Capítulo quinze

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— Hye, sua mãe tá lá fora... E acho que tá te procurando. 

— O quê?! Como assim? Meu senhor. 

Meu tom de pele muda, de branca fico pálida. Sinto minha pressão cair, minhas pernas ficam bambas, a sensação que tenho é de que irei desmaiar a qualquer momento.

— Calma Hye, respira. Se você desmaiar aqui e agora, vai ficar muito mais difícil de você se safar. — ele segura em meu rosto com as duas mãos, olhando em meus olhos um pouco preocupado.

— O que eu vou fazer Taeyong? É tudo culpa sua. 

— Não é hora de discutir quem é culpado ou não. Precisamos sair daqui, aliás você precisa, e eu vou te ajudar. 

— Qual é sua grande idéia dessa vez? 

— Entra aí, daqui a dois minutos você sai. — ele me empurra para a cabine. 

— E se algum homem entrar aqui? 

— Você vai ouvir. Agora tranca a porta. 

Sigo suas instruções, e me sento na privada com as pernas em cima para não correr o risco de verem que não são sapatos masculinos.

Cada segundo aqui parece uma eternidade. Por sorte até agora não entrou ninguém, conto até dez, tentando me tranquilizar. Será que o Lee vai piorar toda a situação? Deus, me ajude.

. . . 

Acho que já se passaram dois minutos, saio pisando na ponta dos pés para não fazer barulho, e não há ninguém no banheiro. Felizmente. Abro um pouco a porta, orando mentalmente que meu anjo da guarda me proteja, e que não haja nenhum homem vindo para o banheiro ou a minha mãe continuar no corredor.

Quando não vejo ninguém nos corredores solto o ar dos meus pulmões, corro para o banheiro feminino, tentando inventar alguma desculpa para minha mãe. 

Ela com certeza já veio aqui no banheiro verificar se eu estava aqui, e percebeu que não. O que eu vou dizer... Eu entro em cada uma. Tudo que estou passando é pelos meus pecados. 

A porta é aberta bruscamente, e viro para trás assustada.

— Onde você esteve a noite toda? O culto já vai terminar e você não ouviu a palavra.

Minha mãe está com o mesmo semblante de ódio como naquele dia. Eu queria fugir, me esconder, mas eu estou travada pelo medo.

— Eu… — pensa em algo Hye, sua vida está em jogo. — Estava ajudando a irmã da escola dominical, ela estava preparando algumas lembrancinhas pras crianças, e eu estava ajudando. 

Minto, e de uma forma fluída dessa vez. Taeyong sentiria orgulho de mim ou inveja.

— Eu vou procurar saber. Muito suspeito aquele drogadinho da sua faculdade, veio falar comigo sobre religião e tenho quase certeza que foi pra me distrair de algo. 

— Ah, mãe... Por que a senhora desconfia tanto de mim? Eu não tenho nenhum tipo de envolvimento com esse garoto. E ele deve tá querendo se converter por isso da pergunta.

Duvido muito, ele é ateu. Mas ela não sabe e isso é o mais importante.

— Deus terá muito trabalho com aquela pobre alma. Mesmo que ele se converta, não quero você com ele. Pode ter más influências para você. Agora vamos voltar pra igreja. 

Ela vai na frente e eu lhe acompanho, respirando aliviada, mas sem saber como vou fazer para a professora da escola dominical me ajudar nessa. 

Taeyong não está mais em seu lugar. Ele deve ter ido embora. E isso não ajuda muito, porque pode tornar tudo mais suspeito. Esse idiota, só me trás problemas, mesmo sem intenção.

Faltam dez minutos para terminar o culto de hoje. 

. . .

Quando saímos tomo um susto, esbarro de frente com Taeyong. Pensei que tinha ido embora, mas ele estava junto com outro garoto e uma garota. 

Trocamos olhares rápido e peço desculpa como se não nos conhecemos.

— Não tem problema. Boa noite. 

— Boa noite... 

Por que ele tem que falar comigo? Adora me ver nervosa, não é possível.

Ele vai embora na moto com a garota e o rapaz que estava com ele foi em outra moto. 

. . . 

— Não pense que eu acreditei 100% na sua histórinha. Vou procurar saber. Se você estiver mentindo, é porque estava fazendo algo errado com aquele garoto. Ai de você se minhas suspeitas forem reais. — ela fecha a porta e desliga a luz do meu quarto mesmo eu estando estudando. 

Como eu vou falar com a irmã da escolinha... E se ela vai topar mentir para minha mãe. 

Por que tudo na minha vida dá errado? Não tenho paz. 

Jogo o livro de lado e me deito para dormir. 

. . . 

— De nada. — Taeyong senta perto de mim no intervalo. 

— Pelo que? Por me ferrar mais com a minha mãe? 

— Santinha, não é mais simples você contar de uma vez que tá fazendo um simples trabalho? Você se envolve em mentiras por algo idiota. 

— Não é você que diz que eu deveria mentir? Ser menos medrosa? — Tomo meu suco.

— Sim, mas isso não tá ajudando só te prejudica, então a mentira não tá fazendo efeito de nada. — ele joga uma ervilha em mim.

— Olha Taeyong, eu conheço minha mãe melhor que ninguém, e eu sei que mentir é o mais indicado no momento. Ela não me quer perto de você, respirar perto de você. Se ela descobrir, eu serei uma garota morta. 

— Isso é abuso de poder, você não percebe? — Ele ajusta sua postura de preguiçoso.

— Por que você só fala bobagem? Não somos amigos, a única relação que temos é de trabalho, então não temos que ficar conversando sobre a minha vida. E mais uma coisa, não fique querendo falar comigo pra resolver alguma coisa na igreja, lá não é lugar pra isso. 

Me retiro pondo minha bandeja onde ficam os pratos sujos.

Eu sei que ele não tem culpa, mas se não posso ser sua amiga, não posso me aproximar, o que irei fazer? A minha mãe me deu ordens e para o meu próprio bem, preciso segui-las a risco. E mesmo se eu quisesse ser amiga dele, com certeza não seria uma boa influência para mim.

— Brigou com ele de novo? 

— Ele quem? — Pergunto sem desviar meus olhos do livro.

— Do Tae, claro. — Morgana diz baixo, já que estamos na biblioteca.

— Porque diz isso?  

— Porque toda vez que vocês brigam, ele fica insuportável, mais que o normal.

— A culpa é minha agora? — Viro a página.

— Não, amiga, é que é um pouco estranho você interferir tanto na mudança de humor dele.

Good or BadOnde histórias criam vida. Descubra agora