LIX

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Sinto até mesmo cada átomo do meu corpo tremer, é como se eu estivesse entrando em choque pelo desconhecido.

Neithan não disse se quer uma palavra desde que saimos da sede, eu não pude nem ao menos me despedir dos meninos porque ele simplesmente me trouxe até o carro sem a companhia habitual de Ed.

Foco meus olhos nas folhas das árvores que passamos e parecia que o caminho nunca chegava ao fim. Engulo em seco sentindo um pequeno suor escorrer pela minha nuca e a seco tentando normalizar minha respiração, céus, o que está acontecendo.

— O que aconteceu? — A voz ecoou pela sala me assustando.

Quando entrei pela porta a sala estava escura, mesmo que lá fora ainda estivesse dia. Penso que tia Branca esteja cansada de novo e talvez tenha fechado as cortinas para cochilar como muitas vezes faz.

— Nada...— Falo procurando pelo escuro, aquilo era assustador.

— Então porque não estava aqui quando cheguei?!— A voz se aproxima e eu solto uma exclamação assustada assim que a pouca luz pousa sobre o rosto dele.

Meu tio estava com um corte sobre o rosto, seus olhos pareciam mais negros que o comum e seus lábios mostravam seus dentes cerrados demostrando sua ira.

— Porra, se eu perguntei é para responder! — Ele esbraveja e eu sinto meu corpo tremer.

— A senhora Devan me levou ao mercado junto com a Louise... — Digo com a voz trêmula pelo medo — Mostrei a ela a lista que o senhor me deu e ela me ensinou à comprar, agora eu p-...

— Pode sair sozinha?! — ele completa e eu nego rapidamente.

— Apenas fazer as compras, tio... não havia nada pela manhã e os gêmeos estavam sem leite para b-... 

Antes que eu termine, um tapa é depositado no meu rosto. Sinto a ardencia tomar conta do meu rosto e limpo meu lábio sentido algo escorrer. Sangue...

— Se você se sente grande o suficiente para sair por ai ou jogar as coisas na minha cara dentro da minha própria casa, suponho que esteja pronta o suficiente para ser treinada. — ele afaga o meu rosto e eu sinto uma lágrima escorrer assim que o polegar dele aperta o meu lábio machucado.

— T-treinar? — Franzo o cenho.

— Você vai descobrir. — Ele anuncia e eu sinto o medo se apossar por completo do meu corpo.

(***)

— Pare de gritar, ninguém vai ouvir aqui embaixo, doce sobrinha. — ele anuncia e eu continuo tentando sair dali.

Meu corpo doia por completo e as lágrimas em conjunto do soluço tomavam conta de mim. Foco meus olhos na luz amarelada da lâmpada que balançava no teto baixo do local, olho para baixo vendo meu vestido levemente rasgado pela minha tentativa de fuga.

— P-por favor... — soluço — Eu sinto muito.

— Sim, você vai sentir muito, Anna, vai mesmo.

O grito por socorro fica trancado em meus pulmões assim que o chute é dado com força em meu ventre. Minhas pernas tentam se aproximar do meu peito para que a dor seja amenizada, mas elas estavas doloridas demais pelos cortes causados pelo cinto de couro dele, antes que eu consiga puxar o ar, mais um chute é dado e eu fecho os olhos com força perdida por completa na dor.

Em meio a guerra entre tentar respirar ao passo que as lágrimas e gritos saiam, tento encontrar uma saida daquele lugar, mas mais uma vez minha visão estava me traindo pela dor e eu não sairia dali tão cedo. Por favor... ajuda.

La famiglia Lucchese - Neithan.Onde histórias criam vida. Descubra agora