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Clara's POV:

Bom, foi tudo mais rápido do que eu esperava. O Arthur me disse todas as coisas de uma forma tão rápida que estou até estranhando, ou ele disse toda a verdade, ou ele está mentindo para mim. Eu só espero que ele não minta no tribunal porque isso pode me prejudicar e prejudicar a Letícia também.
Eu estou indo para a minha casa pensando e repensando sobre tudo o que ele me falou, será que ele estava mesmo me dizendo à verdade?

XXX ALGUMAS HORAS ATRÁS XXX

— Você é o Arthur Palmeira?
— Sim, sou eu. Por quê?
— Podemos conversar?
— Sim, entre. Quem gostaria?
— Eu sou Clara Figueiroa, a advogada da sua mulher. Ela me pediu para ajudá-la a dar entrada no seu divórcio com ela.
— Ah, mais é claro que ela iria fazer isso.
— O que o senhor está querendo dizer com isso?
— O que ela contou para você?
— O necessário para termos material suficiente para levar o senhor á tribunal.
— Como é que é?
— A sua mulher me contou tudo, desde as suas ameaças contra o seu filho e até mesmo às vezes que você agredia ele, tudo isso na própria casa.
— Aquela mulher está louca, só pode! Eu nunca bati no meu filho.
— Sério? Não foi o que ela me disse. — Eu digo confrontando o homem.
— Olha aqui, eu sei muito bem o que eu faço ou deixo de fazer dentro da minha casa!
— Por que exatamente você batia no seu filho?
— Eu tinha que educar ele de alguma forma.
— Bom, pelo que eu sei, a maneira de se educar um filho não é dando uma surra nele ou empurrando ele contra uma mesa de vidro.
— Olha aqui, a senhora já está me acusando sem provas! — O homem diz alterando o seu tom de voz e se levantando do sofá.
— Eu acho melhor o senhor se controlar, eu só estou aqui para ouvir o seu lado da história. Se o senhor quer que isso acabe logo, só me conte a sua versão da história! — Eu digo igualmente alterando o meu tom de voz.
— Ok, só vamos acabar logo com isso. — Ele diz se sentando novamente no sofá.
— Ok então, pode começar. — Eu digo pegando o meu celular e colocando no gravador de voz.
— Isso é realmente necessário? — O homem me pergunta apontando para o celular.
— Sim, eu só estou coletando o material, vamos, pode começar.
— Bom, eu sempre quis ter um filho com a Letícia, esse sempre foi o meu maior sonho, quando ela me contou estar grávida eu fiquei muito, muito feliz, assim como ela. Eu fiquei ainda mais feliz quando descobrimos que o nosso bebê seria um menino, o meu garoto. Nós preparamos tudo para ele, o quarto, fizemos um enxoval... Nós estávamos realmente muito felizes com a chegada desse bebê. Assim que ele nasceu eu fiz questão de educá-lo do jeito que eu sempre achei melhor, assim como o meu pai também me educou. Eu o coloquei para fazer futebol assim que ele completou seus oito anos. A família da Letícia sempre ficou cercando o garoto com a música, o que era uma coisa que eu não gostava nem um pouco já que, música nunca daria dinheiro para ele e, uma coisa que eu não queria ver era ele dependendo dos pais para tudo. Foi aí que começaram as nossas brigas porque, ela sempre quis levar o garoto para o caminho dela e, cada vez mais ele se distanciava do futuro que eu queria para ele. Nós brigávamos diariamente por causa disso e, quanto mais o tempo passava e mais o garoto ia crescendo, ele se interessava mais e mais pela música. Quando ele completou os doze anos ele veio contar para mim e para a minha mulher que ele tinha o sonho de ser DJ... Como é óbvio, a Letícia apoiou ele, mas, eu fiz questão de deixar bem claro para ele que eu não apoiava ele nem um pouco nessa história porque eu sei que ser DJ não dá dinheiro nenhum. Foi ali que a nossa relação começou a desandar porque depois disso a gente não se entendia em mais nada, eu sempre coloquei ele em algum esporte que ele gostasse ou se interessasse. Ele fez natação por três anos e até venceu alguns campeonatos, mas, ele ainda continuava com aquela ideia ridícula na cabeça de que queria ser DJ. A nossa relação piorava a cada dia mais, mas, tudo piorou quando ele veio contar para mim e para a Letícia que era viado, aquilo foi a gota d'água para mim. Depois disso eu e a Letícia passamos a brigar quase todos os dias por causa daquele moleque, ela não entendia que eu só estava querendo mostrar para ele que o que ele estava fazendo era errado!
— E o senhor acredita que a melhor forma de mostrar isso para o seu filho era espancando e xingando ele na própria casa? — Eu resolvo interromper o homem.
— Eu só estava educando o meu filho da mesma maneira que o meu pai me educou quando eu era mais jovem, durante todo esse período de brigas e desentendimentos eu acabei desenvolvendo um problema sério com alcoolismo e isso só piorou as coisas, isso acabou desencadeando em mim, um ódio do meu próprio filho, ainda mais quando eu descobri que ele estava namorando um garoto que ele conheceu na faculdade, isso me deixou furioso, e o que me deixava mais irritado ainda era ver a Letícia defender uma aberração dessas.
— Você sabe o nome do garoto com o qual seu filho namora?
— Não, eu não sei. Ele nunca me falou.
— Bom, e sobre as mensagens que a sua mulher encontrou no seu celular, em que você falava com outra pessoa sobre roubar o dinheiro do seu próprio filho?
— Eu não sei do que você está falando.
— A sua mulher me mostrou as mensagens no seu celular, em que você estava conversando com outra pessoa. Nas mensagens você falava sobre se separar da sua mulher e prejudicar a vida do seu filho.
— Sobre isso eu não tenho nada á dizer.
— Certeza?
— Certeza.
— Enfim, é bom que o senhor não esteja mentindo porque, se mais para frente, nós descobrirmos mais coisas sobre isso, o senhor pode acabar se prejudicando, mais do que já está prejudicado.
— Já acabamos?
— Sim, com licença... — Eu digo me levantando e indo em direção á porta do quarto. — Qualquer novidade sobre este processo eu avisarei ao senhor.
— Ok então, até mais.

XXX NO DIA SEGUINTE XXX

Alex's POV:

Eu acabo de acordar, abro os meus olhos lentamente com a forte luz do sol que batia diretamente no meu rosto, com um pouco de dificuldade para enxergar eu me levanto e me sento na cama ainda tentando abrir os olhos por conta da forte claridade que invadia aquele quarto de hotel.
Assim que eu consigo abrir os meus olhos completamente, começo a analisar o quarto, eu percebo uma mochila que não é a minha aberta no chão e com algumas roupas de fora, eu olho direto para a minha bolsa e vejo que ela não estava aberta e, muito menos bagunçada, que é como ela costuma ficar. Eu olho para o outro lado da cama e percebo-o meio desarrumado e na escrivaninha eu consigo observar um caderninho preto aberto em cima do mesmo. Eu o pego para ver o que tinha nele. Começo a ler as linhas escritas e percebo que aqueles eram os poemas que o Vitor escrevia às vezes. Eu começo a ler um deles:

O Amor é um templo.
Eu gostaria que você me governasse; nós somos uma tempestade sob a forte luz das estrelas.
A vida é um constante campo de batalha, onde cada um, luta suas guerras e cura as suas feridas;

estamos marchando, em direção de quê? O que adoramos? Eu vejo as marcas de sangue na minha porta, eu não posso correr, mas ele pode;
eu não consigo me esconder, a dor da tristeza e da solidão sempre irão me achar. Mamãe me dizia que eu era especial: "Você é um diamante feito pela natureza." Mas para o mundo lá fora nós não somos mais que estranhos;

lutando diariamente de olhos fechados contra um inimigo invisível aos olhos da ignorância. Nós somos a luz da humanidade, estamos iluminando a noite; nenhuma estrela brilhará mais forte. E nós estamos todos alinhados com um mesmo propósito;
porque o amor é um templo. Chegue em casa, cante, ainda esperando por aquela ligação? Este será o dia em que aqueles irão cair pela sua própria lábia?

Alguns ainda rezam para que o sol pare de girar, eu vou marchando, meus amigos estão me protegendo. Eu posso ver a trilha do meu passado desbotando, eu luto, nós lutamos, uma luta infindável; tudo isso para que no final, nós possamos ver o tão falado amor, que é um templo. Que descobriremos ser, na verdade, um Deus;

Que esteve ao nosso lado durante a batalha contra o invisível inimigo.

Assim que termino de ler aquele poema eu fico impressionado... O que se passa na mente daquele pequeno para escrever coisas tão bonitas assim?
Assim que deposito o caderno novamente sobre a escrivaninha eu escuto o som da maçaneta do banheiro girar, revelando Vitor, que saia dali já trocado e, como sempre, ele estava lindo.
— Bom dia! Você tem que se arrumar logo. — O garoto diz me tirando do transe em que eu estava, apenas observando a beleza dele.
— Por quê?
— Hoje nós vamos embora da Itália, esqueceu?
— Ah, é verdade, eu tinha me esquecido. Bom, então eu vou tomar um banho rapidinho. — Eu digo já pegando a roupa que estava separada para mim em cima da minha escrivaninha, ao lado do meu celular e vou para o banheiro.
Enquanto eu tomava banho as palavras daquele poema que li não saíam da minha cabeça, aqueles poemas eram realmente bem tocantes, ele realmente escrevia muito bem.
Depois de alguns minutos eu saio do banheiro já arrumado e então nós partimos em direção ao aeroporto para irmos para a Grécia.
Espero que essa viagem seja inesquecível.

Continua...

The Perfect Pace - 2° TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora