- Cherez neskol'ko sekund my ostanovimsya v Severo-Zapadnom gorode, v Severo-Zapadnom shtate Rossii! Bol'shoye spasibo, chto puteshestvuyete s nami! [Em poucos segundos, estaremos parando na cidade do noroeste, no estado noroeste da Rússia! Um muito obrigado por viajar conosco!]
- Essa voz de novo! Ela sempre aparece quando o trem chega em alguma etapa do trajeto! - Falava, enquanto nós dois olhávamos para cima, na direção de uma caixa de som que estava pendurada no teto do vagão.
- Você sabe o que ela disse? - Minashigo olhava para mim, aparentando surpresa em seu rosto.
- Não faço ideia! - E eu respondia, levantando ambas as mãos em sinal de que não sabia sobre o que aquilo se tratava.
- Estamos chegando ao nosso... - Minashigo sequer conseguiu terminar a frase, devido ao bocejo que o interrompeu por um instante. - Limite!
- Você está bem mesmo? - Comecei a olhar de forma preocupada para Minashigo. Sentia que ele não estava dizendo a verdade, talvez não querendo interromper o ritmo da viagem.
- Estou! Não se preocupe comigo! - Por instinto, coloquei as costas da mão esquerda em sua testa.
- Você está em chamas! Desde que momento você está assim?
- Isso não é nada! Eu estou bem! Sério!
- Saindo do vagão, vamos procurar algum lugar pra ficar! Algumas horas já devem ser o suficiente!
- M-Mas e a sua viagem?
- É justamente por isso que vamos fazer uma pausa! Ou é isso ou teremos que parar mais para frente, e talvez esse seu estado acabe ficando pior! - E então, o trem parou, junto de um som agudo de freios sendo acionados, e tal ruído sumiu com a mesma rapidez que havia surgido. - Vem! Vamos! - Aparentando relutância, Minashigo se levantou, com sua maleta em mãos, e ambos seguimos até as escadas, chegando em um pátio rodoviário, parecido com os outros nos quais já havíamos passado. - Conhece algum hotel por aqui? - Minashigo então aponta para um prédio pintado em um vermelho escuro. Não saberia dizer se a cor do edifício era da tinta em si, ou se era devido ao tempo que teria roubado todo o brilho da cor.
- É um hotel que eu costumo ficar, vez ou outra, em alguns dos trabalhos que pego aqui na Rússia!
- Ótimo! Isso facilita muito! Vamos!
Saímos do pátio e cruzamos a rua que ficava entre ambos os estabelecimentos, aproveitando o pouco trânsito que havia. Entrando no hotel, toda a atmosfera era diferente da que era emitida do lado de fora. O dourado que brilhava do lado de dentro deixaria qualquer um de queixo caído em sua primeira vez no local, se levado em conta o vermelho que cobria as paredes do lado externo do local, sem falar das pessoas indo para lá e para cá que, apesar da pressa que aparentavam ter, também havia organização em seu ritmo rápido. Em um instante, Minashigo quis tomar a frente, e eu deixei que ele tomasse tal decisão. Caminhou até a recepção, e eu o seguia sem soltar qualquer ruído, e chegando até seu destino, Minashigo cumprimentou o senhor que recebia os possíveis hóspedes do hotel. Uma conversa se iniciou entre os dois, uma conversa da qual eu não poderia entender sobre o que se tratava, mesmo tendo alguma ideia do que poderia ser, e de repente, Minashigo se vira para mim.
- A gente vai dividir o mesmo quarto ou serão quartos separados?
- O mesmo quarto! Não vamos ficar tanto tempo! Um dia no máximo!
Minashigo apenas concordou com a cabeça e voltou a falar com o senhor, que assentiu e entregou uma das chaves penduradas em um painel de madeira atrás de si. Os dois se despediram, e o senhor se virou para mim, acenando em minha direção, e eu retribui tal gesto.
- Segundo andar, quarto de número quinze! Eu vou na frente, por estar mais familiarizado com o prédio!
Não fiz questão de protestar, apenas assentindo e concordando com o que Minashigo tinha proposto. O elevador estava em uso, apenas restando as escadas ao lado para usarmos. Saindo do térreo, passando pelo primeiro andar e chegando ao segundo, como era de se esperar, os quartos eram numerados começando pelo número onze, e levando isso em conta, eu arriscaria dizer que o último quarto desse andar era o de número vinte. Chegando ao quarto de número quinze, Minashigo colocou a chave que havia recebido na recepção na fechadura da maçaneta da porta, abrindo o quarto. O quarto era simples, contendo um banheiro e alguns utensílios de cozinha, me fazendo ter uma espécie de déjà vu ao lembrar do quarto em que fiquei no navio, e o que me aliviou ao entrar no quarto, era o fato de que haviam duas camas, afastadas em cantos diferentes do quarto, uma na parede perto da porta, e a outra do lado da janela, fazendo a porta do banheiro ficar no meio.
- Achei que seria melhor do que apenas uma cama! - Olhei para Minashigo, com uma das sobrancelhas levantadas. Ele tentava disfarçar um sorriso sem graça.
- Que bom que o seu achismo acertou em cheio! - Talvez tenha sido impressão minha, mas apesar da temperatura de seu corpo, pensei ter visto os pelos da nuca de Minashigo se arrepiarem por um instante. - Se deite em uma das camas! Vou ver se tem alguma toalha de rosto no banheiro!
- Tudo bem!
E assim foi feito. Minashigo se deitou na cama perto da porta do quarto enquanto eu ia até o banheiro, colocando com cuidado a minha mochila sobre a cama do lado da janela. Em um cabide perto do box do banheiro, haviam algumas toalhas de tamanhos diferentes, e eu peguei a menor delas. Saindo do banheiro, fui até o outro extremo do quarto onde haviam as coisas de cozinha, onde peguei uma pequena panela e a enchi de água, colocando-a em uma das bocas que haviam do lado da pia, e liguei a boca na qual havia colocado a panela com água. Enquanto olhava o fogo aceso criando manchas escuras no metal da panela, esperando a água no recipiente esquentar, eu alternava meu olhar na direção de Minashigo, observando seu estado atual, pensando se teria sido uma boa ideia ter aceitado-o como companhia em minha viagem, não por mim, mas por ele mesmo.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Home
General FictionExplorações, registros, conhecimentos, comentários sobre tais coisas, eram coisas que Erina admirava no homem da sua vida, seu pai. Desde sempre, a garotinha do papai mostrava interesse na profissão do homem que cuidava da família, e em resposta, o...