Lee Taeyong
O ruído branco vindo do monitor cardíaco faz meu coração bater mais rápido que o seu, por que acabo lembrando do inferno que foi ontem.
Ouvi o estalo da porta se fechando quando eu a empurrei com a porta e como se já soubesse que era eu, Hye inclinou o rosto que antes estava exposto a luz que vem da janela, e agora está na minha direção. O sorriso dela aumentava a cada passo que eu dava e não sei por que estou indo tão devagar. Acho que quero me convencer que ela está bem.
Não sei se é uma boa está aqui, eu não sei qual tipo de relação a gente tem. Da última vez que nos falamos ela queria um tempo e todo mundo sabe que é a mesma coisa que terminar, só que com pena. No fundo eu sabia que não duraríamos muito.
Arrastei um banco de madeira que estava perto da parede e coloquei de frente a sua maca. Ouço o barulho chato do monitor cardíaco aumentando, sinal que ela está nervosa por me vê. Quem diria santinha, é bom saber…
Ergui minha calça antes de me sentar e a encarei. Seu sorriso era menor mas ainda estava ali, para mim. Cocei a garganta e de mansinho toquei sua mão. Estava gelada e tentando ser o mais gentil possível, eu entrelacei meus dedos nos seus.
— Como você está?
Agora faz mais sentido perguntar-lá. Ontem não havia condições para que ela pudesse me responder.
— Quem é você? — Perguntou Hye, séria.
Estranhei sua pergunta e dei um riso frouxo. Como ela não se lembra de mim e dos outros sim?
— Tá brincando né?
— Ah… você é aquele garoto bonito de pele alva que me pegou nos braços e me tirou do chão frio da cozinha.
A encarei por segundos, incrédulo. Não é possível que ela tenha esquecido de mim. É totalmente absurdo.
— Como você não se lembra de mim? Justamente de mim e dos outros dois sim? — Cruzei os braços já imaginando ser uma brincadeira de mal gosto. Que ela esquecesse da família dela, menos de mim.
— É brincadeira, bobinho. Como eu poderia esquecer de você?
Ela segurou minha mão e eu me afastei. Com esse lance de memória não brinca, não consigo imaginar o que eu faria caso isso acontecesse.
— Bonita piada, aprendeu com quem?
Apoiei minhas mãos no banco, de cada lado da minha coxa.
— Desculpe, eu só queria vê sua reação caso eu não lembrasse de você. Eu queria ter esquecido de tudo, seria menos doloroso lembrar quem me fez chegar aqui. Mas eu perderia boas memórias e a grande maioria delas foi com você. Então se eu pudesse escolher, eu sofreria com todas as memórias ruins, pra preservar as boas que tenho contigo. — Disse Hye sem olhar diretamente nos meus olhos e penso no grande esforço que está fazendo para dizer tudo isso.
Gosto de vê-la se expressar, sem deixar que as coisas que quer me dizer apenas nos seus pensamentos. Ela mudou muito.
— Tá, eu perdoo a sua gracinha. Mas me deixou preocupado, imagina ouvir de alguém que você… se importa, que ela não tem nenhuma lembrança de você? Brinque comigo, mas não com meu coração. — Prendi seu nariz entre meus dedos por alguns segundos e depois acariciei sua bochecha. Ela está branca como um papel, mas continua bonita e atrativa com seu olhar tímido e doce para mim. Apenas para mim.
— O roqueirinho da universidade se importa com alguém? Chega a ser um privilégio. — Ironizou a nova branca de neve, enquanto descansava o rosto na palma de minha mão.
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Good or Bad
Novela JuvenilCriada em uma família tradicional evangélica, Hye não sabe distinguir bem o que é melhor para si mesma sem ser baseado nas coisas que sua mãe fala. Ela concluiu o ensino médio, mas agora sua nova jornada é numa universidade onde tudo irá mudar. Con...