Seria tolice pensar que o que aconteceu comigo iria por isso mesmo como das últimas vezes, já que antes eu não podia recorrer a ninguém e achava que as agressões que sofria eram para o meu "bem", como um castigo de Deus.
Nem mesmo conseguiria agir como se nada tivesse acontecido, eu poderia ter morrido… se mamãe está na delegacia esperando apenas pelo meu depoimento para ser condenada na leis dos homens, eu irei o mais depressa possível.
— Pode me contar o que aconteceu quando eu fiquei desacordada? — Seguro no braço de Jisung, para que pudéssemos conversar melhor.
— Ligamos pra polícia e pra ambulância, mas Taeyong deu a ideia de chamar a Morgana e eles dois te levaram pro hospital enquanto eu vigiava nossa mãe… pra que ela não fugisse.
Narrou Jisung enquanto pegava o capacete de sua moto. Não fazia ideia de que como Taeyong, ele também tinha uma moto.
— Então… ela tá na delegacia desde que eu vim pro hospital… o que o papai disse?
— Nada, eu não falei com ele e nem quero falar com aquele desgraçado.
Com ódio em seu olhar, ele colocou o capacete e subiu em sua moto.
Jisung não quer ouvir o lado do papai, mas eu sim. Nós estávamos tão próximos antes de tudo acontecer, não sinto que ele saiba de fato tudo que mamãe fez comigo. Quero acreditar que pelo menos o meu pai não me odeia.
— Você vem comigo princesa, carros são mais seguros que motos. — Morgana me puxou para perto segurando em minha cintura.
— Conversa fiada. — Alfinetou de longe Taeyong, também pronto para ir a qualquer lugar em sua moto.
— É melhor ir com você, o capacete pode machucar meus curativos. — passo a mão em minha cabeça sentindo o tecido poroso em alguns lugares.
— Pois é, pode ir entrando. — ela abre a porta para mim, e eu me acomodo no banco do passageiro, logo em seguida coloco o cinto de segurança.
— Quais são as horas?
— Quatorze e vinte três. Por que? — Inquiriu ela depois de verificar seu relógio de pulso.
— Você e o Taeyong não deveriam estar na universidade agora? A gente só é liberado às três horas.
Morgana me dá um sorriso falso antes de dar partida no carro. Continuo encarando-a. Entendo que tenham vindo apenas para me ver, entretanto não quero que percam aulas por minha causa, um dia perdido na universidade é como uma semana inteira sem conteúdo. Não quero que se atrasem nas matérias por mim. Já basta eu que estou totalmente atrasada com todos esses dias internada no hospital.
— Tiramos um dia de folga pra te ver. Não poderíamos perder esse momento.
Atenta a pista ela começa a me explicar.
— Não deveriam perder tempo comigo, é muito difícil recuperar o assunto que perdeu mesmo sendo por um dia. Os professores não esperam por nós e nem nos ajudam. Não faço a mínima ideia de como vou recuperar todo o tempo perdido no hospital.
— Não fale como se fossemos obrigados a estar aqui com você. Pra tudo tem um jeito não é? Nós daremos um jeito de pegar o assunto de hoje e eu te ajudo com as minhas anotações, dos dias que você não pôde ir. A faculdade está ciente do que aconteceu contigo amiga, eles devem te ajudar.
Com seu sorriso abrilhantador ela me acalmou e me fez sorrir também. Contemplei a vista da janela, buscando a tranquilidade que preciso para poder depor contra a minha própria mãe. Depois de tudo que ela fez comigo, com meu irmão… é o mínimo, porém, sinto como se estivesse traindo quem me deu a vida, enfrentando quem tanto eu amei, que busquei aprovação. Não é algo simples, mas também não posso deixar que ela continue me fazendo mal, continue influenciando nas escolhas que faço, no meu futuro e do meu irmão. Quero que nós dois, depois de tudo que passamos e enfrentamos que tenhamos uma vida melhor, que sejamos felizes por que é isso que merecemos a muito tempo.
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Good or Bad
Teen FictionCriada em uma família tradicional evangélica, Hye não sabe distinguir bem o que é melhor para si mesma sem ser baseado nas coisas que sua mãe fala. Ela concluiu o ensino médio, mas agora sua nova jornada é numa universidade onde tudo irá mudar. Con...