Capítulo 36

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Desfrutem ♥

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Quinze dias depois...

Alfonso estava enfurnado em seu escritório, precisava trabalhar, tinha que manter sua mente ocupada e ao mesmo tempo distraída, era a única maneira de seguir em frente. Sua concentração, que já não era a mesma, foi quebrada com a porta se abrindo sem permissão, ele já estava pronto para espraguejar quando levantou os olhos e reconheceu quem invadia sua sala.

– Oi filho!

– Oi mãe!

Por uma fração de segundos sentiu-se mais leve. Mesmo sendo adulto, ter sua mãe ali era reconfortante. Lhe passava um pouco de segurança. Ele já quase não dava conta de lidar com tudo que estava acontecendo em sua volta. Ele tirou os óculos, se levantou e foi até ela, que o recebeu com um abraço apertado, eles ficaram assim por um par de minutos.

– Como você está meu filho?

– Cansado mãe.

Isso era visível, as olheiras sob aqueles olhos verdes demonstravam seu cansaço. Assim como a perda de peso e a postura baixa.

– E como está Anahí?

– Na mesma. – Ele disse com pesar.

– Desculpe ter demorado tanto a voltar, juro que tentei voltar o quanto antes.

– Tudo bem mãe, eu sei que tentou. – Ele suspirou. – Mas a senhora está aqui agora. E confesso que isso me deixa aliviado.

Herrera convidou a mãe a sentar-se no sofá de seu escritório, ele se sentou juntamente a ela. Logo estavam conversando sobre os últimos acontecimentos e ele estava podendo desabafar enquanto lhe contava tudo que havia ocorrido nas duas últimas semanas. Ainda sem se dar conta, logo ele estava choroso.

– Quando eu vi ele naquele caixão. Era tão pequeno. O caixão não tinha nem um metro inteiro, meu bebê tinha apenas quarenta e cinco centímetros. – A lembrança era torturadora. – Ele era tão pequeno, tão bonito, ele parecia um pouco comigo, um pouco com Laura, e pode parecer estranho, mas parecia com Anahí também. – Ele deu uma pausa, sentia um nó na garganta. – Eu acho que nunca vou esquecer da cena dele deitado naquele caixão, o tip top branco e azul. Os pequenos olhos fechados. Todas as noites, quando eu fecho os olhos, antes de dormir, essa cena aparece, como se estivesse gravada em minha mente. É a última imagem que eu vejo antes de dormir.

– Um pai nunca deveria ter que enterrar o próprio filho. – Ela disse com pesar, preocupada com o filho.

– E Anahí nessa situação, as meninas perguntam por ela todos os dias. Eu tenho que dizer que ela está bem, mas a realidade é que não sei se algum dia ela vai ficar bem. – Ele suspirou. – Ela não fala com ninguém, nem comigo, nem com a psiquiatra, ela passa o dia inerte, não se alimenta sozinha. É como se ela tivesse morrido, por que ela não parece estar mais no corpo dela. Eles não sabem dizer se isso é só do estresse pós traumático, ou se as convulsões afetaram ela neurologicamente.

– Poncho, se para você está sendo díficil. Consegue imaginar como é para ela? Anahí estava gerando essa criança, seu corpo mudou, seu hormônios também. Ela sentia o bebê mexer, conversava e vivia aquele momento. O corpo dela sofreu diversas mudanças para receber uma criança. E, de repente, não há criança alguma. Se o nascimento de uma criança já gera mudanças tão grande a ponto de haver depressão pós parto, imagina uma criança que nasce e morre no mesmo dia? Isso vai além de algo emocional, isso é físico também para ela. Talvez se desligar do mundo ao redor dela foi a única maneira que ela conseguiu encontrar de se manter viva. Onde ela está agora?

Coincidence Of Love ✖ AyA {finalizada}Onde histórias criam vida. Descubra agora