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(- Posso sair?

- Quando você estiver pronto! - Eu dizia, sentada de frente para a porta do closet do quarto de Skaild, alternando os pés enquanto os balançava no ar, apoiando ambas as mãos no colchão de sua cama, e então, ele saiu, usando um terno, calça e chapéu brancos, uma camisa social azul claro por dentro do terno e sapatos brancos e pretos. Inclinei minha cabeça para o lado esquerdo, indagando dúvida. - Vai tentar algo pop?

- Os professores da sala de artes disseram que a apresentação de volta às aulas será individual, então terei que fazer o meu melhor!

- E você vai! Pode ter certeza disso!

- Eu não sei! E se minha voz desafinar? E se eu tropeçar no meio dos passos de dança?

- Skaild, você consegue! É algo que você gosta! É algo com o que você quer viver! Seja mais confiante em você mesmo! - Houve um breve silêncio, e Skaild suspirou.

- Certo! Eu vou tentar! - Guardando o chapéu e o terno no closet outra vez, Skaild fechava tal porta e se aproximava de mim, se sentando ao meu lado. - E você? Como vai o seu trabalho de volta às aulas?

- O professor de história disse que basicamente teremos que falar sobre algum tipo de marco na história! Meu trabalho é em dupla e eu estou fazendo com a Remi, e nem preciso dizer que ela me forçou a concordar com a ideia de falarmos sobre a rockabilly! Já consigo imaginar as roupas que a Remi vai querer que eu use! - Rimos, e Skaild me puxou gentilmente para um abraço.

- Tenho certeza de que vai ficar ótima! - Não respondi. Apenas assenti em silêncio, aceitando o abraço.)

Foi inevitável não lembrar de tal momento, levando em conta a faixa que estava sendo reproduzida em meus fones, até mesmo me fazendo esquecer dos veículos em movimento que passavam em minha frente, através do vidro da janela. Peguei o celular para ver as horas, e no curto silêncio que meus fones fizeram, pude ouvir um ronco que aparentava estar bem perto. Um ronco humano. Olhei em volta de mim naquele ônibus, mas todos os passageiros estavam plenamente acordados, ocupados em seus próprios mundos, fazendo algo de seus próprios interesses, e ao olhar outra vez para frente, o ronco retornou, e dessa vez eu pude saber de onde tal ruído estava surgindo. Sem eu ter percebido, Minashigo havia pegado no sono, e nada parecia conseguir perturbá-lo. Seu sono parecia pesado, e ainda assim, seus braços continuavam cruzados, e mesmo com a cabeça caindo para a direita, seu corpo não cedia ao peso feito pelo pescoço curvado para o lado. Pensei em acordá-lo, e logo em seguida, pensei em deixá-lo do jeito que estava, e como um sinal de protesto, o ônibus havia parado. O veículo tinha chegado no pátio principal da cidade do sudoeste, e suas portas haviam aberto passagem para todos os passageiros descerem no lugar. Me inclinei na direção de Minashigo, colocando a mão esquerda sobre seu ombro direito, o chacoalhando.

- Ei, Bela Adormecida! Chegamos na cidade!

- *bocejo* Uma floresta e sua diversidade? - Minashigo dizia, despertando de seu sono de curto tempo, esfregando os dedos sobre as pálpebras de ambos os olhos.

- Nem precisa me falar sobre o que estava sonhando!

- O que foi? Aconteceu alguma coisa?

- Chegamos na cidade do sudoeste!

- Ah!

Ao pegar a maleta que estava no assento ao lado, Minashigo fez menção de se levantar, e eu voltei ao lugar em que estava sentada, pegando minha mochila no banco do lado e a colocando sobre meu ombro. Os outros passageiros já estavam desembarcando do veículo, fazendo Minashigo e eu sermos os últimos a descer do ônibus. Ao descer, Minashigo tomou a iniciativa e seguiu caminho até os letreiros com informações dos horários de ônibus, e de repente, uma escada que ia para baixo chamou a minha atenção, seguido de um certo tremor sobre nossos pés.

- O que foi isso?

- Esse lugar não é só para ônibus, táxis e derivados! Também tem uma linha de metrô que corre pelas outras cidades da Rússia!

- Nós já passamos por quatro rodoviárias! Por que apenas essa tem uma linha de metrô?

- Na verdade, é uma linha que tinha ficado inativa, e que de pouco em pouco está sendo reutilizada! E também, a primeira rodoviária da qual saímos era ligada a um porto!

- Faz sentido! - Minashigo olhava os horários no letreiro em nossa frente, e um semblante sério de decepção tomava conta de seu rosto. - O que foi? - Minashigo olhou em volta, procurando algo, e quando achou, apontou em sua direção, dando sinal para que eu olhasse para onde fosse que seu dedo estivesse apontando. O dedo de Minashigo apontava para um dos pontos de ônibus, que continha uma placa, e tal objeto me fez sentir um nó na barriga. - É o que eu estou pensando?

- Se o que você está pensando é sobre aquela placa ser uma daquelas que indica que tal ônibus não está funcionando, e que é logo o ônibus que temos que pegar, então sim, é exatamente isso!

- Era só o que me faltava! - Eu dizia, ao mesmo tempo em que levantava ambos os braços até a metade, e os deixava cair outra vez ao lado de meu torso. - De todos os problemas, logo esse foi acontecer! - Coloquei ambas as mãos em meu rosto, tomada pela frustração do ocorrido, até lembrar da linha de metrô no subsolo da rodoviária. Tirei as mãos do rosto e olhei para Minashigo. - Essa linha de metrô vai para o lado oeste da Rússia?

- Ele da a volta no país!

- Isso eu imagino! Mas o que eu estou perguntando é a direção na qual ele está se locomovendo agora!

- Não sei ao certo! Teríamos que ver sobre isso!

- Sabia que diria isso! - Sem pensar, peguei Minashigo pelo pulso e o puxei até as escadas que levavam para a parte de baixo. Retomando a compostura, Minashigo acompanhou meu passo, andando ao meu lado, e na mesma velocidade, e ao terminar a descida, vimos o trem virado para o oeste. - Come immaginavo!

- Ele vai sair em quinze minutos! Vai querer ir de metrô mesmo?

- E temos outra escolha? - Levantei as mãos sarcasticamente. - Só me dê um tempo! Preciso ir ao banheiro!

- Tudo bem! Não demore!

- Sem problemas!

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