CAPÍTULO 81

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Duas noites depois, Archibald e Lepard foram visitados por Nasbit. Ele veio ao Banquete do Monge na companhia de duas figuras encapuzadas e que não diziam uma palavra sequer. Nasbit usava sua barba grisalha curta, mas cheia. Suas roupas eram escuras e folgadas cobrindo todo o corpo, até mesmos as mãos com grossas luvas.

– Antes de seguirmos, preciso saber se poderão nos pagar.

– Pagar? Por que? – retrucou Archibald.

– Querem ver Sir Derek, não é mesmo?

– Sim.

– Posso arranjar um encontro entre vocês, mas vai custar.

– Quanto? – indagou Lepard.

– Cinquenta coroas Lacoresas.

– Isso é praticamente tudo que temos! – Lepard indignou-se.

– Nossa organização precisa de recursos. Em Lacoresh, o dinheiro dita muitas regras.

Archibald concordou – Tudo bem, dinheiro não faz muito sentido.

– Para você pode não fazer... – resmungou o dacsiniano.

Nasbit pigarreou e prosseguiu – Sir Derek estará no grande baile imperial. Ele é muito ligado à princesa Hana. O sujeito é um tanto louco, pois já não se separa de sua arma por nada. Cortou inúmeras cabeças por desavenças triviais. Talvez, o banquete seja a única oportunidade de encontrá-lo, visto que, seu paradeiro quase nunca é conhecido. Sabemos que ele serve ao misterioso ser que comanda a necrópole. Um bruxo lendário que chamam de Thoudervon

– O que possui a chave da prisão! – Archibald deixou escapar.

– Prisão? – Nasbit quis saber.

– A prisão mágica onde estão Kyle, Gorum e Kiorina, nas proximidades de Saubics.

– Saubics? Curioso...

– O que?

– Pelo que ouvi dizer é o próximo alvo da conquista lacoresa. Preparam uma campanha contra os quatro reinos do Vale Verde.

Houve uma pausa e An Lepard indagou – Necrópole? O que é isso?

Nasbit explicou – A cidade em que os bruxos necromantes preparam seus exércitos de mortos-vivos usados nas guerras. É a verdadeira capital de Lacoresh, mas é tida pelo povo como uma mera crendice. Faz anos que não se avistam mortos-vivos, espectros ou coisas do gênero em Lacoresh.

Archibald estava inquieto. Tinha uma sensação ruim. Talvez não devessem confiar em Nasbit, afinal.

– Se dinheiro é tão importante para vocês, o que nos garante que não nos venderá aos necromantes?

Nasbit deu uma risadinha – Sabe mesmo muito pouco a nosso respeito. Faríamos muita coisa em troca de dinheiro, exceto favorecer esses bruxos malditos.

– Ainda assim...

Nasbit interrompeu a objeção de Archibald. – Veja Sr. DeReifos, vocês não estão em posição de fazer objeções. O dinheiro vai cobrir custos para colocá-los dentro do palácio na ocasião do baile, mas só isto. Depois de obter as informações que deseja junto a Sir Derek, há algo que estamos planejando contra a família real, e, uma pessoa com suas capacidades poderia ser útil.

– Quer me transformar em seu instrumento de vingança?

– E você próprio, tem algum amor por esta família real corrupta e maligna? Não desejaria vê-los pagar por seus crimes?

Archibald ficou confuso. Ali perto, Noran tentava intuí-lo a não se envolver no plano de Nasbit. Percebia claramente que ele o estava manipulando. Havia algo nele, que Noran procurava identificar, sem sucesso. Não era sua mente. Um objeto, talvez?

– Se colaborar conosco, tenho uma outra informação que tenho certeza que me pagaria qualquer preço para obter.

Archibald sentia sua curiosidade sendo atiçada além do normal.

– O que?

– Vou apenas lhe dar uma pista. É sobre alguém que você desejaria vingança, mas talvez não saiba que está vivo.

– De quem está falando?

– Ora, nossa irmandade sabe muito sobre nossos inimigos. E este, é um dos seus membros da cúpula necromante. Alguém que o conhece desde tempos remotos e que fez a você coisas terríveis.

A imagem de Weiss veio à mente de Archibald, mas ele se recusava a acreditar que ele pudesse estar vivo. Tinha morrido no incêndio da biblioteca no mosteiro dos Naomir.

– Vejo em seus olhos que sabe de quem estou falando. O prior da ordem dos Naomir, irmão Weiss.

– Weiss? Não pode ser. Ele está morto! Ele não pode ter sobrevivido!

– O velhaco tem poderes que você não imagina, Archibald. Certa vez, no tempo da rebelião, fizemos uma emboscada para ele e para a princesa Hana quando retornavam de Homenase. Três de nossos melhores, incluindo um hábil mago da Alta Escola sucumbiram contra o maldito.

– Onde ele está?

– Ah, chegamos ao ponto. Sei que irá se interessar por seu paradeiro, como sobre seus planos iminentes. Mas isto, meu caro, só poderei lhe contar, caso nos preste um serviço no baile.

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