Capítulo sessenta e dois

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Depois de uma experiência não tão agradável em conhecer o meu sogro e entender um pouquinho do que Taeyong pode ter passado ao morar com aquele senhor, não havia brechas para encaixar a notícia que meu aniversário estava se aproximando. Próximo demais no momento, eu diria. Amanhã, domingo, dia quatro de dezembro é meu aniversário e do meu irmão. De outubro para dezembro foi um pulo e tanto. 

O tempo deve ter passado despercebido por mim por conta da imensa correria desde a semana de provas, depois da memorável festa de halloween. Nos passaram quantidades absurdas de trabalhos, relatórios individualmente. A compaixão que antes tinham conosco desapareceu e a universidade parecia um campo de guerra, mas a luta era dos alunos contra as atividades. Se deixasse um pouquinho para depois, tudo iria se acumular e tornar-se uma robusta bola de neve que iria crescer ainda mais com o tempo. É fim de ano, é compreensível a correria porém até mesmo para mim que sempre dei tudo de mim para os estudos estou achando uma pressão absurda. Mas felizmente iremos finalizar o segundo semestre. Já é um bom caminho andado.

Com tantas coisas acontecendo simultaneamente, não houve uma brecha para falar sobre o meu aniversário. Não apenas eu estava sob pressão, como os meus amigos. Morgana precisou diminuir a frequência que encontrava o namorado para pegar o ritmo da coisa. Tentei como pude ajudá-la, mas eu não podia me atrasar, ela tinha dificuldades em assuntos antigos que caíram, já eu estava com problemas nos novos.    

— É fim de semana, irmã, o que faz trancada nesse ninho? 

Pisco os meus olhos com uma voz que a minha audição tem dificuldades de identificar de início. Me mexo um pouco resmungando sentindo dores no meu corpo… o que aconteceu? Sinto minha respiração abafada e passo a mão no meu rosto tirando um livro de cima da minha cara. Agora é minha visão que dói com a imensa claridade que as cortinas brancas não conseguem conter. Abro um olho depois o outro com as pálpebras tremendo.  Estou tão cansada que eu ibernaria por um ano inteiro.

— Jisung? Você por aqui? 

Coço os meus olhos assimilando a figura masculina na minha porta. Apoio minhas mãos em cada lado do meu corpo para ter impulso para levantar e minha palma repousa sobre uma textura fina… olho para baixo e vejo uma quantidade imensurável de folhas sobre o chão. E as recordações do que eu estava fazendo antes de pegar no sono, voltam aos poucos. 

— Não pude vir muito pra cá por causa da faculdade. Tô fodido com uns trabalhos mas eu me viro. Parece que tão pegando pesado com você também. 

Ele estende a mão para mim e eu aceito. 

— Valeu. É, tão nos fazendo escravos. 

Com seu aperto em minha mão ele me dá o impulso que preciso para me levantar. 

— Sai um pouco dessa bagunça que você chama de quarto. Eu tenho uma coisa pra te mostrar. 

O resquício de sono vai embora quando ele faz suspense. Me espreguiço um pouco e o sigo até o andar de baixo. 

A curiosidade é aguçada em mim, ainda mais quando vejo um embrulho no sofá. Não me diga que é um presente… eu disse a ele que não queria nada.

— O que é? — Pergunto receosa.  

— Abra, e vai descobrir. 

Inspirei fundo tirando alguns fios que estavam grudados no meu rosto por conta do peso do livro. Sento ao lado da caixa média branca que tem um laço bonito e vermelho no meio. Independente do que for, eu não vou aceitar. Não poderia.

Meus dedos tocam o laço de cetim e com apenas um puxão o laço está aberto. Retiro a tampa vendo outra caixinha dentro. Agora menor e sem laços. Retiro mais uma tampa e meus olhos se arregalam e minhas mãos estão pressionadas sobre minha boca.

Good or BadOnde histórias criam vida. Descubra agora