A porta é fechada e para não correr o risco, eu desço pela árvore e me encontro com Morgana.
— E ai, como ela tá?
Tento me recuperar da cena que vi.
— O estado que a vi, acho que vou ter pesadelos por umas semanas. — Bagunço o meu cabelo.
— Foi tão grave assim? Eu vou matar essa velha.
A louca da garota tenta voltar para a casa da Hye.
— O que você fumou? Se a gente falar alguma coisa ela vai saber que eu estive no quarto da santinha e é ela quem vai se prejudicar nisso tudo.
— Mas me diz como ela tá, eu tô preocupada.
— Vamos embora logo, antes que alguém nos veja aqui.
Subimos na moto e a levo até a sua casa.
— Valeu pela carona. Agora me conta. — ela começa a roer as unhas.
— Quando eu cheguei as luzes estavam apagadas e ela estava de joelho em cima de feijões e já fazia uma hora. Os joelhos dela estavam em carne viva.
Morgana faz careta ao ouvir.
— A Hye precisa denunciar essa velha, ela é uma bruxa, não pode continuar assim.
— Vamos pensar em alguma coisa pra ajudar ela, mas agora precisamos dar apoio, e fazer com que ela enxergue a realidade. — Ajeito a minha jaqueta.
— Será que ela vai amanhã?
— Espero que não, deve ser difícil andar na situação que está.
Morgana entra em sua casa e eu vou embora para minha.
Narradora Povs.
A noite de ontem foi uma das mais difíceis para Hye, a sua mãe só a liberou do maldito castigo quando as duas horas haviam se passado. A fez tomar um banho como todas as vezes que a maltrata.
Mal conseguia andar, porque quando dobrava os joelhos eles doíam. O sangue escorreu pelo ralo quando ela teve coragem de entrar debaixo do chuveiro. Se perguntava o que tinha feito de mal para merecer tudo isso. Tudo bem, que ela contou mentiras, mas se a verdade soasse aos ouvidos da mãe, seria pior. Ela não a deixaria participar do trabalho ao lado do Taeyong, e muito menos para produzir uma festa mundana. Seus pensamentos das eras das cavernas, iria prejudicar no desempenho da menina e tudo que ela fez foi por conta das suas notas.
Pela condição que estavam seus joelhos sua mãe deu permissão para que ficasse em casa. Faltar uma aula é algo raro para ela, apenas acontece quando algo do nível da noite passada acontece.
A senhora foi às compras da sexta, e Hye aproveitou para ir falar com Taeyong pelo Facebook, a muito tempo que não utilizava.
Ela foi a passos lentos até a sala de estudos, e sentou na cadeira de rodinhas. Abriu a página e buscou na memória a senha. De primeira conseguiu, e viu que tinha chegado algumas solicitações de amizade, mas ela não aceitou nenhuma. Não conhecia. Abriu o chat e mandou mensagem para o rapaz, mesmo sabendo que ele estava em aula. Ele sempre mexe no celular durante, então não há tanto problema ela enviar. Além de ser o único horário que ela tem.
— Ei, Taeyong, sou eu Hye. Eu não fui hoje para o colégio porque meus joelhos doem demais.
Ela envia, e vai olhar algumas publicações em seu feed, não há tantas porque só tem o Lee de amigo.
A resposta dele não demorou a chegar, o que lhe ocorreu um breve sorriso.
— Você está melhor? A Morgana está preocupada.
Apenas ela? Por que não admite Tae?
— Acho que sim. Consigo andar devagar, mas consigo. A minha mãe não tá por isso estou falando com você.
— Isso é um bom começo santinha, você tem que fazer as coisas que você quer. Não só que a sua mãe ordena, tu não é um fantoche.
Ela queria ter a ousadia e a coragem de Taeyong para enfrentar a sua mãe e seguir suas próprias regras.
— Te invejo, sabia? Você é tão livre, queria ter a sua coragem...
Ela digitou a mensagem tímida com receio da resposta.
— Eu irei te ensinar. Não se preocupe, não tá mais sozinha.
Uma lágrima rola devagar próximo da sua tempôra, caindo em seguida no teclado preto, ao ler. Ela sempre se sentiu tão só, nunca teve alguém para lhe ajudar. E isso é muito reconfortante. Ter amigos é acolhedor.
— Obrigada, Tae.
Foi a primeira vez que ela chamou-o pelo apelido. E lá na sala ele estava sorrindo para o celular.
— Não a de que santinha, agora eu tenho que guardar o celular.
Ele fica offline e ela repete o mesmo processo para sair do Facebook e não deixar rastros.
. . .
O fim de semana passou e os joelhos de Hye já estão melhores, ela consegue caminhar melhor, depois de por alguns curativos, anti-inflamatório, e mentir para o pai dizendo que caiu e ralou os joelhos, estava pronta para voltar à universidade. Esquecendo por um momento, que todos dali presenciaram a cena de horror quando a sua mãe foi buscá-la. Ao chegar no grande edifício, não demorou a perceber o burburinho de alunos comentando sobre ela e reparando em seus curativos.
— Não liga pra eles. — Morgana chega de surpresa e passa o braço pelos ombros de Hye.
— Você me assustou. — a garota põe a mão no peito rindo um pouco.
— Também senti sua falta. Vamos ver o Taeyong, ele estava preocupado com você.
As duas caminham até a sala com todos do corredor olhando para elas. O lado bom, é que Hye não está sozinha, a sensação seria bem pior.
— Como você está?
Taeyong levanta de sua banca apenas para dar um abraço na menina. Que lhe devolveu forte, como aquele que eles deram no quarto dela, quando tudo parecia um pesadelo.
— Estou melhor.
Ela diz ainda o abraçando, quando se afastam ficam sem graça. Através daquele abraço, Hye agradeceu ao Taeyong pela noite de quinta, e ele ficou mais tranquilo que ela esteja bem.
Taeyong não gosta de injustiça e para ele, ela é uma pobre vítima disso tudo.
— Você topa seguir as minhas instruções pra ser livre como eu? — Lee segura em sua mão esperando uma resposta positiva.
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Good or Bad
Teen FictionCriada em uma família tradicional evangélica, Hye não sabe distinguir bem o que é melhor para si mesma sem ser baseado nas coisas que sua mãe fala. Ela concluiu o ensino médio, mas agora sua nova jornada é numa universidade onde tudo irá mudar. Con...