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Eu não sabia quanto tempo eu havia dormido e nem quanto tempo eu estava apenas de olhos fechados, mas o cheiro de Ethan presente naquele cômodo me prendia em sua cama, sugando de mim a vontade de levantar até me lembrar de que não estávamos em um lugar qualquer. Com a mão direita, eu tentava tatear qualquer coisa que eu pudesse encontrar, desde meu celular e até mesmo peças de roupa, até que minha mão agarrou algo que não se parecia com nenhum dos itens que procurava. Aquilo que eu havia pego estava na vertical, e eu fui subindo a minha mão, sentindo que aquilo que eu segurava era um braço... Um braço bem fino. Resolvi abrir os olhos de uma vez, e quando percebi, era o braço de Mari que eu estava segurando. Instintivamente eu a soltei, me afastando em seguida.
- Desculpa! Eu não...
- Tudo bem! Eu é que não devia ter aparecido assim do nada! - Eu me levantei, me sentando sobre a cama e com as cobertas sobre minhas pernas. Olhei em volta, e minha vergonha me fez esconder o rosto com as mãos. - Tudo bem, Erina? - Eu apontei para trás da porta do quarto, ainda cobrindo o rosto com a mão livre.
- Pode pegar a minha calça, por favor? - Não olhando diretamente, pude perceber que Mari havia se levantado e se afastado, retornando logo em seguida, deixando minha calça ao meu lado. - Obrigada! - Voltei para baixo da coberta para vestir a legging, mesmo sabendo que não precisaria me esconder tanto na presença de Mari. Ao terminar, saí de baixo da coberta. - Sabe que horas são?
- Quase cinco da tarde! Sajin aproveitou que vocês estavam ocupados e chamou um médico para examinar seu pai por você!
- E então? Tudo bem com ele?
- Tão bem quanto um recém-nascido!
- Ainda bem! Ao menos já podemos tranquilizar a minha mãe quando chegarmos no Japão!
- Mas agora vamos parar de falar dos outros! - Mari dizia com a empolgação que Minashigo havia dito que ela tinha, se sentando ao meu lado na cama de Ethan. - E você, Erina? Me conte como VOCÊ está com tudo isso!
- Contar? Eu nem sei por onde começar! Logo no primeiro dia que eu chego na Itália e já conheço o cara por quem me apaixono logo de primeira, encontro meu pai em uma tumba protegida por um semideus adormecido, vejo meu amigo pegando o poder desse semideus pra lutar contra outro semideus, vejo pessoas mortas retornando dos mortos e como se não bastasse, eu transo com o cara em que me apaixonei a primeira vista! Quer que eu também conte os detalhes de tudo isso?
- Quem sabe um outro dia! Mas agora eu estava pensando... - A feição sorridente de Mari mudou para algo sério, fitando seus próprios joelhos. - O Minashigo te deu algum trabalho nessa viagem de vocês? - A inquietação na voz de Mari era evidente, mostrando sua preocupação genuína tanto para Minashigo quanto para mim. Em resposta, eu a trouxe para mais perto em um abraço.
- Ele foi o melhor amigo que alguém poderia ter em uma viagem! - E como em um truque de mágica, o sorriso alegre retornou ao rosto de Mari.
- Ele é difícil de lidar, eu sei! Deve ter dado uma dor de cabeça, pode falar!
- Vez ou outra, mas nada demais!
- É raro de ver alguém com paciência pra conseguir suportá-lo por tanto tempo, sabe?
- Eu nem imagino! - E Mari riu, com aquela conversa que além de não fazer sentido, não levava a lugar nenhum. Em meio aos risos, Mari se levantou, saindo do quarto. - Acho que tem mais alguém querendo falar com você, então vou deixar vocês a sós! Bye, bye! - Mari acenava para mim antes de sumir para trás da parede, e eu retribui o gesto, e quando a outra pessoa resolveu passar pela porta, parte de mim congelou.

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Художественная прозаExplorações, registros, conhecimentos, comentários sobre tais coisas, eram coisas que Erina admirava no homem da sua vida, seu pai. Desde sempre, a garotinha do papai mostrava interesse na profissão do homem que cuidava da família, e em resposta, o...