Anna
Abro os olhos e o quarto ainda se mantia escuro apesar de já ser manhã pelo modo como os passarinhos cantavam no lado de fora. Olho para o lado e Neithan não está mais alí como quando eu peguei no sono.
Deslizo para fora da cama e caminho para o lado de fora rápidamente, andar no escuro nunca foi uma coisa muito fácil para mim... caminho pelo corredor olhando ao redor e desço as escadas sentindo o frio contra as minhas pernas.
Assim que chego ao final da escada, paralizo ao ver Neithan com o cenho franzido na minha direção. O mesmo larga o jornal e me olha dos pés a cabeça antes de lançar um olhar incomum para o homem que conversava com ele. O ruivo sai da sala carregando uma maleta e eu passo as mãos pela lateral do vestido.
Não deveria ter descido tão desarrumada assim.
— Está perdida, Florzinha? — ele pergunta se levantando da mesa e eu nego — Não é o que parece.
— Eu...
Vejo um pequeno sorriso surgir nos lábios dele e o mesmo caminha na minha direção com as mãos no bolso, recuo um passo um pouco amedrontada e o mesmo para no lugar respirando fundo. Sigo com os olhos o movimento da mandíbula dele trancar e o mesmo encara o chão irritado...
— Estarei em meu escritório. — O mesmo avança na direção oposta a qual me encontro e eu fico sem entender nada.
A pequena sensação de Neithan estar irritado ou indiferente comigo faz com que eu franze o cenho. Mas o que eu diria? Que eu desci por medo do escuro? Ou... porque eu passei a noite inteira dormindo naquele breo do quarto apenas por ele estar alí?
Isso parece uma loucura sem cabeça. Só posso estar enlouquecendo.
Mas apesar de ser, mesmo assim fui carregada pelas minhas próprias pernas até o lugar até onde ele foi. Bato na porta impulsivamente e o mesmo assente para que eu entre. O mesmo encarava a janela enquanto bebericava o copo de bebida amorronzada e eu engulo em seco antes de adentrar a sala.
— Bom dia... — Falo olhando para os lados, é como se cada palavra que sai da minha boca fosse um muntarel de idiotices quando estou perto dele.
— Veio aqui para isso? — ele pergunta e termina sua bebida antes de bater o copo sobre a mesa e ainda olhar na direção da janela — Que amável!
Entre abro os lábios e os fecho novamente, eu posso ter convivido com poucas pessoas. Na verdade consigo contar nos dedos as pessoas que convivi nos últimos dez anos, mas nem mesmo meu tio é tão bruto quanto Neithan.
— Eu não entendo você... — falo confusa e o mesmo me olha com o cenho franzido — Me trás para esse lugar e...
— E? — ele pergunta me olhando fixamente fazendo mais pensamentos embaralharem.
— E... eu não quero não ficar aqui. — Sussuro — Quero meus irmãos, quero minha casa e minha família...
O silêncio se instala na sala e Neithan se levanta calmamente indo até a janela, o mesmo faz negação com a cabeça enquanto passa a mão pela barba. Ele parecia estar a ponto de espludir e querer quebrar algo.
— Você quer voltar? — ele pergunta incrédulo.
— Sim...
— Para aquele lugar? — ele para de andar para um lado e para o outro — Com aquele homem?
— Ele é minha família... — Sussuro e o mesmo passa as mãos pelo cabelo nervosamente.
— O sim, aquele lunático é sua família. E eu suponho que aquela lunática também? — Ele fala e eu franzo o cenho — Você não vai voltar, não enquanto eu estiver vivo. Você não volta para aquela casa nunca, nem mesmo nos seus sonhos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
La famiglia Lucchese - Neithan.
ActionLivro 1 da trilogia Famíglia Lucchese. NÃO ACEITO ADAPTAÇÕES DAS MINHAS HISTÓRIAS, ELAS SÃO DE TOTAL AUTORIA MINHA E QUALQUER PLÁGIO SERÁ LEVADO A MEIOS LEGAIS. Após ser o escolhido para ser o novo capo da Famíglia Lucchese a Família mais poderosa...