CAPÍTULO 6

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Era o segundo dia de viagem rumo a grande cidade de Tchilla. Logo cedo, An Lepard encontrou Kyle e Archibald, que ainda estavam conversando no convés principal.

O capitão parecia disposto e bem humorado. Lembrava o Lepard de quando o conheceram. – Escutem Lacoreses! Logo sairemos das águas rasas da costa de Dacs. Poderemos encontrar águas revoltas a frente, portanto fiquem atentos.

– Um bom dia para você também, capitão. – Ironizou Kyle.

– Engraçado como sempre, não Blackwing? Pois saiba que além de mar bravio, esses mares que atravessaremos também são conhecidos por abrigarem diversas feras marinhas.

– Feras marinhas? Como assim?

– Melhor nem explicar. Rezem para não cruzarem nosso caminho.

Archibald bocejou longamente. Kyle seguiu o reflexo por imitação.

– Lacoreses... Mas que caras! Se tiveram dificuldades de dormir ontem, preparem-se para tempos piores. 

An Lepard seguiu adiante e começou a gritar em sua língua materna para seus homens, chamando-os a acordar e trabalhar com afinco.

Kyle e Archibald seguiram para o interior da nau e lá se encontraram com Gorum e Kiorina. Como era o costume no navio de An Lepard, os passageiros recebiam o desjejum em um dos cômodos da cabine de An Lepard. Ali, grande mesa de navegação estava posta. Havia pães, mel, geleias, leite fresco e sucos. Eram assim os primeiros dias de viagem, enquanto os suprimentos carregados no navio ainda estavam frescos. Alguns dias mais tarde, as refeições já perderiam certos atrativos.

– Bom dia, dorminhocos! – cumprimentou Kiorina, animada.

Kyle acenou e Archibald respondeu sonolento – Bom dia. – deu um tapa amigável no ombro de Gorum e sentou-se ao seu lado. Enquanto isso, Kyle sentou-se ao lado de Kiorina e esticou a cabeça dando-lhe um beijinho no rosto. – Bom dia, antes que diga que sou mal educado.

Kiorina corou, mas procurou disfarçar o embaraço mostrando-lhe a língua e ironizando. – Como adivinhou?

Gorum comia uma generosa fatia de pão com geleia e observava as atitudes de Kyle com certa curiosidade. – Hum! Essa geleia dacsiniana é como uma piada: me faz sorrir.

Seguiram-se alguns momentos de silêncio proporcionados pela comilança. Houve mais alguns comentários aqui e ali até que Kyle engasgou e tossiu um bocado ficando com o rosto vermelho. Claudine, o motivo do engasgo, entrara na cabine vestindo apenas uma camisa folgada, que cobria as pernas como se fosse um vestido muito curto. Archibald encarou as pernas atléticas e nuas de Claudine até que Gorum acertou-lhe uma discreta cotovelada no braço. Kiorina fechou a cara ao observar a mulher se aproximando.

Claudine, um tanto distraída, agia com naturalidade e veio buscar lugar ao lado de Kyle. Ficou entre ele e Kiorina. A moça dacsiniana cobriu um bocejo com a mão enquanto apoiava a outra na coxa de Kyle. O rapaz enrijeceu e ela comentou casualmente. – Pode men passar a geleia Blequiuin?

Kyle sorriu sem graça e atendeu ao pedido um pouco desajeitado. Só então ela retirou a mão de sua coxa. Claudine lambrecou um pão com a geleia e deu uma boa mordida. Ao mesmo tempo, fechou os olhos e saboreou emitindo um suspiro, e ao engolir, disse algumas palavras incompreensíveis em dacsiniano. Em seguida, voltou a atenção para os demais presentes. Inclinou-se por cima da mesa estendendo a mão para cumprimentar Archibald. – Muito prazer, sou Claudine.

Archibald sorriu amarelo e apenas disse seu nome. Claudine inclinou-se ainda mais para alcançar Gorum. Para tal, colocou-se numa posição um tanto indecente para o ponto de vista de Kyle que apertou os lábios. Gorum cumprimentou-a achando graça na situação. Para finalmente cumprimentar Kiorina, a moça debruçou-se sobre Kyle que corou imediatamente.

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