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- Vamos lá! Vocês não vão querer passar vergonha quando Abarai aparecer aqui! Ou querem que eu mande vocês pra cozinha da Chef Luna? - Houve um "não" coletivo sendo dito em resposta, mais parecendo uma instalação militar do que uma cozinha em si. - Ótimo! Vocês tiveram sorte de terem caído na minha mão porque só os veteranos estão com a Chef Luna, e por causa disso eles já sabem como funciona o trabalho em grupo deles! Vamos nos esforçar pra sermos tão bons quanto eles! - E dessa vez houve um "sim, senhor" como resposta. A porta dupla da cozinha se abriu atrás de mim, e eu não precisei me virar para reconhecer os passos pesados que marchavam até mim.

- É como ver uma versão mais nova da sua mãe! Só espero que não esteja pressionando os novatos além da conta!

- Eu conheço meus limites! Não vou exagerar no incentivo! Mas então, pai! Eu queria te perguntar uma coisa! - Com o braço direito ao redor de suas costas, levei meu pai para fora da cozinha, para falarmos com mais privacidade. - O Sorento vai mesmo vir hoje?

- Desde que não ocorra nenhum imprevisto, ele com certeza virá! Não fique nervoso, Ethan! Aquele rosto jovem e afiado pode parecer intimidador, mas ele é alguém moderado!

- Moderado? Eu diria que ele foi bem generoso em ter concordado com aquele acordo de oitenta vinte que você sugeriu! Olha só o resultado disso! Um outro andar no prédio e ainda tivemos que contratar mais gente! Como vai o Minashigo no escritório?

- Se saindo melhor do que sua mãe e eu! Aquele garoto é realmente um prodígio quando se interessa em algo! - Um sentimento reconfortante batia em meu peito, até que eu me lembrava de outra coisa.

- Espera! Não era pra você ir buscar o Sorento no aeroporto?

- Mari foi no meu lugar! Ela insistiu e muito pra isso! - Ouvindo aquela resposta, eu cruzei os braços, com uma pontada de inquietação em mim. - O que foi, filho?

- Ela está aprontando alguma! Já faz três dias que ela fica insinuando algo pra cima de mim e o Minashigo não quer falar nada! Você sabe de algo? - Ao olhar para meu pai, ele continha um sorriso relaxado no rosto, olhando em minha direção, e a sua pergunta de antes acabou se tornando a minha. - O que foi, pai?

- Você ainda pensa nela, não é? - Eu não iria me fazer de bobo, mas algo em mim evitou falar do assunto.

- Eu estou focado nos recrutas, pai! Não tenho tempo pra pensar em outra coisa além de ajudá-los a se desenvolverem!

- Você fala isso, mas não é de hoje que eu vejo você tocando aquele violão a noite, com o mesmo brilho no olhar de quando você estava com a Erina! - Eu descruzei meus braços, suspirando de forma pesada e levando a mão direita ao braço esquerdo, a esfregando nele. - Você guardou esse sentimento por tanto tempo que na primeira vez em que você viu ela, já sabia que era a garota dos seus sonhos!

- Ela disse que voltaria, mas já faz um ano!

- Tudo ao seu tempo, filho! Você ainda é jovem! Aprenda a andar primeiro antes de querer correr!

- Cer...

- Com licença, Chef Ethan! - E interrompendo o fim de nossa conversa, um dos recrutas aparecia, passando pela porta dupla.

- Sim, Gian?

- A senhorita Nijimura mandou avisar que tem um assunto sério para falar com você, na frente do restaurante! E também pediu que avisasse ao senhor Akitake de que o senhor Abarai chegou! - Eu olhei para meu pai, após ter ouvido todo o relatório vindo de Gian.

- Pode ir! Eu assumo seu lugar! Assim eu já mostro como está indo a cozinha do térreo para o Sorento!

- Valeu! - Dei um rápido abraço em meu pai, passando pela cozinha e pela recepção, acenando para Sorento que já estava em uma das mesas, enquanto o mesmo também acenava para mim. Ao sair do restaurante, coloquei a mão na frente dos olhos, tentando me adaptar a luz repentina da tarde, até perceber uma silhueta feminina perto de mim, encostada na parede ao lado da entrada, aparentemente me esperando. Ainda com a visão parcialmente obstruída, julguei ser Mari quem estava ali. - Aí está você! E então, Mari? O que você queria...

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