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Eu havia aberto a marmita de plástico que estava no banco ao meu lado e retirado um dos Golubtsis, até perceber com a visão periférica que Minashigo havia se esticado por cima da maleta ao seu lado, indo na direção do vidro da janela do ônibus. Ao olhar também, a placa de "Bem-vindo à Finlândia" tinha virado apenas um borrão com o passar do ônibus, e por instinto, minha mão soltou o Golubtsi de volta na marmita. Mesmo com a velocidade normal do ônibus, não demorou muito para as casas de campo aparecerem, coisa que eu já havia ouvido de meu pai de que aquilo era, ao mesmo tempo, a marca e o charme das cidades da Finlândia... Sem falar no clima frio que estava mais congelante do que na Rússia, mas ao menos o céu escuro de nuvens de chuva havia ficado para trás, deixando um céu claro e com um sol radiante, que aparentava não esquentar nem um pouco o clima frio, me fazendo com que eu me arrependesse da calça legging que eu ainda estava usando.

- Não demorou muito mesmo! - Após o silêncio, finalmente alguém tinha dito algo, e no caso, era Minashigo.

- É! Eu só acho que não deve ter nenhum hotel por perto!

- Não tem problema! - Minashigo apontou para as casas de campo nas quais o ônibus vinha passando. - Sabe essas casas com a chaminé pintadas em amarelo? Elas também são para aluguel! Podemos alugar alguma, caso não tenha nenhum hotel por essas redondezas!

- Não sei não! Sabe quanto custa o aluguel de uma dessas casas?

- Bom, nós só vamos passar uma noite ou um dia no máximo em uma dessas casas! Não deve ser tão caro! Inclusive, a Finlândia tem uma diferença de cinco horas menos que o fuso-horário do Japão, caso queira atualizar o relógio do seu celular!

- Eu já sabia, só que estou evitando usar o celular por causa da carga baixa haha! - Balancei o celular com a tela apagada, e Minashigo também riu, e sem que percebessemos, o ônibus havia parado em uma rodoviária. As portas do veículo se abriram, e nós descemos do mesmo, e nisso, Minashigo virava para mim.

- A gente podia pegar algum táxi que saiba de algum hotel por perto, ou que saiba onde fica a companhia de aluguel dessas casas de campo! - Ao mesmo tempo em que falava, Minashigo aparentava já estar procurando algum táxi.

- Por mim *bocejo* tudo bem! - E o sono já havia surgido em mim, sem aviso prévio, e outra vez, Minashigo riu.

- Agora é você quem está precisando de um repouso! - Um táxi se aproximava, e Minashigo levantou a mão, fazendo sinal para que o veículo parasse.

- Eu e o meu celular!

Dei de ombros enquanto Minashigo abria a porta do táxi, me deixando entrar primeiro e entrando logo em seguida. O motorista virou para nós, e como algo quase que instintivo, Minashigo e o homem começaram uma conversa da qual, como sempre, eu não tinha compreensão. Após o papo, o motorista acenou positivamente com a cabeça e voltou a olhar a estrada, tirando o veículo da vaga que havia estacionado para nos receber.

- Nenhum hotel por perto! O jeito é alugar uma das casas de campo!

- O que tiver *bocejo* mais fácil!

- Acho que você dorme se você por a cabeça no vidro da janela!

- Você "acha"?

Minashigo riu outra vez, e com a cabeça encostada no apoio do banco do táxi, comecei a olhar pelo vidro da janela. Apesar das árvores por perto, as casas de campo alugadas também eram rodeadas por uma cerca branca de madeira, talvez delimitando o limite de uma casa para outra, e todas seguindo o mesmo padrão de tamanho. Talvez pelo meu sono estar me influenciando, mas o fato era de que não havia demorado muito para o táxi chegar ao seu destino, seja lá qual destino Minashigo pediu para o motorista nos levar, até ver que a tal cerca de madeira se cruzava com um cercado de folhas que ficava ao redor de um estabelecimento com o visual diferente das outras casas. Abri a porta do veículo enquanto Minashigo pagava o taxista, e ele saiu do carro logo em seguida. Com o carro vazio, o táxi se foi, e nós dois entramos no tal estacionamento onde, outra vez, Minashigo começava outra conversa na língua que eu não possuía conhecimento. A moça que estava na recepção digitava algo no computador, e em seguida, assim como foi feito no hotel na Rússia, ela pegou algumas chaves de um painel de madeira atrás de si e entregou para Minashigo, que olhou para mim, acenando com a cabeça para que eu o seguisse. Fizemos a volta pela recepção até passar por uma porta que nos levava para um corredor largo, e nos dois lados do mesmo, lá estavam as casas de aluguel.

- Casa de número três!

- Quanto foi o aluguel?

- Seis mil ienes, basicamente!

- Uau! Foi mais barato do que eu imaginava!

- Eu falei que seria apenas por uma! Não é atoa que nos entregaram uma das casas mais próximas da recepção!

Minashigo falava, balançando as chaves. Não levou muito tempo até chegarmos na tal casa que, ao chegarmos, Minashigo usou uma das chaves para abri-la. Ao entrar, era visível que sala e cozinha eram interligados, e mesmo não tendo nenhum eletrodoméstico, haviam algumas tomadas espalhadas pela casa. Sobre nós, tinha um teto baixo que era conectado com uma escada, que ao chegar perto, vimos que o teto baixo era devido ao quarto que ficava em uma espécie de segundo andar. Enquanto subia as escadas, Minashigo entrava no único cômodo com porta na casa, e saiu rapidamente, apontando para a porta.

- Banheiro!

- Ótimo! Não vejo a hora de levantar amanhã e tomar um belo de um banho!

O quarto continha duas camas de solteiro, cada uma estando em um extremo lado do quarto, parecido com o que era no hotel. Olhei para cada uma das camas, e ambas tinham tomadas por perto, e nisso eu tirei da minha mochila o carregador de meu celular, deixando minha mochila ao lado da cama do lado direito e me deitando em seguida, me esticando até a tomada e conectando meu celular a ela. Com o aparelho ligado, defini o fuso-horário de cinco horas menos, e logo após deixar o telefone de lado, o sono surgiu outra vez, mais forte do que antes, me nocauteando de vez.

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