Congelei no mesmo instante que ouvi uma voz familiar. Fazia um tempo desde que Taeyong mandou ele ficar longe de mim que não ouvia sua voz tão próxima de mim. Nós fazemos cursos diferentes na mesma universidade e nossos caminhos costumam não se cruzar tão facilmente. Ou costumava.
Senti calafrios quando arrecadei coragem de algum lugar e consegui olhar para ele e vi um sorriso torto em seu rosto. Olhei para trás querendo que aquela abordagem não fosse comigo, mas não havia ninguém próximo de mim há não ser ele. Não tenho medo, medo dele, mas é alguém que eu manteria uma certa distância depois de não ter aceitado muito bem que eu estava terminando algo com ele.
— Sim?
— Eu queria te contar uma coisa, mas pra isso você teria que ir ali comigo. — ele colocou a mão ao lado da boca e disse baixo: — Não é algo que se fale em público.
Enruguei a testa na dúvida do que ele poderia me contar que teríamos que nos afastar. Não confio nele o suficiente para que me leve a algum lugar mas sinto que isso tem haver com o Taeyong.
— Não acho que seja uma boa ideia.
— Uma hora você vai ter que me ouvir, vai te interessar muito Hye. Não tenha dúvidas disso.
Ele deu um aceno de cabeça para mim ainda com aquele mesmo sorriso esquisito e partiu na direção oposta da minha. Tem um lado fofoqueiro meu que está se matando de curiosidade para saber o que ele tanto está fazendo suspense, mas também temo o que ele possa fazer comigo longe das pessoas. A desconfiança que desenvolvi graças a minha mãe, foi beneficente neste momento.
> . . .
Quinta-feira
19:49 da noite
Igreja Matriz.
Park Hye
Mais um dia no meu ciclo se repete.
Evito até olhar para o Caleb para que a Jenna e suas amigas não surtem achando que eu estou num tipo de flerte com ele, por olhares. Se a minha mãe sonhar que Taeyong já esteve em minha casa, principalmente no meu quarto, eu não sei qual o castigo que ela me daria dessa vez.
Apanhar com mangueira? Com folhas que tem espinhos e colocar sal pelas feridas e me deixar sangrar dentro do banheiro enquanto a água quente, quase pelando abre ainda mais as feridas deixando-as em carne viva.
Isso seria algo que ela poderia facilmente planejar, principalmente nesse tempo que ficou tão boazinha. Não subestimo os castigos de minha mãe e de suas vinganças.
A parte boa dos ensaios e — que Deus me perdoe por pensar assim — são os intervalos de dez minutos para que todos em duplas possam fazer suas necessidades fisiológicas. Certamente não podemos demorar muito, pois eles vão atrás da gente saber o motivos de demorarmos tanto. Houve um tempo que eu era a encarregada de entregar os adolescentes do meu grupo que estavam de conversinha pelos corredores ou salas da igreja. Eles me odiavam e eu era conhecida como a X9. Me sentia mal por ter que estragar a felicidade das pessoas, fazendo coisas assim, mas era a responsabilidade que eles me deram e eu tinha uma necessidade gigantesca de agradar os meus superiores e eles me elogiarem por alguma coisa.
"Bom comportamento, menina educada e prestativa, doada a servir ao senhor e ao seu futuro marido."
Esses eram alguns dos elogios que eu recebia principalmente nas reuniões que tinham com os pais. Sempre fazia questão de ir com a minha mãe, eu gostava de ser elogiada, de que notassem o meu esforço. Já que isso não era comum de acontecer na minha casa. Quanto mais eu me doava no colégio e nos serviços domésticos, ainda sim nada estava bom para a minha mãe. Fazendo assim, que eu procurasse esse tipo de apoio e acolhimento nas pessoas de fora. Por isso que eu entregava os outros adolescentes para os meus dirigentes. Busquei atenção que não recebia e por esse comportamento, muitas pessoas não queriam ser meus amigos ou se aproximar de mim.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Good or Bad
Teen FictionCriada em uma família tradicional evangélica, Hye não sabe distinguir bem o que é melhor para si mesma sem ser baseado nas coisas que sua mãe fala. Ela concluiu o ensino médio, mas agora sua nova jornada é numa universidade onde tudo irá mudar. Con...