Capítulo Sete

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Visto as roupas mais compridas que tenho, mesmo que me caçoem, eu só quero esconder esses hematomas como escondo a minha tristeza.

Pego um ônibus e logo que entro sou motivo de piadas para alguns passageiros, encosto minha cabeça no banco não dando importância, eu tenho coisas mais importantes a me preocupar.

. . .

Mal consigo me encosta na minha cadeira por conta do corte, então fico o tempo inteiro apoiada em meus cotovelos na mesa.

Taeyong me olha de soslaio algumas vezes mas eu não dou atenção a ele. Depois do que aconteceu ontem, eu só quero ficar o mais distante possível.

— Aconteceu alguma coisa com a sua coluna? — Taeyong perguntou olhando para parte do meu corpo citada.

— Só estou com um pouco de dor nas costas.

— Quer que eu faça uma massagem? Minhas mãos são mágicas, pelo menos é o que dizem. — Ele soa sugestivo.

— Não, obrigada, não quero que encoste em mim — continuo a guardar os meus materiais com meus olhos fugindo dele.

— Qual o seu problema? Por isso que não tem amigos, quem é que te aguenta?

Ele vai embora. Depois de cuspir verdades na minha cara. Eu não tenho amigos e a culpa é inteiramente minha. Sempre assusto as pessoas com o meu jeito de ser. Mas a minha mãe também nunca aprovou nenhuma das minhas amizades. E eu sempre tive que seguir suas ordens de me afastar. Tanto que hoje não tenho ninguém.

— Ele estava te perturbando? Não liga, ele é assim mesmo. — Uma garota ruiva se refere a mim e eu até olho para trás achando que não é comigo.

— Ele é um pouco insistente...

— Jura?! Quando eu estudava com ele, ele nunca fez questão de nada... Interessante. Ah, meu nome é Morgana. — Ela estende sua mão para mim.

— Morgana? Você é estrangeira? Meu nome é Hye. — Apertei sua mão timidamente.

— Sim, sou "metade brasileira" e "metade coreana", moro aqui há uns cinco anos.

— Ah, legal.

Nós caminhamos até a saída juntas.

— Espero que possamos nos conhecer melhor daqui pra frente.

Ela sorri simpática e vai embora.

Será que consegui uma amiga? Sorri grandemente com a possibilidade.

. . .

Semanas depois

Nem acredito que finalmente me livrei daquela pesquisa, o professor elogiou demais o nosso trabalho afirmando que somos uma ótima dupla. O que discordo plenamente. Depois dali, adeus Taeyong. Ele não foi mais aos cultos em minha igreja, minha mãe não reclamou comigo por causa dele, as garotas do meu conjunto não me aborrecem com perguntas sobre ele, e eu e a Morgana nos tornamos ótimas amigas. Não contei à minha mãe como costumo fazer, a Morgana não é evangélica e eu sei que a mamãe vai tratá-la do mesmo jeito que fez com o Taeyong. Eu não gosto e nem quero mais ficar sozinha por conta do seu preconceito.

Estava tudo indo tão bem, até o meu professor aprontar uma das suas novamente.

— Descansaram desde o nosso último trabalhinho?

Todos responderam em coro, inclusive eu: "não".

— Que pena não é? A nossa querida universidade está querendo fazer apresentações culturais e eu serei o representante de vocês. Irei organizar os grupos.

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