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Com o ônibus chegando na rodoviária, comecei a reparar em alguns detalhes que me chamavam a atenção, como as escadas que levavam para o metrô que existia embaixo das cidades ou até mesmo para o modelo e cores usados nos ônibus que cruzavam as fronteiras. Sem dúvida alguma eram algum tipo de modelo que havia sido adotado mundialmente, pois não havia outra explicação para esse tipo de coisa existir em todos os países no qual pisamos desde o começo dessa viagem. Ao descermos do ônibus, o chão tremeu de repente, e aparentemente, um ar de urgência surgiu em Minashigo.

- O trem já está se preparando pra sair! Vamos!

Sem dar tempo de reação, Minashigo me puxou pelo pulso esquerdo, cruzando a rodoviária rapidamente até chegarmos nas escadas que levavam para baixo do local. Descendo o último degrau das escadas, meu celular se desconectou de meu fone e pulou de meu bolso, caindo ao chão. Percebendo o que havia acontecido, puxei meu braço de volta ao mesmo tempo em que Minashigo também parava. Eu tirava minha mochila das costas e a entregava para Minashigo, indicando para ele ir para o vagão enquanto eu voltava para pegar meu celular no chão. Pegando de volta meu telefone, e sem tempo para guardá-lo de volta no bolso, vi que as portas do vagão estavam se fechando, e Minashigo já estava dentro dele. Corri o máximo que pude, e percebendo que não teria tempo suficiente, saltei até o vagão, rolando para frente ao cair para dentro do trem, nos últimos momentos antes das portas se fecharem por completo e o trem começar à se mover. Levantei do chão, tirando a poeira que estava na minha roupa por ter rolado trem adentro, enquanto Minashigo segurava minha mochila, me entregando-a de volta, e ao terminar a limpeza em mim mesma, peguei minha mochila de volta. Achamos alguns lugares vagos e nos sentamos, ao mesmo tempo em que eu recuperava o fôlego da pequenina corrida que eu havia dado enquanto eu verificava se meu celular estava bem. Segurei um dos botões laterais, e o dispositivo ligou, não mostrando nada de anormal.

- Ufa! Não deu... nenhum problema!

- Erina... Que salto foi aquele agora pouco?

- Eu... Eu era boa de queimada na faculdade! Ninguém nunca me acertava!

- E mesmo assim quis focar em arqueologia?

- O que uma coisa tem a ver com a outra?

- Não é isso! Eu não quis dizer dessa maneira! É que esportes são algo mais acessível, sabe? É mais fácil de treinar pra quando chegar em uma situação real! Eu não consigo imaginar como seria treinar algo como arqueologia, por exemplo!

- Mas mesmo assim, é algo que eu possa usar em algum imprevisto, como... - Levantei os braços, dando de ombros. - Agora!

- Não tem nenhuma corda nessa mochila, não é?

- Estou atrás do meu pai e não de um templo de milhares de anos de existência! - De repente, meu celular toca. A ligação vinha de um número no qual eu tinha registro... Makoto. - Oi! Como vai?

- Já está esquecendo das suas amigas e da sua própria mãe, é? E aquilo sobre manter contato?

- Desculpa, de verdade! Eu estou numa correria que você nem imagina! É tanto fuso-horário que daqui a pouco a minha cabeça vai começar a soltar fumaça!

- E falando em correria, como tá sendo a sua viagem?

- Acabei de cruzar uma das fronteiras! Estou na Suécia!

- Mas já? Pensei que fosse levar mais tempo, ainda mais que a Rússia é gigantesca!

- Como eu disse, eu estou em uma correria sem igual! E falando em correria, Enma me disse que você tinha conseguido um emprego de meio período!

- Eu nunca pensei que organizar roupas e sapatos em prateleiras fosse tão desgastante! Tenho certeza de que a Remi iria adorar trabalhar com roupas!

- Enma também me contou que ela e a Remi também estão em um trabalho de meio período!

- Sim! Agora tá mais difícil de nos vermos, mas por sorte estamos todas livres na parte da noite! Erina, eu preciso dar uma geral no meu quarto! Outra hora nós nos falamos! Se cuida!

- Tudo bem! Se cuida você também! - E então, a ligação é encerrada, e eu guardo o celular no bolso outra vez, ao mesmo em que eu olhava para o lado, tendo tempo de ver Minashigo terminando de comer o Golubtsi que havia pegado no ônibus. Nisso, encostei a cabeça na parte de trás do banco e suspirei. - Agora eu entendo quando você falou que esses fuso-horários te deixavam maluco!

- Ao menos você não está dormindo a todo momento!

- É, mas eu simplesmente estou perdendo a noção do tempo! Creio que até chegarmos na cidade que faz fronteira com a Noruega já deva ser umas duas e meia da tarde no Japão! Quem sabe até mais que isso! - Sem perceber, esfreguei ambas as mãos em meus dois braços. O frio parecia ficar ainda maior. - CÉUS!!! Eu sabia que esses países eram frios, mas minha nossa! Isso já é um exagero!

- Das outras vezes que passei por esses países, eu não me lembro de estar esse frio todo, mas estamos viajando de madrugada, então o clima noturno influencia ainda mais pra ficar mais frio, e sem falar que estamos viajando em um trem de metal com pouco estofamento!

- Maldito movimento de rotação! Por que não podia ser mais rápido?

Esfreguei as mãos uma na outra, assoprando ambas, e em uma das fileiras de banco, algo chamou minha atenção. Uma pequena garota estava com um senhor que aparentava ser seu pai e ambos estavam lendo ou assistindo algo na tela do celular do homem, conversando e rindo sobre o assunto do qual eu não saberia dizer qual era. Mesmo sabendo que algo de ruim poderia ter acontecido ao meu pai, ver aquela cena no metrô, e provavelmente a confiança de Minashigo em sua noiva, me fizeram sentir um tipo de confiança sobre a segurança de meu pai, me fazendo sentir e pensar que, seja lá o local onde ele esteja, ele estará bem e seguro.

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