Alguns dias se passaram e o entroncamento em que Kiorina e Gorum se hospedavam tornou-se bastante movimentado. Moradores de outros vilarejos vinham para ver o misterioso e belo casulo. Coincidência, ou não, na mesma noite em que Kyle despertou de seu longo sono, o casulo se rompeu, sem ninguém por perto para ver o que saiu.
O rapaz abriu os olhos, mas não era capaz de mover o corpo. Estava escuro e a única sensação que tinha era de estar deitado numa cama confortável. A memória do confronto na fortaleza da torre negra ainda persistia, causando confusão. Outros pensamentos e memórias galopavam pela mente de Kyle causando-lhe aflição. Sua respiração ficou acelerada e seu corpo transpirava. Em seguida, começaram as convulsões, e com o barulho, Wbick veio até o local. O ancião tocou Kyle e disse.
– Pode me escutar, rapaz?
Quando não houve resposta, Wbick saiu apressado para retornar logo em seguida. Kyle se contorcia e dizia coisas sem sentido. O velho forçou-o a tomar uma bebida amarga feita da seiva da grande árvore. Tratava-se de um forte calmamente que logo dissipou as convulsões. Wbick tentou comunicar-se mais uma vez e obteve a resposta em sílfico – Meu nome é Örion, onde estão Rilks e Con? Por que Keledrel nos traiu?
– Vamos, Kyle de Lacoresh, volte a si! Sua mente está confusa.
O que Kyle fez em seguida deixou Wbick ainda mais surpreso. Sentou-se encarou-o nos olhos e falou na língua morta do povo de Wbick, já extinto – Weinerbik Pristimos? A Cidade Branca sucumbiu! Nosso rei foi capturado. Eu não pude protegê-lo! O que será de nosso povo?
O ancião se arrepiou todo e tossiu. Concentrou-se e disse – Nosso povo encontrou o fim de um ciclo, assim como todas as coisas da criação.
Apenas por poucos momentos, outras mentes contidas no profundo inconsciente de Kyle vieram à tona, cada qual, falando sua língua peculiar. Ele voltou a falar lacorês – Archibald, meu amigo, eu vi o futuro. Você estava certo. Não podemos lutar contra o destino.
Kyle virou-se bruscamente e disse – Noran, é você?
Olhou para um ponto vazio e Wbick acompanhou o olhar, pois sentia vindo dali uma forte presença. Kyle voltou-se para o velho sentado ao seu lado.
– Quem é o senhor? Onde estou?
– Sou Wbick e está em minha casa. Consegue se levantar?
Kyle se esforçou. Sentia as pernas fracas, mas conseguiu ficar sentado e levou as mão à testa.
– Ai, que dor de cabeça.
Wbick ajudou-o a ficar de pé.
– Vamos dar uma volta. Caminhar vai lhe fazer bem.
Kyle foi conduzido pelo ancião para fora da casa. A cabeça doía e as ideias se embaralhavam. Reconheceu aquele ambiente, mesmo sendo noite. As partículas translúcidas caíam do alto. Aquilo ativou sua memória.
– Eu estava com a pequenina... E apaguei. Para onde ela foi? Onde estão Kiorina e Gorum?
– Seus amigos estão bem, mas não sei desta pequenina...
– É uma fada.
– Fada? Ora, mas que curioso. Não vejo uma há séculos.
Kyle franziu o cenho e concluiu que o velho falava em sentido figurado. Caminharam em silêncio aproveitando os ares noturnos. O efeito visual do chuvisco luminoso que emanava as folhas da árvore relaxavam o rapaz. Wbick o conduzia para o local onde estavam hospedados os demais. Aos poucos, a dor de cabeça se dissipou e a confusão mental recuou dando lugar a uma forte angústia. Isto, comparado ao estado mental anterior, era um alívio. Viram, ao longe, as luzes da vila em que estavam Kiorina e Gorum. Imagens e experiências vividas pelo rapaz foram aos poucos se ajustando em sua mente.
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Oráculo Esquecido
FantasyAs esperanças do reino de Lacoresh estão nas mãos de Kyle e seus companheiros e sua missão de obter respostas junto ao Oráculo. Mas antes de obter tais respostas, outras revelações mostram que um mal que surge nos reinos do Vale Verde. Seria algo o...