Good or Bad

Capítulo vinte e cinco

Taeyong não gosta de injustiça e para ele, ela é uma pobre vítima disso tudo. 

— Você topa seguir as minhas instruções pra ser livre como eu? — Lee segura em sua mão esperando uma resposta positiva. 

— Sim, eu quero viver livremente e recuperar o tempo perdido. — sorrio ao dizer minhas vontades. Eu estava mesmo disposta a saber tudo que o mundo poderia oferecer de bom. Quero sentir vontade de viver mesmo tendo um monstro dentro de casa que me limita a isso.

— Aí garota eu tenho tanta coisa pra te contar sobre a vida. — Morgana passa os braços por meus ombros.

— Vai ser um ótimo papo, mas eu ainda preciso ser a nerd de sempre. — digo quando vejo o professor chegar.

Nos sentamos nos nossos lugares.

Poderia eu, finalmente, conseguir aproveitar a vida do jeito que sempre mereci? Estou tão curiosa e eufórica em adquirir experiências novas, sair da bolha que sempre vivi. Ouvir outras verdades, novas teorias, e conselhos de vida dos meus novos e únicos amigos. A sensação de ter alguém que realmente se preocupa com você sem ser algum familiar seu, parece que nasci novamente. Apenas sinto gratidão.

. . .

— Vamos começar pelo básico! — Morgana é a mais empolgada de nós três. Ela parece mesmo ter muitas coisas a me contar. 

— Pode dizer. — me sento ao lado dela na grama da universidade. Nunca pensei que eu estaria aqui, com alguém. 

— Você já beijou? — Ela morde o lábio ansiosa pela resposta.

Baixo a cabeça tímida com a resposta que darei. Mas não parece óbvio que nunca beijei alguém antes? Nunca tive um namorado para isso.

— Não, Morgana. Achei que era óbvio.

— Na verdade, é bem óbvio. — Taeyong provoca ao meu lado. 

— Prefiro você bem mais quando está calado ouvindo suas músicas. — dou uma cotovelada em seu braço.

— Pra começar a sua mudança, você precisa dar o seu primeiro beijo, como quer sair do casulo sem nenhuma experiência? Alô, você tem 19 anos! — Exclama Morgana e eu quase imploro para que ela não diga essa informação tão alta, as pessoas não precisam de mais motivos para falarem de mim.

— Mas assim tão rápido? E quem eu vou beijar? — Meu estômago embrulha em ansiedade. Isso é um passo importante para alguém. De quinze anos.

— O Taeyong é claro. — Ela diz como se fosse algo normal a se sugerir.

— E por que tem que ser eu? — Ele parece um pouco surpreso, talvez ofendido.

Ei!

— Olha Taeyong, você foi a última pessoa que passou na cabeça então não se ache tanto. — me mantenho indiferente a ideia. Mesmo que ele tenha me ajudado muito até aqui e ainda continue, eu não sinto vontade de ficar com ele. Não sei, não o vejo com esses olhos. Talvez eu me apeguei apenas à versão amigável dele e prefiro assim.

— Ok, vamos procurar por um pretendente pra tirar esse seu BV.

Ele levanta limpando a calça.

— Espera, vocês vão sair perguntando se alguém quer ficar comigo? Isso é tão humilhante.

— Relaxa, vamos só perguntar, não dizer que você é afim de alguém. Espera aí sentadinha que a gente já volta. — Morgana diz, e eu me encolhi no chão.

Eles estão loucos ou o quê? Sair por aí perguntando, como se eu estivesse desesperada para beijar alguém. Mesmo que tenha imaginado algumas vezes como deve ser dá o seu primeiro beijo, não queria que fosse assim, com um desconhecido. Talvez eu sonhe demais com algo perfeito, que não existe. Talvez eu precise encarar a realidade.

Mas não desse jeito! Não irei beijar quem, for lá que seja que eles arrumem por aí.

Noto as pessoas me olhando e comentando alguma coisa. Deve ser sobre a minha mãe ter me puxado pelo cabelo na frente de todos eles. E de como nenhum — a não ser os meus amigos — se sensibilizou para me ajudar. Apenas comentam sobre isso, como se fosse alguma fofoca.

As pessoas, a grande maioria delas são desprezíveis.

. . .

— Achamos alguém! — quando ouço a voz do Taeyong por perto, me levanto de imediato. Já pensando em dizer não.

Quando eu olho para a pessoa que ele tinha me arrumado, meu estômago embrulha. O Ha-jun? Eu não sou o tipo de pessoa que se importa apenas com a aparência. Mas ela é essencial quando você só quer beijar a pessoa e depois fingir que nada aconteceu.

O menino transpirava em ansiedade, vestia uma calça jeans e um moletom em dias quentes. Mas eu não sou ninguém para julgar, para deixar bem claro. Até porque olhando para as minhas vestes elas não são lá essas coisas. Mas o problema estava ali. Naquele aparelho. 

— É… Morgana, eu posso falar com você um minuto? — seguro em seu braço e ela parece saber o que eu vou falar.

— Eu sei, desculpe, foi o que conseguimos encontrar. Mas quando você se transformar, vai vim multidões atrás de você.

— Eu quero sim mudar. Minha aparência, por que eu não me encontro, não me acho bonita nessas roupas. Mas não quero mudar pra que os meninos reparem em mim. Eu particularmente não estou atrás deles.

— Entendo meu bem, você está atrás dele. — ela faz gesto com o queixo para o Taeyong que está vindo até nós.

— Muito menos! 

— Já decidiu santinha? — Ele passa o indicador no queixo e o piercing em seu lábio balança e de maneira misteriosa eu estou presa nessa visão 

— Eu não vou ficar com ele, eu posso não ser tão linda quanto essas jovens universitárias, mas não estou desesperada ao ponto de beijar o primeiro que aparece. Por favor diga que foi apenas uma brincadeira sua de mal gosto.

Caminho para longe deles. Mudar é mais difícil do que eu pensei. Eu sou seletiva, por que isso é importante para mim. Eu quero ter uma conexão com a pessoa que irei beijar, por mais idiota que isso possa ser. É a minha vida, é o meu primeiro beijo.

. . .

O sinal tocou para que a gente possa retomar as aulas. 

Evito falar com Morgana e Taeyong. Eu sei que eles querem me ajudar, mas é difícil. Preciso de forças, combustão. É tudo tão recente, eu não quero sentir esse peso ao mudar, eu quero me sentir livre. 

— Desculpa santinha, eu acho que a gente acabou se empolgando. O que pra nós não significa nada, pra você deve ter um peso enorme. Eu pensei bem, e acho que quero ser o primeiro a te beijar.