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Mavlov foi o primeiro a descer os degraus, e nós os seguimos, o deixando tomar a frente se caso algo nos atacasse. Enquanto descíamos, as paredes começavam a mostrar pinturas parecidas com as pinturas egípcias que costumam aparecer em filmes clichês de exploração de pirâmides, e como tais pinturas, essas também aparentavam contar uma história. Elas começavam mostrando nove desenhos humanóides carregando partes de outra figura humanoide, como se estivessem espalhando o corpo desmembrado. Em seguida, outra dessas figuras se desmembrava... E outra... E outra, até a última figura também ter o corpo dividido. As pinturas batiam com o que Mavlov havia nos mostrado na casa de Ethan, mas algumas delas tinham informações ainda não mostradas para nós. Uma das pinturas mostrava uma figura em preto com uma gigantesca lâmina na mão, segurando um homem pelo pescoço, até que surgiu um brilho branco do homem que expulsou a figura negra, tal figura que parecia muito com a figura que surgiu em nossa jornada ao cruzar os países. Na última pintura, mostrava quatro desenhos humanóides descendo escadas, e uma delas se destacava em laranja, e aquilo me deu um frio na espinha. Era como se aquele lugar tivesse vida própria e registrasse tudo o que estivesse acontecendo em tempo real. De repente, Mavlov parou seus passos, e nós paramos também. Olhando por cima dos ombros daquele deus, avistamos uma espécie de altar que aparentava estar intocável pelo tempo, completamente conservado. Acima do altar, havia um par de braços, emanando um brilho branco, quase prateado. Mavlov levitou mais uma vez, escaneando ao nosso redor outra vez, até que desceu ao chão e fixou o olhar no altar.

- Saia de trás desse altar, homem. Não viemos fazer mal algum. - Como um desleixo, ouvimos respirações ofegantes sair por trás do altar.

- Como você entrou aqui de novo? Não era pra isso ser possível! - E como uma antiga lembrança calorosa, aquela voz me atingiu, me fazendo tomar a frente de Mavlov.

- Pai? - Houve um silêncio, e um misto de alívio e raiva tomou conta de mim. - Por favor me diz que é você, pai! A mamãe e eu estamos esperando algum sinal de vida vindo de você desde os dois últimos meses! - Pela visão periférica, vi Ethan tentando vir até mim, e Minashigo o impediu com o braço esquerdo. De repente, a respiração de antes havia parado.

- Então... Já fazem dois meses?

- PAI!!!!! - Eu desabei no chão daquele lugar, segurando as lágrimas que estavam prestes a sair, até que um som de alguém levantando surgiu vindo do altar, e quando me dei conta, eu estava sendo abraçada por meu pai. - O que houve que você *soluço* ficou todo esse tempo *soluço* sem dar notícia?

- Desculpa, Erina! Eu nunca tive intenção de preocupar vocês duas! - Eu o abracei de volta, puxando sua camisa suja como se tentasse tirar o embrulho de um presente de natal.

- Como você descobriu esse local? - A voz de Mavlov quebrava o clima aconchegante que o abraço de meu pai transmitia, nos trazendo outra vez para a realidade.

- Eu estava voltando de outro trabalho que eu havia terminado e parei pelas redondezas para descansar, até que eu vi um brilho quase invisível vindo do solo! Eu usei minhas ferramentas pra investigar a área e encontrei as portas com a charada!

- Um brilho, você disse? - Por mais que eu não visse, pude sentir meu pai concordando com a cabeça. - De onde ele vinha?

- Do altar! Eram os braços que estavam brilhando! - Meu pai se soltou de mim, se virando para encarar o par de membros no altar, e eu fiz o mesmo.

- Então eles já estavam reagindo a algo. Mas o que?

- Vai me dizer que você realmente não sabe? - Uma voz debochada surgiu de repente, e não apenas isso como também a figura em preto surgiu dentro do local, já com a lâmina enorme em mãos.

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