Capítulo dezenove

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Por enquanto está tudo indo bem. Hoje vamos informar a turma sobre quanto eles terão que pagar para a festa.

Nós vamos comprar as coisas, e os outros grupos de decoração vão nos ajudar a montar tudo. O que eu não faço por nota?

. . .

— Vou deixar você como tesoureira, o que acha? — Seus lábios dão um meio sorriso.

— O que? Só se for pros alunos me fuzilaram, você sabe que eles não me querem responsável por isso. — sento perto dele na cantina.

— E você se importa com o que esse bando de pirralhos pensam? E eles não vão saber. É melhor você ficar, do que confiar em mim. — um olhar fugaz, atravessa seu rosto.

— Você seria capaz de gastar o dinheiro? — Tomo meu leite de banana.

— Apenas não confie em mim.

Nossos olhos se fitam.

— Eu já não confiava. — dou uma risada com escárnio.

— Faz bem... — Seu celular toca. — É importante, na sala a gente se fala.

Ele mal tocou na comida. Quanto desperdício. Morgana senta no lugar vazio que antes era do Taeyong.

— Só coisas gostosas ele comprou na cantina. — ela come os lanches dele.

— Morgana, você nem sabe se ele vai comer isso. — tento tirar a bandeja dela, mas ela me impede.

— Ele saiu no telefone, não vai voltar nem tão cedo. Melhor pra mim.

— Você é louca. — termino meu lanche.

— Porque está preocupadinha com ele? — Ela faz uma dancinha na sobrancelha dando um sorriso de lado.

— Preocupada com o que? Eu só comentei. — Faço careta.

Saímos da cantina depois da Morgana pegar todo o lanche do Lee.

— Sei, sei. 

. . .

Taeyong deu o aviso como de costume, nós já tínhamos dividido a quantia para cada aluno, tirando a mim claro que não virei, o restante da turma virá para a festa. 

O que é bom, e torna o valor ainda menor para pagar. 

Nenhum questionamento foi feito sobre a quantia e o prazo foi dado. Até segunda eles tem para nós entregar o dinheiro. E na segunda mesmo nós vamos comprar as coisas. Terça começamos a organizar, e a festa será na quinta. Em dois dias acho que terminamos de arrumar a parte do colégio que nos foi dada. E poucos dias para me livrar de vez dos compromissos com Taeyong. Mas, digamos que ele não seja tão desagradável, claro, quando não faz suas piadinhas fora de hora, ele se torna alguém que dá para se lidar. 

Não podemos prosseguir com essa "amizade" ou companheirismo de uma dupla, por conta da minha mãe. Eu já menti demais por causa disso, e eu quero ficar em paz com o senhor. E mentir não é a melhor maneira.

. . . 

— Ei, Hye, como foi ontem com o Taeyong? — Morgana põe um braço em volta dos meus ombros enquanto vamos em direção à saída.

— Foi normal. Não houve brigas. 

— Você seguiu meus conselhos? Dá uma oportunidade de conhecer ele?

— Olha, conhecer, conhecer, não mas de tratá-lo melhor sim. Pelo bem do trabalho.

— Claro. Mas eu acho que vocês deveriam mesmo se conhecer melhor, sabe? 

— Não vai começar com os seus shipps loucos né? — Torço o nariz. 

— Não, não. Mas tenta, vai. Pelo menos um pouco, até amanhã.

Ela me abraça, e eu vou em direção ao meu ônibus. Essa garota não tem jeito mesmo, é cada ideia louca, deveria ser amiga do Taeyong.

. . .

Dias depois... 

Os itens que compramos ficaram na casa do Taeyong. Eu espero que ele não tenha quebrado, perdido ou dado a alguém. Como me disse, não dá para confiar nele.

— Você trouxe tudo? 

Corro em sua direção depois de ter esperado meia hora pela criatura.

— Sim, vou pegando aos poucos, está lá no porta malas do meu pai.

Ele parecia meio sério ou chateado. E foi colocar as coisas no salão de festas da universidade.

Tento saber qual veículo é o do seu pai para poder ajudar com as coisas e vejo alguns garotos da equipe pegando os itens que compramos.

— Boa tarde senhor, eu vim buscar as coisas pra levar ao salão...

Dou um sorriso amarelo, eu não podia simplesmente ir pegar as coisas no carro do homem sem nem falar. 

— Certo. — ele diz sem ao menos me olhar. Já percebi de onde vem tanta frieza. 

Começamos a levar tudo para dentro até não sobrar nada.

— Vê se faz alguma coisa que preste agora Taeyong, não me decepcione mais.

O homem diz ao filho, e eu fico aterrorizada com o que ouço. Eu sei que a minha mãe me diz coisas horríveis, mas não na frente das outras pessoas. Isso é muito vergonhoso.

O senhor vai embora depois de fechar os vidros fumê de seu carro.

O clima ficou tão pesado.

— Taeyong... 

Seguro o ombro dele, mas ele se afasta e vai para dentro da universidade.

O que será que aconteceu? 

Não é problema meu, mas eu sei o quanto dói as coisas que nossos pais dizem e acho que nem o Lee merece passar por isso.

Ele já está organizando as coisas e eu resolvo lhe ajudar. É para isso que estou aqui. Mas eu queria falar, perguntar se está tudo bem, porém sinto que não tenho o lugar de fala para isso. Não temos tamanha intimidade, para ele poder contar sobre seus problemas. 

— Eu sei o que está pensando. — ele quebra o silêncio, me fazendo tomar um susto, estava dispersa em meus pensamentos.

— Você lê mentes agora? Que legal. — forro uma das mesas.

— Sim, e sabe o que eu li? Que você está querendo perguntar sobre o que ouviu. — ele realmente sabe o que estou pensando.

— Não precisa me contar se não quiser. Isso é muito pessoal.

— Eu não vou contar. Pelo menos não tudo. Mas deu pra perceber que eu e meu pai não nos suportamos. — ela diz amargamente.

Ele põe algumas coisas penduradas na parede.

— É, infelizmente. Eu não sei o que você já passou mas que essa barra passe logo pra você. — me aproximo dele.

— Já faz tanto tempo que isso acontece, que eu não sei se o que você me deseja vai acontecer. — Taeyong encosta na parede com os olhos fechados.

— O importante é você estar bem. Se ele não te entende, o problema deve estar nele. Mas nunca deixe de ser você mesmo. — me encosto na parede junto a ele.

— Obrigado, santinha. Eu nunca pensei que nós teríamos um momento com uma bandeira branca como agora. — A sombra de um sorriso toca seus lábios.

Mesmo chateado, me faz rir e eu admiro sua força. 

— Que bom que consegue sorrir em momentos como esses. Normalmente eu fico devastada.

— Você tem muitos problemas com a sua mãe?

Eu queria poder contar tudo, desabafar, chorar na frente dele. Mas eu não consigo, se ele me achar uma boba? E se eu mereço tudo que venho passando?

— Pessoal, vocês têm mais forros de mesa?



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