CAPÍTULO 57

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Örion parou por um instante olhando para os lados, como se procurasse por alguma coisa. Sua cabeça doía um pouco e podia jurar que havia alguém o seguindo. Seus sonhos e visões com o rapaz humano estavam mais intensos. Algumas memórias das visões, agora persistiam. Em especial, a da grande árvore da vida com uma copa que parecia cobrir todo o céu. Contrastando com essa visão paradisíaca, também se recordava da visão do terrível demônio que ordenava o sacrifício de centenas de crianças. Aquilo era real. Örion reconheceu aquele ambiente. Aquela configuração única de vegetação era certamente a floresta proibida. Örion sentia que aquele era um vislumbre do futuro, algo que talvez acontecesse muito em breve.

– O que houve amigo, algum problema? – indagou Rílkare Krenov.

Örion concentrou-se para dissipar as visões, sorriu para o amigo e disse – As visões... Tem sido mais intensas ultimamente.

– Entendo.

– Nossa terra está ameaçada, Rilks. Esta guerra e a destruição de Adrastinn são apenas os primeiros sinais. Estou com medo do que está por vir. Sinto que talvez não tenhamos forças...

Örion abaixou-se para encher o cantil no leito do rio. As montarias, Ferro-em-brasa e Zithehidrel, bebiam ali perto. Nas duas margens do rio, a natureza mostrava-se exuberante. Era um local de raras belezas. Mas além dali, exércitos se reuniam e batalhas estavam para acontecer. Saubics e Nevreth, aliados, já guerreavam contra os reinos de Tradarnak e Aldancara. O único assunto discutido em Saubics agora era a guerra. Os desaparecimentos das mulheres e crianças que Rílkare e seus companheiros ainda investigavam eram agora irrelevantes para o reino. Exceto para aqueles que perderam entes queridos, como o lenhador Poul. Quando a guerra estourou, Rílkare sabia que estava a um passo de solucionar a questão, mas foi convocado para a luta. Sua decisão não podia ser outra, rebelou-se para prosseguir a investigação.

O nobre deu com os ombros e disse receoso – A esta altura já deve haver um prêmio para a minha cabeça. Eu deveria estar à frente das tropas de Balish, no lugar de meu pai...

Örion sentiu um arrepio e olhou bruscamente para trás. Algo estava os rodeando.

– Vamos – disse o silfo num sobressalto – precisamos chegar até os outros.

Noran virou-se frustrado. Sendo agora um espírito, perdera a maior parte de suas capacidades psíquicas que permitiam interagir com o plano físico. Um simples contato com uma pessoa era extremamente difícil na maior parte dos casos. Tentava algum contato com Örion há dias, sem sucesso. O máximo que conseguia era provocar arrepios, de vez em quando.

Noran se esforçava para contatar a mente de Kyle que estava aprisionada em algum recanto da mente do jovem silfo e inacessível. Após muita observação, notou entre as diversas camadas energéticas da mente e do espírito do silfo uma tênue linha que se projetava para longe viajando até o corpo de Kyle. Os dois estavam conectados de um modo que Noran desconhecia e não compreendia. Noran ficou curioso e tentava deduzir a causa e propósito daquela ligação. Por hora, única coisa que podia fazer era segui-los em sua viagem.

Örion e Rílkare chegaram ao acampamento. Situava-se na borda oriental da floresta proibida, na outra margem do Rio Viran. Ali estavam Poul, Con e Skallurè. Con viera junto com um grupo de soldados de Balish, fiéis ao capitão Timas, amigo de infância de Rílkare que servia na guarda da cidade. Eram apenas cerca de vinte homens, o dobro do número de mercenários recrutados por Skallurè com o ouro de Rílkare. Houve uma discussão e Con fora contra contratar mercenários, especialmente se escolhidos por Skallurè. Rílkare insistiu na questão. O simples fato de Skallurè aparecer com homens foi uma surpresa para Con, que imaginava que ele simplesmente desapareceria com o ouro a ele confiado por Krenov.

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