Yourdon estava seminu em sua confortável poltrona. Seus aposentos ficavam numa das altíssimas torres erguidas na necrópole pela incansável força de trabalho composta por milhares de criaturas mortas vivas. Lá fora, podia-se ver que a cidade do necromantes crescera muito e possuía a agitação intensa como a de uma imensa colmeia escura e macabra.
Ao redor do feiticeiro havia delicados aparelhos místicos que recebeu como presentes do antigo e poderoso Thoudervon. O corpo de Yourdon descansava, quase deitado, e sobre seu peito e testa estavam encaixados dois cinturões de metal com pedras preciosas embevecidas em pura energia mágica. Este aparelho ajudava a projetar sua consciência a lugares distantes e inimagináveis.
A fascinante exploração de outras dimensões era uma obsessão para o mago. Ele usava todo seu tempo livre nas viagens. Ele conseguia fazer viagens astrais através dos antigos portais que um dia ligaram fisicamente a Terra das Nove Luas a diversos planos, tais como Ástrades, a terra natal dos anões, ou Fellhoria, lar do povo felino que lutou contra os demônios na guerra milenar.
Seu conhecimento sobre magia crescia e assim como sua curiosidade, mas ele esbarrava nos frustrantes limites de suas habilidade e própria capacidade intelectual. Perto das explorações as guerras e conflitos que ocorriam no Império Lacorês eram como coisas fúteis e indignas de atenção. Thoudervon o prezava como aluno, mas justamente por causa de sua utilidade, ficava preso a uma cansativa e longa rotina de trabalhos que prestava como assistente.
Sua jornada de consciência terminaria mais cedo naquela noite. Thoudervon, que raramente vinha visitar seus aposentos, entrou e anulou o feitiço de viagem astral, trazendo-o de volta ao corpo abruptamente.
O mago levantou-se assustando levando as mãos aos olhos que doíam muito. Sentou-se e olhou para o ser esquelético que o aguardava em uma de suas poses inumanas.
– O que houve, mestre?
– Temos um problema na capital.
– Problema? – indagou o aprendiz passando as mãos em sua careca. Os pelos curtos espetaram a palma indicando que era hora de raspá-la novamente. Depois de um acidente em que teve parte do cabelo incendiado, o mago adquiriu o hábito de raspá-lo.
– Sim. O imperador morreu, mas tornou-se um morto-vivo, e assim como eu, goza de plena intelectualidade e mantém seus poderes nigromânticos.
– Certo, mas qual é o problema?
– Já estava chegando nisto, pupilo. No processo ele perdeu a razão e fez algumas coisas que fogem ao nosso acordo.
– O estratagema está ameaçado? – indagou alarmado.
– Não pude avaliar os impactos disso, mas foi uma possibilidade que eu previ.
– Se havia previsto, posso saber por que não impediu que acontecesse?
– Vou deixar que você pense um pouco nisto enquanto resolve o problema.
– O que deseja, mestre?
– Eu iria pessoalmente, mas sabe bem que detesto interromper meu trabalho... Quero que vá a Lacoresh e coloque a situação novamente sob controle.
– Defina sob controle.
– Não. Já ensinei a você o suficiente para não precisarmos discutir pormenores. Apenas vá e resolva o problema.
Yourdon curvou-se – Sim, mestre, como desejar.
Thoudervon bateu os dentes e deixou os aposentos. Sem suas roupas, o mago tinha uma aparência de magreza doentia. Foi até seu cabideiro para vestir-se. Chris vestiu o manto cinzento e sobre este o vermelho, de gola alta e adornada de prateado. Olhou-se no espelho sem conseguir aprovar sua própria imagem e resmungou – Trabalho, trabalho, trabalho...
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Oráculo Esquecido
FantasyAs esperanças do reino de Lacoresh estão nas mãos de Kyle e seus companheiros e sua missão de obter respostas junto ao Oráculo. Mas antes de obter tais respostas, outras revelações mostram que um mal que surge nos reinos do Vale Verde. Seria algo o...