Capítulo cinquenta e três

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Alerta de gatilho: o capítulo a seguir contém possíveis gatilhos em relação a estupro e abuso infantil. Se se sentir mal e mesmo assim quiser ler, recomendo que pare na parte que mudo o ponto de vista para a narração.

Boa leitura ♥️


Park Hye 

Trouxe expectativas demais para este dia, essa é a verdade. Também não poderia congelar o tempo para que as coisas não saíssem do meu controle, que tudo milimetricamente estivesse da mesma maneira que deixei. Não posso exigir que as pessoas à minha volta não sigam em frente e espere por mim, cada um tem seu tempo e nem todos são capazes de acompanhar o ritmo um do outro. 

Estou decidida a deixar Taeyong ir… mas ele nunca foi meu no fim das contas. Por outro lado, sinto em nossos diálogos que precisamos ter 'a tal conversa', que ele quer isso tanto quanto eu, mas tem receio em dizer em voz alta pois fui eu quem pediu o tempo, porém não posso pedir que continue esperando por mim. 

Não tenho a mínima ideia de quais são os meus sentimentos por ele. Há um carinho muito especial, não me imagino distante dele, gosto de sua companhia. Gosto de Taeyong. Entretanto estou tão quebrada por dentro, passando por um dilúvio em minha vida que no momento preciso dedicar a mim mesma uma atenção especial, aprender a me amar, fazer as coisas por que me sinto bem ao fazer e não para agradar alguém. Eu quero estar bem comigo mesma, ser auto suficiente para mim e quem sabe ele possa pensar o mesmo, que sou suficiente para ele. Como havia mencionado, se for para ser, nossos caminhos se cruzarão novamente sem que um de nós faça muito esforço. Acredito nisso. Em amor verdadeiro, real, aquele que se encontra quando tudo parece conspirar contra. 

Usar o ônibus como transporte me deixa um pouco filosófica. As ruas se movendo rapidamente como um filme acelerado, as folhas secas e alaranjadas das árvores são postas ao vento e voam para longe com a rajada de vento que o ônibus faz em velocidade média. O motorista não quer ser preso por excesso de velocidade com tantos estudantes cansados de mais um dia sendo cobrados e levados ao esforço máximo de suas vidas acadêmicas. 

Ao chegar no meu ponto que privilegiadamente é de frente a minha casa, o motorista tira o seu boné para mim dando-me boa tarde. Queria saber o problema desse senhor, de uma hora para outra me trata como gente. Quando eu usava aquelas roupas bregas, ele mal olhava na minha cara. Aposto que nem me reconheceu. 

Devolvo a cortesia desconfiada e desço do ônibus azul. 

Sigo o rastro de folhas que tem na calçada formada pela árvore que tem os galhos próximo do meu quarto. Fazendo-me lembrar das vezes que Taeyong passou pela minha janela e…

Não, não pense nele e todos aqueles momentos maravilhosos… argh. 

Sacudo a cabeça para o lado me livrando dos pensamentos contraditórios dos filosóficos que estava tendo a pouco tempo atrás. Giro a maçaneta da porta da frente e na primeira oportunidade deixo minha mochila perto do tapete. Um sorriso aumenta gradativamente quando vejo meu irmão no sofá da sala tomando alguma bebida. Essa é minha hora de experimentar essa coisa que todos da minha idade são apaixonados, principalmente minha linda Morgana.

— Irmãozinho… o que faz aqui? Não tem que ir para faculdade?

Me junto a ele como quem não quer nada e me jogo no canto não mais vazio do sofá.

— É às quatro, eu tenho um tempinho antes de ir. — ele dá mais um gole em sua latinha. 

— Ah… e por acaso você tem hm… mais disso aí?

Aponto para a bebida em sua mão, ele olha para mim e depois para ela e cai na risada. No que tem de engraçado perguntar?

— O quê foi?

Good or BadOnde histórias criam vida. Descubra agora