XXI

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— Deixar você ir? — ele anunciou com desdém e eu o olhei confusa — Srta. Bianchi.

Oh céus, ele sabe meu sobrenome, isso não é bom. Meu tio sempre me proibiu de pronúnciar em voz alta, quem dirá alguém saber. Não sei o que ele significa ou se carrega algo de ruim, mas meu tio não gosta.

— Eu a procurei nos confins do inferno. — ele fala irritado e se afasta desabotoando o paletó — E eu... Eu não sou o tipo de homem que perde o seu tempo para no fim deixar tudo ser arruinado.

— Então-...

— Você não vai sair dessa casa. — ele falou calmamente fazendo meu coração ter uma pequena parada — Você não vai sair do meu lado e acima de tudo, não vai voltar para aquele lugar!

Sinto as palavras serem arremessadas contra mim e a minha visão fica turva. Levo as mãos ao rosto sentindo o nervoso e evito que uma lagrima desça. O que meu tio ira fazer, ficar aqui não é seguro e céus... eu não quero, não quero ser concertada, ainda sinto medo daquele lugar...

— Neithan... por favor... — Falo nervosa — Você não entende... você precisa me soltar, eu preciso voltar.

— Eu não entendo? — ele tira o paletó e se apoia na mesa cruzando os braços em frente ao peito com uma risada sem humor — Você não entende, florzinha. Eu não mudo de idéia, nunca, em hipótese alguma. Isso não é do feitio dos Luchesse e não será agora que isso irá mudar.

— Neithan...

— Você. Vai. Ficar! — ele fala entre dentes.

— Não,não, não... eu preciso... ele vai... oh meu deus... — Falo sentindo as lágrimas descerem.

Tento não chorar e me viro de costas, eu não iria chorar, não na frente dele.

— Você precisa me soltar... — Soluço tentando não chorar— Ele é perigoso, ele vai me machucar... machucar você também. Oh, dio santo, as crianças...

— Eu já disse, elas estão bem. E eu não pretendo machuca-la, não se você se comportar.

— Por favor, Neithan... — me viro encontrando os olhos dele — Por favor...

— Não posso deixa-lá ir. — ele anuncia e se aproximando — Não posso, florzinha.

— Ele vai me encontrar... — Sussuro e o mesmo nega se aproximando mais.

— Não, Não vai. E se encontrar, ele não vai tocar em um fio de cabelo seu. — ele puxa meu rosto para eu o olhar — Entenda uma coisa, você nunca vai estar mais segura do que está aqui nessa casa, porque sou eu quem vai a proteger.

O polegar dele escorrega pelo meu maxilar e eu o olho com a visão nublada pelas lágrimas que eu tentava parar. Ele se aproxima e eu coloco a minha mão sobre o peito dele.

— Por que me trouxe aqui...? — Falo em um fio de voz — Por que você me quer tanto aqui?... isso não faz sentido, eu não entendo.

Ouco um ganido surgir dos lábios dele e o mesmo se aproxima mais, as mãos dele sobem para os meus cabelos e o meu rosto para a milímetros dos dele. Sinto a respiração dele sobre o meu rosto e eu o olho atentamente.

— Não posso deixar você ir. — ele anuncia contra o meu rosto — Não posso.

— Por que não...

— Simplesmente não posso. — ele fala e se aproxima mais — Essa será sua resposta por hora.

A mão dele pousada em meus cabelos e rosto me seguram firme e eu sinto minha respiração ficar escassa. Nunca fiquei tão próxima assim de alguém. Parecia errado, parecia que eu estava fazendo algo muito errado e sim, eu estava.

Antes que o mesmo sele nossos lábios, eu viro meu rosto ouvindo um grunido de frustação. Neithan bate a mão contra a porta atrás de mim e eu o olho assustada.

— Por que-... — Ele gruni no meu ouvido e aperta a mão sobre a minha cintura.

— Eu não posso... — Nego e me afasto do mesmo com um pouco de dificuldade pelas mãos dele que pareciam me controlar — sinto muito. 

Neithan me olha com um semblante sério e se afasta contra gosto. Acompanho os passos dele indo em direção a mesa e me escosto na porta sentindo meus joelhos sederem, lentamente. Me mantenho parada e o mesmo vira uma dose do líquido escuro pela boca em um único gole. Como alguém pode assim... e pela manhã?

— Eu entendi qual o seu problema. — ele fala emburrado — Vou resolve-lo.

— Vai me libertar?

— Sem chances! — ele bate o copo sobre a mesa.

— Você não pode me prender aqui... isso seria... eu não sei, mas isso seria errado. — Falo com a voz trêmula e ele ri sem humor vindo na minha direção novamente — Eu... eu não sei muitas coisas, mas sei que você me prender aqui é errado.

— Oh, é errado? — ele sorri de escaneo.

O que é tão engraçado?

— Chame a polícia então, talvez eles me levem preso. — Ele fala em um tom sério mas ainda havia o sorriso em seus lábios — Oh não, sou eu quem comando eles, e não podem prender seu chefe. Certo?

Entreabro os lábios sem saber o que responder e ele sorri apoiando as duas mãos ao lado da minha cabeça. O olho assustada e ele baixa o rosto para chegar a minha altura e falar próximo ao meu rosto.

— Vai por mim, florzinha, ficar aqui será muito bom. — ele sussura próximo ao meu ouvido e eu sinto meu corpo arrepiar — Posso ensinar tudo que você não sabe...

Sinto a respiração dele em meu pescoço e franzo o cenho, o que esse homem está fazendo?! Dios mio.

— Você gosta do céu? — ele pergunta afastando meu cabelo — Posso levá-la até lá.

Viro o rosto para encontrar o dele e o olho confusa. Para ir para o céu eu preciso estar morta... ele...

— Vai acabar comigo? Com a minha vida... — Sussuro contra o rosto dele e o mesmo sorri.

— Oh não florzinha, — ele nega fazendo um tilitar com a língua — Vou acabar com você, mas não será com a sua vida. Não curto necrofilía.

— Necro-... o que?

— Você ficaria horrorizada se eu contasse. — Ele passa os dedos sobre o meu lábio e inspira pesadamente — Quero manter um pouco sua inocência.

Olho para a mão dele que ainda brincava com os meus lábios e eu fecho os olhos assim que Neithan desliza o polegar sobre meu lábio inferior em direção ao interior. A sensação era gostosa e calmamente, mesmo que à minha frente esteja um homem nada confiável e perigoso. A sensação das mãos dele são gostosas...

Ouço o grunido surgir dos lábios dele e abro os olhos encontrando as orbes azuis escurecidas me fitando com atenção. Ele fita os meus lábios e se afasta ficando de costas para mim como se eu houvesse o irritado. O olho confusa, na verdade a confusão era sobre mim, por que ou como eu estava gostando do toque dele? Da pessoa que pode dar um fim em mim a qualquer deslize...

— Saia daqui agora! — ele fala alto e autoritário — Não apareça na minha frente até o final do dia, ou eu não respondo por mim.

Extremesso ao ouvir o rugido de Neithan ecoar pela sala e procuro a maçaneta desengonçadamente antes se sair correndo porta a fora. Corro pelo corredor e passo por lua ao pé da escada, a mesma me olha confusa e eu corro escaria a cima para o quarto onde eu passei a noite anterior. Tranco a porta e entro embaixo das cobertas enquanto olho a porta.

No que ele não iria se controlar? O que ele quer dizer? Santo dio, eu não entendo se quer uma palavra daquele homem é como se falassemos outra língua.

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Sim, florzinha, o Neithan fala a língua da putaria e dos ogros enquanto tu fala a língua da inocência.

Espero que gostem e não esqueçam de curtir e comentar.

La famiglia Lucchese - Neithan.Onde histórias criam vida. Descubra agora