Capítulo 4

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Desfrutem <3

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Herrera demorou alguns minutos, mas logo se dirigiu ao seu escritório, quando chegou a mulher já estava lá. Cabelos loiros compridos iam até o meio das costas, de olhos azuis claros, face delicada, mas um olhar extremamente forte. Ele teve a impressão que a conhecia de algum lugar, mas não conseguia se lembrar de onde. Ficou um pouco incomodado, pois geralmente se lembrava de tudo, no entanto, podia ser apenas uma impressão. Ele estava sério e desconfiado.

Ao vê-lo entrar, a mulher olhou-o fixo, como se também o estivesse analisando. Cabelos escuros, levemente ondulados e um pouco grisalhos, bem arrumado, não era musculoso, mas tinha corpo bem cuidado, atraente, olhos verde oliva e doces como o de um anjo. De alguma forma, mesmo estando visivelmente ansiosa, aquele olhar lhe trazia paz e calma. Ela estava estática.

– Carlos, está dispensado. – Herrera disse ao entrar na sala.

– Tem certeza senhor? – Questionou, claramente não confiava na mulher.

– Sim. Qualquer coisa eu chamo.

– Sim senhor. – Carlos, o segurança, se retirou da sala sem retrucar, fechando a porta por trás de si.

Herrera deu a volta na mesa e sentou-se em sua cadeira. A mulher já estava sentada na cadeira em frente a mesa. Estavam calados como se ainda estivessem analisando um ao outro. Percebeu que a mulher o olhava fixamente nos olhos, enquanto ele lia toda sua expressão corporal. Ela parecia tensa, e eles trocavam um olhar duro e sério. O que pareceu uma eternidade, na realidade durou alguns poucos segundos, e ele logo quebrou o silêncio:

– Me disseram que não se identificou na portaria.

– Me chamo Anahí Portilla. – Disse seca. – E tenho um assunto de extrema importância para tratar com você.

Todos chamavam o de "senhor", era completamente desconfortável alguém tratá-lo como "você", mas ele não iria corrigir ela agora. Queria saber de uma vez do que se tratava e dispensá-la, não era sempre que conseguia um tempo livre para ficar com sua filha, e queria aproveitá-lo ao máximo.

– Estou ouvindo.

– Há seis anos atrás a sua esposa sofreu um acidente de carro enquanto estava grávida. – Anahí pode perceber a postura do Herrera mudar quando ela falou sobre o assunto, se antes estava com um olhar duro e sério, agora seu corpo todo se tencionou. – E ela foi levado ao hospital Kindret em estado grave, lá ela deu a luz a uma menina.

– Sim, nada que eu já não saiba. – Ele respondeu ríspido.

– Naquele mesmo dia eu estava no mesmo hospital, eu passei mal e tive que entrar em uma cesária de emergência. Eu também dei a luz a uma menina.

– Você pode chegar ao ponto de uma vez por todas? – Ele já estava irritado, falar de sua esposa falecida o deixava muito incomodado, principalmente no dia do aniversário da sua filha, que também era o aniversário de morte de sua esposa.

– Há algumas semanas eu descobri que a minha filha tem leucemia mieloide aguda, – o rosto de Anahí entristeceu instantaneamente ao lembrar – e como ainda está em estágio inicial, ela tem grande chance de cura com o transplante de medula óssea. Geralmente a maior compatibilidade é entre irmãos, mas existe uma chance maior de pais serem compatíveis com seus filhos do que conseguir um doador na fila de transplante. Porém quando eu fiz o exame, eu descobri que não apenas eu não era compatível, como também descobri que eu não sou a mãe biológica dela. – Anahí então começou a chorar. – Eu me desesperei, mas eu preciso salvá-la. Ela é minha filha e isso é muito mais forte que meu sangue. Então eu contratei um detetive para saber o que havia ocorrido, e descobri que nossas filhas foram trocadas após o parto. Eu, eu nem sabia como chegar, como falar isso, eu nem sei o que fazer... – Anahí a essa altura já não parecia mais braba, na realidade estava totalmente vulnerável e muito confusa. – Mas você é a única chance dela, a melhor chance dela. Eu preciso que faça o teste de compatibilidade.

Herrera estava estático. Aquilo não podia ser verdade. A menina que estava no andar de cima se arrumando para a festinha de aniversário era sua filha. Tinha que ser. Não podia confiar em uma estranha desesperada que praticamente invadiu sua casa e começou a falar um monte de mentiras.

– Você está louca. – Foi a primeira reação dele. – Você vem aqui no dia da morte da minha esposa, no dia do aniversário da minha filha, e vem dizer que minha filha não é minha? – Herrera tremia, apenas não sabia se era de medo ou de raiva. Ele pegou o telefone discou alguns números. – Carlos, tire essa maluca da minha sala, se preciso, chame a polícia. – Ele bateu o telefone.

– Eu não sou louca...

– Não, é uma mãe desesperada. Você não foi compatível com a sua filha, e inventou essa mentira descabida para poder ter alguma esperança. Julia Herrera é minha filha. – Ele frisou. – E você precisa se tratar, precisa de ajuda psicológica.

– Eu tenho provas. – Chorando copiosamente ela tirou vários papéis e jogou sobre a mesa do escritório de Herrera.

– Eu não quero suas provas.

Carlos chegou em seguida e tentando conter Anahí, enquanto ela se debatia para poder seguir a conversa com Herrera. Porém o homem era forte e conseguiu começar a arrastá-la para fora da sala.

– Pode me deixar, eu sei andar sozinha. – Disse para Carlos se acalmando, secando as lágrimas, antes de sair, ela apenas olhou para Herrera. – Se eu estiver certa, e não alucinando como você pensa, você pode estar condenando sua filha a morte.

Anahí deixou a sala de Herrera escoltada pelo segurança e em seguida sua mansão. Por fora parecia forte e irritada, mas por dentro ela estava destroçada e com medo de perder sua menina.

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E aí, quem acertou de cara que seria a Anahí? Quem aí já começou o quiz com pé direito?

O que acharam do capítulo de hoje? A reação do Poncho foi exagerada ou esperada?

E o quiz de hoje é: Quanto tempo vai levar para o Poncho voltar atrás e ir falar com a Anahí?

A) Algumas horasB) Alguns diasC) Algumas semanasD) Alguns mesesE) Ele não vai voltar atrás

A resposta no próximo capítulo! Até breve!

Coincidence Of Love ✖ AyA {finalizada}Onde histórias criam vida. Descubra agora