor sobre si mesma e precisava da verdade.

Precisava falar com a diretora. Dizer que sabia de tudo que ela havia feito contra si. Por mais que tivesse quase certeza que a mais velha soubesse por seus próprios métodos, tinha que fazê-la ver que não iria mais ficar quieta.

- Ully - Rosalind cumprimentou. Um sorriso ladino se estampou em seu rosto. A de cabelos escuros mal havia chegado e já sentia raiva.

- Vamos direto ao ponto, senhora diretora - disse, sem enrolação, ao se ver próxima o suficiente da mulher. - Sei que anda vasculhando a minha mente e eu quero esclarecimentos sobre isso. Quero que me conte o porquê de estar me impedindo de usar meus poderes, desde que chegou aqui. Porque não posso ler a sua mente? O que está escondendo de mim? De Alfea?

A diretora permanecia neutra. Os lábios ainda curvados em um pequeno sorriso. Ully tentou se controlar, a medida que notou o contentamento da mulher.

Ela sabia que a garota iria confronta-la.

Era claro que sabia.

- Gosto do seu modo de agir, Ully - respondeu, simples. - Me lembra muito a garota que eu era, na sua idade... Sem medo de se expressar, corajosa.

A fada da mente revirou os olhos.

- Eu quero a verdade, Rosalind - pediu. - Você não tem o direito de me usar como sua fantoche! Eu passei um dos piores períodos comigo mesma, não me sentindo forte o suficiente e me culpando por isso... Não vou deixar você continuar fazendo com que eu me sinta assim.

- Seus poderes - começou a diretora, lentamente. - São incríveis, Ully. Eu penso no que poderia fazer, se juntasse eles, aos meus. Tudo - gesticulou com as mãos - seria nosso. Tudo, garota.

- Você é maluca - decretou incrédula, sabendo que não teria uma resposta coerente, como queria. - Você é completamente maluca... E se quer mesmo saber de uma coisa, diretora - continuou, pronta para se afastar. - Se meus poderes são tão incríveis quanto você diz, posso muito bem ter tudo sozinha... E, se não me deixar em paz, eu também posso acabar com você sozinha.

Ully não sabia se àquilo era verdade. Não sabia se seus poderes eram tão fortes como todos sempre alegavam, mas, a raiva descomunal que sentia, fez seu ego falar mais alto.

Batendo a porta ao sair, a garota seguiu firme. Estava esgotada por sempre fazerem dela o que bem entendessem. E, se era uma fada da mente irritada que eles queriam, era uma fada da mente irritada que iam ter.

••••••

𝐢. 𝐀𝐅𝐓𝐄𝐑 𝐓𝐇𝐄 𝐒𝐓𝐎𝐑𝐌. ! ༉ 𝗳𝘁𝘄𝘀Onde histórias criam vida. Descubra agora