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Neithan

Levo o líquido amarronzado que pairava no copo até a boca enquanto observo ao redor as pessoas dançando.

Antony fez questão de vir a esse lugar, em específico hoje. Na minha família é mais fácil festejar na data de falecimento de alguém do que ficarmos lamentando a morte.

Kaia, a mãe de Antony e segunda esposa do meu pai o antigo Capo da cosa nostra, não era lá uma pessoa muito adorada por nós da Famíglia. Ela morreu quando Antony completou oito anos e isso trouxe um pequeno alívio para os conflitos da mansão Luchesse.

Mas o alívio durou pouco já que algum tempo depois minha mãe, Clarisse Lucchese, teve de lidar com a patética função de dividir a atenção do meu pai novamente. A questão em sí trás vários questionamentos, já que a máfia trata como questão de honra e dever a fidelidade no patrimônio, caso isso seja refutada, temos a ideia de que o membro poderá nos trair assim como a pessoa a qual se deita todas as noites.

O que muda isso é que como um Luchesse original, nem eu ou meus irmãos devemos absolutamente nada a ninguém. Nascemos com o sangue que governa e ninguém pode nos governar, é por esse motivo que meu pai faz questão de uma puro sangue, assim ele terá certeza que nossa família não entrará em declínio e terá sua devia continuidade limpa.

- Os gregos trarão problemas. - Antony fala olhando o horizante onde as pessoas estão dançando.

- Prefere confiar nos russos?

- É preferível não confiar em ninguém. - Anúncio e os dois me olham - Encontraram dois traidores essa manhã, um deles estava pelas redondezas. Querem arricar confiar em alguém?

- Precisamos dos gregos, eles são baratos e fáceis de eliminar. - Dylan fala focando em algo específico no meio da pista - São ótimas iscas também.

- Não digam que eu não avisei.

O loiro se levanta e caminha até o grupo de russos os cumprimentando. Olho para Dylan que dá de ombros bebendo o Whisky e eu volto a focar meus olhos ao redor da boate.

As luzes vermelhas circulando o ambiente em conjunto com a grande quantidade de pessoas se esfregando uma nas outras. Hoje é uma grande noite, a quantidade de turistas que chegarão à cidade é uma ótima notícia já que com eles a distribuição de drogas cresce muito mais que o normal, o tráfico de jovens perdidos também nos ajuda, muitas vezes não precisamos fazer nada além de os oferecer uma mísera bala em troca.

- Ele sempre fica insuportável nessa data.

- Você também ficaria.

- Ele vai para as montanhas novamente. - Dylan anuncia e eu aperto os olhos vendo o tamanho problema disso - Nem me lembro a última vez que fomos lá, aquele lugar deve estar tão diferente.

- Acho que tem um motivo de termos deixado de bom grado Antony ficar com aquela casa, e é não precisarmos lembrar daquele lugar.

Dylan concorda bebendo seu último gole e eu volto a olhar para frente, olho para encontrando o loiro ainda conversando com os russos e bufo esperando essa noite acabar.

É como se minha mente estivesse em transe, eu preciso de algo e infelizmente eu sei o que é. Eu preciso matar alguém, mas um alguém específico, anos atrás eu ficaria mais do que feliz mas nessa situação o que complica é eu não saber onde minha vítima está.

Desde que eu vi aquela mulher na janela essa sensação não passa, é como se meu animal interior houvesse arrebentado com as próprias garras a jaula que eu o mantenho preso. E agora? Bem, agora eu preciso a encontrar e acabar com isso antes que isso acabe comigo. Não concordo com quase nada que venha do meu pai, mas preciso admitir que sempre devemos acabar com o que nos incomoda pela raiz do problema, e a desconhecida se tornou o meu grande problema.

- Temos um pequeno probleminha. - Antony fala me tirando dos meus devaneios.

- Quem morreu?

- Um casal na costa da montanha Bler e três amigos na avenida St.Clair.

- Dilettanti. - Dylan fala sorrindo de escaneo.

- Dylan Lucchese...

- Não foi eu,... eu prometo. - ele fala erguendo as mãos em rendição.

- Certo. - Indago fazendo sinal para Ed que está parado ao pé da escada, o mesmo caminha até mim e se aproxima para me ouvir - Temos um 67 na cidade.

- Sim, senhor. - ele assente e logo se afasta indo em direção a saída.

- Uma ótima noite. - Antony suspira levando os braços atrás da cabeça e se ajeitando melhor na cadeira.

Boa parte da festa está de olho em nós três como de costume apesar de tentarem manter o olhar desviado, sorrio vendo um grupo de mulheres tropeçar e volto a olhar Antony que pisca para uma delas. Sem dúvida alguma Antony e Dylan se tormam muito acessíveis à elas mesmo que elas não sobrevivam para contar a história.

- Sem dúvidas, fratelo. - Dylan sorri assim que a prostituta serve mais uma dose de Whisky para ele.

- O que os dois estão aprontando?

- Nada de muito novo. - Antony da de ombros - Só estou feliz, tudo está muito normal e monótono na cidade, mas acho que está faltando um casamento na cidade, não acha?

- cazzo. - Reviro os olhos vendo onde ele quer chegar.

- Escolha logo, não aguento mais pessoas morrendo porque você está irritadinho, cazzo.

- Quer apontar algo aqui? Sou eu que fujo de casamentos aqui, Antony? - pergunto olhando no fundo dos olhos do mesmo vendo ele perder o ar de piada.

O mesmo se levanta e caminha em direção a um dos corredores na boate, o sigo com os olhos sentindo o olhar de Dylan me queimar no mesmo instante.

- Precisa medir suas palavras.

- E vocês precisam cuidar da vida de vocês. - me levanto e a música para no mesmo instante como de costume - vocês tem trinta e oito dias para encontrarem esposas para vocês.

- Está de brincadeira comigo? - ele fala alarmado e eu rio sem vontade.

- Já me viu brincar alguma vez, Fratello?

Caminho em direção a "passarela" que liga a parte superior onde estamos a um corredor onde eu posso ver tudo na pista de dança enquanto caminho por cima de todos e ouço Dylan bufar irritado.

Os neurônios dele podem estar em um enorme combustão no momento, mas nem morto irei mudar de ideia em relação a minha decisão. Está tudo muito fácil para os dois desde que me finalizei minha iniciação e me tornei o capo, agora Dylan terá que guardar seu alter ago e Antony terá que conviver com algo que não seja seu humor ou o pasto da fazenda.

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Neithan tá full pistola, acho que tá precisando de um chá de camomila, se é que me entendem...

Não esqueçam de curtir e comentar, por favor isso me anima demais vocês não tem noção. ❤💖

La famiglia Lucchese - Neithan.Onde histórias criam vida. Descubra agora