CAPÍTULO 10

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Örion acordou logo cedo, antes do sol surgir. O ar estava bastante frio e gostoso de respirar fora do celeiro. O céu ainda estava repleto de estrelas e as duas grandes luas estavam novas, próximas do horizonte. Tudo estava muito tranquilo nas boas terras da família Krenov.

Aproveitava o tempo para meditar a respeito de sonhos inquietantes que começara a ter em tempos recentes. Não entendia exatamente como, mas estava sendo arrastado por uma força do destino. Toda aquela jornada que estava para começar trazia apreensão e inquietação.

Suas meditações duraram pouco, pois, para sua surpresa, Rílkare e os outros saíram da sede pouco antes do sol nascer. Com o alvorecer deixaram a fazenda cavalgando em direção à vila mais próxima a qual somente alcançaram com o sol alto no céu. A pequena vila cujo nome não sabia, impressionou os olhos inexperientes de Örion. Havia muitas casas próximas umas das outras e grande movimentação nas ruas cobertas de cascalho e lama.

- Como se chama essa cidade, caro Rílkare? - indagou Örion.

- Cidade?! - intrometeu-se Eskallurè com espírito fanfarrão - Chama esse lugarejo de cidade? Pensei que você fosse um sábio, ou algo assim.

Rílkare explicou - Esta é a vila de Erbui.

Ao mesmo tempo, o mercenário fazia mais comentários - Ouviu essa, Con? O bicho do mato acha que isso é uma cidade, só pode ser piada! Nosso sábio é mesmo incrível!

Örion franziu o cenho e perguntou - Qual é o problema dele, Rilks?

- Não ligue para ele Örion, acha divertido incomodar os outros. Se você deixá-lo de lado, vai acabar desistindo.

Mais adiante, chegaram a um pequeno porto à beira do calmo e largo rio Viran.

- Tomaremos uma balsa. - explicou o jovem Krenov.

O barqueiro era um senhor de idade e era ajudado por dois rapazes mais novos. Era gente muito simples e Örion observou que um deles sequer usava calçados. A travessia não foi demorada, e os cavalos estavam agitados a princípio. Örion cuidou de conversar com eles e tranquilizá-los. Con observou com muito interesse e exclamou. - Incrível! Nunca minha montaria havia atravessado o rio assim, tão tranquila. Como fez isso?

- Apenas expliquei-lhe que a balsa é segura.

- Você pode mesmo falar com os animais?

- Um pouco.

Poul, que escutava quieto interessou-se e indagou - Será que pode perguntar aos bichos de perto de minha casa sobre o desaparecimento da minha esposa, seu Olren?

- Sim. Quem sabe podemos ter alguma pista?

- Muito bom! Depois desta viagem podemos ir até Pinnus. O que acha senhor Krenov?- disse Poul entusiasmado.

Rílkare repreendeu o grandalhão num tom polido. - Escute Poul, é muito importante que não fique falando meu nome. Não devemos chamar atenção nesta viagem, entendido?

- Já me esquecia, senhor. Desculpe-me, mas...

Foi interrompido por Rílkare que encerrou o assunto - Tudo bem por agora, ainda estamos longe. Mas vamos evitar meu nome daqui em diante, certo?

Deixaram o rio para trás e seguiram a trilha que era bastante movimentada. Carroças e algumas pessoas montadas cruzavam o caminho com frequência.

- O que é aquela fumaça? - quis saber o silfo.

- Deve ser uma floresta em chamas. - sugeriu Eskallurè.

- Claro que não - retrucou Con. - É fumaça da fundição. Estamos nos aproximando da cidade de Edrevik.

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