LII

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Neithan

Eu não gosto dessa casa, desse lugar. Apesar de não ser mais um garotinho de seis anos que possui medo da própria sombra ou dos lobos que habitam essas montanhas, as lembranças me remoem e me atormentam. Antony se puni diariamente se forçando a morar aqui e eu sinceramente não entendo o exato sentido.

Carlos, nossa "pai" nos trazia para cá em épocas de caçada e foi aqui que adquirimos nossas dezenas de cicatrizes maiores e mais perceptíveis. Digamos que nós eramos as verdadeiras presas e não os animais selvagens que habitam esse local. As lembranças da minha carne sendo rasgada como se fosse um animal prester ser abatido tomam minha mente desde que saimos de casa, a lembrança de Dylan e Antony machucados e implorando tanto quanto eu me invadem a mente e eu sinto a fúria emergir.

Apesar de odiar esse lugar, odiar tudo que ele representa, eu precisava tirar Anna da cidade. Não à lugar mais seguro do que aqui e a hipótese de desertores estarem na cidade como rastreadores de Lorenzo não me assusta, mas me diz que devo tomar cuidado com ela e os pequenos. 

Não podemos atacar Lorenzo dentro das terras russas, isso é óbvio, mas não significa de maneia alguma que eu ficarei por fora do que ocorre dentro daquela imundície que chamam de país. Dylan está infiltrado lá como ordenado e assim ficamos à par de tudo e melhor ainda, eu consigo saber que Antony não está tramando matar sua noiva.

Tudo como deve ser.

Beberico o wiscky e Antony me entrega as pastas da sede, ele mesmo se mantendo nesse fim de mundo continua sendo o general do meu exército e comanda as coisas envolvendo outros países. Digamos que é Antony o responsável por encontrar briga para darmos ordem de guerra.

Folheio a pasta e o mesmo me olha atento enquanto abre o mapa do perímetro grego. Como tomamos conta de Albânia à pouco tempo atrás, os gregos estão com medo de serem os próximos. Eles estão certos.

— E Mattheo? — Chama minha atenção — encerrou os trabalhos? Não vi mais homens procurando por ele no paradiso.

Ele pergunta bebendo o wiscky e eu sorrio de escaneo.

— Eu o vendi. — Indago simplista.

— Quem quis comprar aquela porcaria? — ele me olha confuso — O coitado estava mais acabado que um saco pisoteado.

— Adivinha? — falo voltando a passar as fotos da pasta — Um alemão o comprou, até que foi um bom investimento. Não pensei que carne morta valia alguma coisa.

— Está evoluindo, Fratello. — ele ri convencido — Anos atrás teria o dado de comer para os cachorros e agora faz uma boa ação dessas.

— De certa forma ele ainda vai ser comido. 

Acho que os cachorros seriam um fim digno demais para ele e Mattheo não merece um obviamente.

— Ja que estamos falando em evolução.

— Não! — ele me para antes que eu comece — Não comece com essas preocupações desnecessárias.

— É desnecessário me preocupar com o futuro dessa máfia? — Pergunto e o mesmo bufa — Seja adulto, cazzo, e aceite seu futuro. Eu aceitei o meu, estou fazendo o que me foi destinado e obrigado. Dylan está se saindo bem em seu cargo, então me de um motivo para não querer meter uma bala em você para se ligar que não é para mata-la?

Ele revira os olhos e olha para a janela como uma criança birrenta.

— Se eu a houvesse tentado a matar, ela estaria morta. Você sabe melhor do que ninguém.

— Prometa, Antony. — olho para o mesmo que serra o maxilar.

Fiz muitas coisas nessa vida e carrego meus irmãos nas costas à muitos anos, o que fiz e o que deixei de fazer estão no passado apesar de haverem marcas pelo meu corpo provando o contrário. Contudo, Antony e Dylan mesmo que do modo torto deles ainda se submetem ao meus pedidos e ordens como modo de agradecimento.

La famiglia Lucchese - Neithan.Onde histórias criam vida. Descubra agora