CAPÍTULO 91

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– Eles estão aqui, em algum lugar, mestre – sussurrou a sombra nos ouvidos de Maurícius.

O antigo monarca de Lacoresh volitava sobre as ruas da Cidade Oculta, agora coberta por vegetação e musgo. Maurícius procurava por seres vivos com seu anel localizador. Derek, escondido nas sombras, observava o avanço do medonho ser. Sua imunidade à magia o protegia do feitiço localizador.

– Não há ninguém aqui, seus tolos! – Maurícius estava furioso.

– Mas mestre, nos vigiamos todo o derredor da cidade, eles não saíram, posso garantir.

– Então, minha filha deve ter feito algum feitiço protetor. Sim, ela seria bem capaz disto. Onde estarão?

– Talvez lá, mestre – Uma outra sombra apontou para a praça dos palácios da Ermirak.

Maurícius concordou e flutuou naquela direção.

– Ora, mas o que é isto? Um presente! – Maurícius disse ao se aproximar do túmulo coletivo. Havia uma enorme pilha de corpos. Acionando o poder seu seus anéis convocou – Ergam-se! Ergam-se!

Aos poucos, os corpos, há muito inertes, começaram a esboçar movimentos. A convocação seguiu por cerca de uma hora. Com milhares de zumbis esqueléticos a seu dispor, ele ordenou – Encontrem-na! Procurem por todos os cantos desta cidade! Revirem todas as pedras.


Mais tarde naquele dia, Radishi, Archibald e Noran retornaram à superfície trazendo os raros cristais. Radishi estava exausto e só pensava em retornar ao palácio para dormir. Assim que emergiram no bosque Radishi disse – Esperem. Há alguma coisa estranha...

– O que? – indagou Archibald.

– Sinto presenças malignas. Fique atento!

A dupla seguiu com cautela em meio ao bosque enquanto o espectro de Noran perdeu-se de vista. Um brado de guerra cortou o silêncio.

– Sir Derek! – constatou Archibald – Por ali!

Radishi recorreu à força de vontade para seguir adiante. Logo se depararam com mortos-vivos aqui e ali.

Archibald pegou um punhado de cristais de sua sacola e com sua energia repelia as criaturas de modo trivial. Avistaram Derek. Estava cercado por centenas de mortos-vivos, seu machado faiscava e derrubava-os, mas onde um caia, surgiam três. No alto, viram a figura sinistra de Maurícius envolta num manto esvoaçante. Ele se divertia assistindo o cavaleiro sendo subjugado aos poucos.

Radishi, com o corpo saturado de Jii, conseguiu fez contato mental com o cavaleiro. Isto fez com que Derek se recordasse de Calisto.

"Derek, nesta direção!"

Archibald elevou suas preces evocando a magia sacerdotal e avançou sobre a turba de mortos-vivos fazendo-os se afastar como a água repele o óleo.

Maurícius vociferou – Onde está a princesa? Digam e eu lhes darei uma morte rápida.

Derek abriu o caminho derrubando mais uma dezena de criaturas até chegar ao local protegido pelas emanações de Archibald.

– Estou aqui, papai! – a princesa saltou de uma das torres do palácio Majsir e deu um mergulho como o de uma ave de rapina. Em instantes atingiu o pai com o golpe levando-o para o chão.

– Derek, ataque! – ela gritou antes de tocar o solo. Ambos rolaram, mas a princesa estava protegida por uma barreira mágica que faiscou contra o chão. Não foi forte o bastante para que escapasse ilesa, mas salvou-a de ferimentos graves.

Derek avançou com sua típica fúria e determinação. Atacou Maurícius, indefeso. O morto-vivo desviou-se como pode, evitando o golpe que o eliminaria. O machado decepou o braço e ele sentiu horror ao ter seus preciosos anéis afastados de si. Derek atacou novamente, mas Maurícius escapou saltando para trás e em seguida alçando voo.

– Malditos sejam! – era hora de recuar. Voou para longe segurando o coto de seu braço e proferindo maldições.

Radishi auxiliou a princesa e ela ficou de pé. Archibald mantinha os mortos-vivos afastados, mas não poderia sustentar isto por muito mais tempo.

– O que faremos? – Hana estava desesperada, pois sabia que não tardaria até que fossem derrotados.

– Acho que podemos procurar – Radishi parou para tomar fôlego – uma saída pelas vias subterrâneas.

– Tem certeza de que não ficaremos encurralados?

– Não, mas agora que vi o local – parou para respirar e prosseguiu – acredito que há outra saída de Tisamir. Li textos que mencionavam uma entrada subterrânea, apenas nunca dei crédito a eles.

– Certo – concordou Archibald, em último caso, recorremos ao velho Brum.

– Quem? – indagou Derek.

– Vamos! – disse Radishi ofegante – explicaremos no caminho.

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