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Alex's POV:

— Como vocês todos ficaram sabendo que era o meu aniversário naquele dia? — Eu digo enquanto continuava tirando mais e mais coisas da sacola que a minha irmã me entregou.
— Ela contou para a gente, disse que você não comemorava o seu aniversário já á alguns anos então ela pensou em elaborar uma surpresa de aniversário para você e pediu a nossa ajuda.
— Entendi, é bem a cara da Priscilla fazer esse tipo de coisa... — Eu digo enquanto me levanto e paro em frente ao espelho para provar as camisetas e os moletons que eu ganhei. — Então, o que você achou? — Digo me virando para Vitor e esperando uma resposta do garoto.
— Ficaram todas ótimas em você. — O garoto diz sorrindo na minha direção e então volto a mexer na sacola e tiro um "Headphone Bluetooth" branco com alguns detalhes em dourado e preto.
— Como você adivinhou que eu estava precisando de um fone de ouvido? — Eu digo abrindo a caixa para vê-lo melhor.
— Bom, eu observei que já a alguns dias você não estava mais usando os seus fones como de costume e quando você usava, era só o que tem no estúdio, o que eu achei um pouco estranho já que você nunca usou os fones de ouvido do estúdio, então eu deduzi que você tinha quebrado os seus antigos fones.
— É, você acertou... E ainda bem que dessa vez é um sem fio. Aqueles meus fones com fio já eram o quinto da minha lista. Eu não me dou muito bem com fios. — Digo dando uma risada sem graça. Começo a observar o resto dos presentes e encontro também um carregador portátil, isso é muito útil e eu estou precisando disso também.

Eu e Vitor passamos um bom tempo vendo os meus presentes até que tudo já estivesse visto, provado, organizado e guardado no meu guarda-roupa. Assim que eu terminei de organizar tudo eu me jogo na cama ao lado de Vitor.
— Nossa, a minha irmã não subiu até agora. Vamos descer? — Eu digo pegando o meu celular na escrivaninha e abro a porta do quarto. Eu desço as escadas com Vitor logo atrás de mim e assim que eu ponho o meu pé no último degrau da escada eu paraliso na hora... O que ele está fazendo aqui?
Vitor parece ter percebido o meu espanto repentino porque parou ao meu lado e, por mais que eu não estivesse olhando diretamente para ele eu percebi que ele estava tentando decifrar as minhas emoções naquele momento. Eu não conseguia me mover, como ele conseguiu entrar aqui? Como ele tem coragem de aparecer aqui depois de tanto tempo? Depois do que ele me fez.
Eu estava tão inerte nesses pensamentos que nem sequer notei a minha mãe e a minha irmã se aproximando da escada, só percebi a presença delas ali quando escutei a voz da minha mãe:
— Meu filho, vamos sentar por favor, a gente precisa ter uma conversa. — Minha mãe diz passando um de seus braços pelo meu ombro e me guiando até o sofá, onde eu me sentei bem de frente com aquele homem. Eu nunca pensei que fosse fazer isso de novo depois de tanto tempo, olhar para ele de novo fez com que um filme passasse na minha cabeça, a quase sete anos atrás, quando eu tinha apenas os meus quatorze anos e me lembrar de tudo o que ele fez comigo.
— Bom, eu acho que eu vou indo para a minha casa e vou deixar vocês á sós, isso é um assunto de família. — Vitor diz em segundos e levanta, se despede e sai da minha casa. Eu estou tão perdido que eu nem sequer consegui abrir a minha boca para pedir que ele ficasse ali, do meu lado, eu não quero ficar sozinho uma hora dessas.
— Meu filho eu... — Eu escuto a voz daquele homem depois de tantos anos e ela ainda me dá arrepios pelo que ela me faz lembrar. Eu vejo a minha mãe repousar a mão de leve na coxa dele sinalizando para que ela falasse a partir dali.
— Você realmente acha que ainda pode me chamar de "meu filho" depois de tudo o que você fez e depois de passar tantos anos longe? — Digo sem conseguir controlar as minhas palavras que eram carregadas de amargura.
— Maninho, você não está feliz? O nosso pai está de volta depois de tanto tempo. — Minha irmã me questiona e eu pude notar que ela estava com algumas lágrimas no seu rosto.
— Eu estava feliz sim... "Estava", tudo isso antes de ele chegar aqui. Como você tem coragem de voltar aqui? — Eu continuo dizendo, mas sem olhar em seu rosto, eu não conseguia nem sequer olhar para aquele homem.
— Alex, olha só meu filho, ele voltou porque ele disse que precisa conversar conosco, e principalmente com você.
— Agora ele quer conversar? Depois de sete anos ele simplesmente volta, procura a gente e agora ele diz que quer conversar, pedir perdão?! O que você fez comigo não tem perdão! — Eu digo já revoltado ficando em pé e ele também se levanta.
— Alex me escuta, por favor... — Ele diz dando um passo para frente e eu me afasto na hora. — Eu sei que eu errei, mas, eu preciso te pedir perdão.
— Eu já disse, o que você fez comigo não tem perdão, e eu deixei bem claro para mim mesmo que eu nunca mais ia querer te ver na minha frente! — Digo isso aumentando o meu tom de voz, praticamente gritando.
— Meu filho, se acalma, por favor. — Minha mãe diz se aproximando de mim.
— Me acalmar, como você quer que eu me acalme diante de uma situação que nem essa? Por que você deixou esse cara entrar aqui?
— Alex, por que você está agindo assim? Depois de tantos anos o nosso pai finalmente aparece para ficar com a gente e ao invés de você ficar feliz você fica chateado? Por que isso?
— "Seu" pai... — Digo apontando o meu dedo na direção de Priscilla. — Esse cara já deixou de ser o meu pai há muito tempo. — Termino de dizer isso e vejo uma expressão irritada tomar conta do rosto de Priscilla.
— Meu filho tenta se acalmar, ele vai ficar aqui só por alguns dias até as coisas se resolverem e...
— Como é? A senhora vai realmente deixar esse cara ficar aqui? — Eu pergunto e um silêncio se instala no local e uma tensão imensa inunda o ambiente, eu olho para a expressão irritada e triste da Priscilla e a expressão indecifrável da minha mãe, isso foi o suficiente.
— Já entendi, ele pode ficar aqui... Mas eu não fico no mesmo ambiente que ele. — Digo olhando para Renato e então subo as escadas indo até o meu quarto.
— Alex, espera aí... — Essa é a última coisa que eu escuto antes de bater a porta do quarto com força e me jogar na minha cama.
Assim que eu afundo a minha cabeça no travesseiro um filme começa á passar na minha mente de alguns anos atrás, lembrando de como era a minha vida com o meu pai em casa e como tudo virou de cabeça para baixo em questão de segundos.

Vitor's POV:

Eu fui embora da casa de Alex um pouco contra a minha vontade, eu senti algo estranho naquela situação toda, mas eu não queria interferir ou parecer um pouco curioso demais, por mais que eu estivesse me matando por dentro para saber mais sobre o assunto, mas, eu não vou me meter na vida do Alex dessa maneira.
Pode ter sido só impressão minha, mas parece que o Alex não ficou muito feliz com a visita surpresa daquele homem, que eu não faço a mínima ideia de quem seja.
Eu decido não pensar muito nisso, eu afasto esses pensamentos da minha mente e então entro em casa encontrando todas as luzes apagadas, minha mãe já deve estar na cama visto que já são mais de onze da noite.
Subo até o meu quarto, tiro a minha roupa, tomo um banho e então me deito na minha cama, mas sem evitar pensar no Alex e em toda a situação que eu presenciei.
Tem alguma coisa estranha.

Continua...

The Perfect Pace - 2° TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora