- Não quis trazer o Skaild, Erina?
- Achei que seria um encontro apenas de garotas!
- Mas não teria problema em trazer ele! Vocês tem se falado nesse tempo? - Com a pergunta de Remi, eu larguei o garfo e comecei a segurar minha água, não tornando-a de imediato.
- Ele terminou comigo no dia da formatura! - As três garotas se assustaram com a minha resposta, e eu fiz questão de complementá-la de imediato. - Não se preocupem comigo! Eu não gostava tanto dele! Acho que eu só aceitei o pedido de namoro dele para contrariar meus pais, mas não tinha nenhum sentimento envolvido! Nunca teve, na verdade!
- Sua mãe já sabe disso? - Enma me perguntava, apontando o canudo da sua bebida.
- Sim! Ela foi a primeira pra quem eu falei sobre isso!
- E ela chegou a comentar algo sobre ele, depois disso?
- Não!? - Bebi um pouco da água, ainda olhando para Enma, observando a expressão em seu rosto, expressão da qual eu conhecia. Era uma expressão na qual Enma sabia de alguma coisa. - O que foi, Enma?
- Eu fui para o centro da cidade, semana passada! Algumas lojas estavam dando descontos em algumas peças de roupa e eu resolvi aproveitar! Saindo de uma das lojas, eu vi ele com a Kokoro em um dos bancos, perto do ponto de ônibus... Aos beijos! - Não olhava diretamente, mas podia ver pela visão periférica que Makoto e Remi olhavam para mim, com rostos expressando ansiedade e preocupação.
- Como eu disse, eu nunca tive nada por ele, e agora estamos em caminhos diferentes! E outra, eu não duvido que a Kokoro seja mais uma que ele quer pegar para dar apenas uns beijos!
- Vocês já... Bom... - Makoto parecia não saber como terminar a frase, mesmo eu sabendo o que ela estava querendo dizer.
- Não! Nunca fomos para a cama!
- Desculpa pelo o que vou te dizer agora, Erina, mas nunca tive fé que o namoro de vocês iria para frente!
- Não precisa se desculpar, Enma! Na verdade eu já queria terminar com ele, e ele acabou tomando a iniciativa!
- Quem diria que logo você, de nós quatro, seria a primeira a namorar! - Remi cortava um pedaço do bolo com o garfo e o colocava na boca.
- Não deve ser nenhum tipo de desafio pra vocês! Eu com certeza sou a feia do bando!
- Porque você é descuidada! - Como se fosse uma mãe, Makoto puxava minha orelha esquerda. Enma disfarçava o riso, ao contrário de Remi. - Se não fosse por mim, você teria vindo com aquela roupa cheia de poeira!
- Obrigada por avisar, mãe! - Makoto riu, e finalmente soltou minha orelha na qual esfreguei a mão esquerda na mesma.
- Erina! O que pensar em fazer, agora que se formou? - Enma me perguntava, apontando outra vez o canudo na minha direção. - Ainda está com aquela ideia na cabeça?
Eu nunca havia parado para pensar profundamente nas diferenças de nossos objetivos, e como eles poderiam acabar nos separando com o passar do tempo. Makoto sempre dizia que queria fazer medicina veterinária para abrir uma clínica, e até mesmo já fez alguns estágios no hospital geral da cidade do sudeste. Remi sempre foi fã de criar histórias, e não existia outra coisa que gostasse de fazer do que rabiscar algo no papel no tempo livre, sendo responsável até mesmo de criar os roteiros de peças que performávamos na faculdade. Enma sempre foi alguém que cumpria com as leis, e que possuía um físico impecável, seguido de um olhar julgador mortífero, lhe dando um lampejo para seguir carreira de advocacia, ou até mesmo na polícia. Eram profissões maravilhosas e honradas, mas eu...
- Sim! A faculdade me entregou um visto de arqueóloga iniciante, para que ficasse mais fácil a minha locomoção pelos lugares que eu acabe visitando! Sem falar que o dinheiro que eu junto no banco desde os seis anos teve o valor aumentado exponencialmente, graças ao fim das guerras de território na cidade do sudoeste, trazendo mais investidores para o Japão! Eu estou com a faca e o queijo na mão! Basta eu apenas começar! - Enma largou o canudo na taça do milk-shake e levantou a palma da mão esquerda em minha direção. Um gesto do qual nós quatro conhecíamos.
- Boa sorte, Amiga! - Não fiz questão de me segurar, mas para minha sorte, foram poucas as lágrimas que caíam de meus olhos enquanto eu também estendia a palma de minha mão esquerda, até a de Enma.
- Se cuida, viu! - E Makoto fez o mesmo, e Remi não ficou muito para trás, também colocando a palma da mão junto das nossas.
- Vai na fé! - E nós rimos com a espontaneidade de Remi, e então, nossas mãos foram ao alto.
- Acho que já podemos pagar e ir embora! Foi bem divertido! - Enma dizia, enquanto procurava algo na bolsa, junto de Remi e Makoto, então eu simplesmente tirava a carteira do bolso de minha calça. - Talvez eu devesse usar calças mais vezes!
- Apenas tome cuidado! É um caminho sem volta! - E nós quatro rimos com minha resposta, tendo um lindo pôr-do-sol de fundo como paisagem.

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General FictionExplorações, registros, conhecimentos, comentários sobre tais coisas, eram coisas que Erina admirava no homem da sua vida, seu pai. Desde sempre, a garotinha do papai mostrava interesse na profissão do homem que cuidava da família, e em resposta, o...