Good or Bad

Capítulo trinta e oito

Eu queria mesmo falar com ele mas não aqui ainda mais depois de vê a igreja repleta de pessoas para tomar a santa ceia. 

Meu coração acelerou e eu o senti desenfreado ao pôr a mão perto do meu pescoço. Mas mantive postura até chegar em um assento que restava apenas um pequeno espaço. É raro faltar um jovem nos dias de ceia. 

Orei ou fingi que orei, pois na minha mente só vinha lembranças claras de sexta a noite. Não houve uma pequena brecha para me concentrar em outra coisa, a não ser a que ronda meus pensamentos como jamais antes aconteceu: Taeyong.

Assim me sentei, estiquei o braço para arrumar o meu cadarço pelo menos era essa a impressão que eu queria passar para as pessoas, pois meus olhos estão buscando em meio à turba de fiéis, o Taeyong. Não é difícil reconhecê-lo no meio dessas pessoas. Ele se destaca, não pelas suas roupas totalmente diferentes dos irmãos daqui, mas pela sua presença, a energia que ele tem ao seu redor é pesada e ao mesmo tempo tão leve é gostoso estar ao seu lado sem que ao menos diga sequer uma palavra. 

A forma como não se intimida pelos olhares curiosos sempre dados a ele, principalmente hoje que há muitas pessoas que ainda não estão familiarizadas com sua visita. Ele sempre nega quando alguém tenta convencê-lo a aceitar o cristianismo, e isso acontece todas as vezes que ele vem aqui. É bem notório que ele já está cansado dessa insistência quando ao menos olha no rosto da pessoa que está em sua frente nesse momento tentando por em sua cabeça que o caminho que segue é errado e apenas o dele é o correto a se seguir. 

Taeyong é ateu, e ele só vem a essa igreja por minha causa. Já que ele deixou bem claro quando nos conhecemos que apenas visita às igrejas para ter certeza de que não tem um pingo de vontade de se converter a alguma religião. Nesse caso, ele normalmente só visita a igreja uma vez, mas cede a tortura de ouvir pregações que não deve concordar e com pessoas em seu pé sempre que ele pisa os pés aqui. Por mim.

Eu sei que é o dever deles fazer a obra, mas se o Taeyong realmente quisesse ele mesmo iria levantar a mão no final do culto quando sempre perguntam quem quer "aceitar Jesus". 

Se fosse do desejo dele, tenho certeza que o mesmo não iria precisar de ajuda de ninguém o incentivando ou lhe colocando pressão dizendo que a condenação ao inferno é sua punição por não ser como os demais que estão aqui. Há exceções, eu sei, não são todos que optam por esse método. Normalmente, assustando as pessoas e por esse motivo muitas delas concordam em ser evangélicas e depois de dois meses decidem sair.

Sei por que já vi muitos deles fazerem isso e minha mãe é uma delas.

Arrumei minha postura quando encontrei aquele pontinho preto ou seja o cabelinho preto como o sereno da noite. Não dá para ver tão bem seu rosto porque são muitas pessoas e hoje não deu para ele sentar nas bancas da frente, muitas pessoas chegaram cedo para escolher os melhores lugares. 

— Quando o culto terminar, fiquem uns minutos que temos um recado pra dar a vocês sobre os ensaios. — avisou a vice dirigente, com seu bebê no colo. Ele já está adorável, com seus dois meses de vida. O tempo passa mesmo rápido. 

Todos concordaram e minutos depois o culto deu início. Nós devemos cantar umas duas vezes hoje, já que o culto é estendido e um grupo é escolhido para cantar mais de uma vez e pelo nosso aniversário está próximo, o pastor deve nos escolher.

Não sei se é errado não sentir peso na consciência por todas as coisas que fiz nesses últimos dias ou se eu não estou tão preocupada em tomar a ceia depois de tudo. Não é correto, eu sei, porém não poderia rejeitar com a minha mãe e seus olhos de águia a todo instante observando cada respiração que dou. Se o pastor ou qualquer uma figura de autoridade da igreja souber que eu fiquei com um menino sem ter compromisso algum com ele, seria afastada do grupo e passaria uns três meses sem tomar a ceia. Isso seria um escândalo para a minha família — melhor dizendo, a minha mãe. Ela me mata e desova meu corpo no quintal de casa.