CAPÍTULO 33

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A sensação de otimismo e de que problemas seriam resolvidos atingiu a todos, com maior ou menor intensidade. Contavam com a ajuda de um importante templário, Nar Eseak, que depositava fé na santidade de Archibald. Assim, Kyle, Claudine e Kleon percorriam a cidade em busca do pai da dacsiniana com esperanças renovadas.

Kiorina permaneceu no Estrela do Crepúsculo e recebeu Toremb Nargub em sua cabine. Ali realizou um elaborado feitiço. Para torná-lo forte, convincente e durável, a ruiva utilizou a força do cajado místico guardado junto aos pertences de Archibald. Toremb deixou a embarcação com aparência terrível, com a pele ressecada e obscurecida, chagas nos braços e pernas como se padecesse de terrível doença, tal era o efeito da carapaça ilusória produzida pela feiticeira. Cobriu-se com um manto e partiu para casa. Compactuando dos planos traçados por Gorum e Kiorina, ele deveria atuar, mostrando-se doente a fim de sensibilizar seu filho e dissuadí-lo de sacrificar-se. Era o melhor que ela podia fazer e rezava para o plano surtir efeito.

Gorum e An Lepard assumiram pretextos a fim de assistir aos combates na grande arena de Tchilla, deixando a embarcação após a chegada de Toremb Nargub. Gorum estava ansioso pela oportunidade de conhecer a forma de combater daquelas terras e sentia que o conhecimento e análise dos diferentes estilos de combate poderiam ser úteis, caso surgisse uma situação conflituosa envolvendo os locais.

A multidão dificultava a locomoção e após pagar pelo ingresso, o ritmo em que avançavam diminuiu, mesmo havendo diversas entradas largas.

- Sinto-me um cupim numa colônia - reclamou Gorum com o vozeirão elevado, para que Lepard pudesse escutá-lo.

- Está quente demais... - O loiro quase gritou. - Já vê alguma coisa?

- É claro tampinha! Vamos para a direita, parece melhor.

- Enfim, um assento! - An Lepard estava aliviado.

Gorum observava ao redor coçando sua barba de forma típica - Há muitos templários por aqui, não acha isso estranho?

- Deuses para tudo, lembra? Se isso não bastasse, Ometan, o Deus da guerra, é um dos mais prestigiados.

Gorum deu com os ombros e Lepard prosseguiu - É claro que a arena não é uma unanimidade por aqui... Há aqueles que são contra a violência gratuita.

- Ao menos pagamos pelo ingresso, há há há! - o cavaleiro cutucou Lepard com o cotovelo.

Lepard deu com os ombros, mas logo fixou sua atenção na arena. O primeiro combate estava para começar. Um simples um contra um, e no fim, houve misericórdia. O guerreiro derrotado e ferido sobreviveria. O segundo combate, foi feio de se ver. Quatro escravos pouco treinados em combate enfrentaram um gladiador experiente num jogo chamado: o sobrevivente. Deviam juntar-se para derrotar o veterano, ou morrer, sendo que a regra permitia que um deles sobrevivesse para participar de outros jogos. O próprio veterano, segundo a narração, havia começado sua carreira neste tipo de jogo.

- Você não ia querer virar um escravo nestas bandas - comentou An Lepard, um pouco abalado pelas mortes que viu.

Gorum deu com os ombros - Como você diz, é a lei da sobrevivência...

A atração seguinte foi uma encenação de batalha em que os tchillianos sobrepujaram os keldorianos. Seguiu-se um dos momentos mais esperados, o jogo com o homem lagarto. As pessoas estavam agitadas e um grande burburinho preencheu as arquibancadas.

O lagarto azul não demonstrava qualquer emoção. Não parecia haver medo em seus olhos fendidos. Permanecia quase imóvel no interior da jaula aguardando o inicio dos jogos.

- Nunca vi uma destas bestas lutar - comentou Gorum.

- Tão pouco eu. Ouvi dizer que são combatentes ferozes e obstinados.

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