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Ret narrando 

Noitinha depois desse B.O todo, Sabe quando o negócio tá mó paz ?  Na verdade é aquela sensação de paz, quando cê sabe que realmente vai conseguir respirar, Quando cê fica feliz de tá vendo tudo fluir depois de uma tempestade ? Depois de tudo que vem se passando a meses, pela primeira vez olho pra minha comunidade e vejo paz. É uma paz temporária? Pode ser sim ! Mais cara, mó bom vê essa porra assim, tinha prometido pra Ana uma viajem e se tudo fluir até o final de semana assim eu vou organizar essa porra e fazer maior surpresa pra minha gata. Ela vem me cobrando casamento agora, mandada mesmo, passando as coisas na minha cara de vez em sempre tlgd ? Talvez vou unir o útil ao agradável, vou vê se até lá ela merece.

Sai lá de casa depois do showzinho do 015, parceiro frouxo pra caralho, soube das cria e quase foi conhecer o nosso parceiro lúcifer, uma bala foi mais difícil de derrubar ele que a notícia dos filhos. Moleque ficou molinho cara, ri demais dele. Vazei dali ouvindo a Ana me fazer garantir que não ia demorar,e enquanto era tempo de não levar nenhum puxão de orelha ou apanhar, porque o MG e o 015 já tinham levado. E do jeito que sou não ia demorar pra levar o meu, passei na boca pra resolver uns bagulho da carga de droga que tinha chegado e vi os moleque tudo brincando lá na frente, de ondinha mesmo já cheguei serinho pra cima deles, nem me viram chegando porque subi a pé, tava pertinho.

Ret - Colfoi ? Tá sem ter o que fazer aqui porra ? - falei cruzando os braços do lado deles que deram um pulo se assustando - cês são uns cuzao Memo, quando da B.O vem de "foi mal patrão" - Falei gesticulando imitando como eles fazia quando o b.o passava por eles

Morte - Coé Caraí, a gente tá só de marola pow 

Ret - "coe Caraí, a gente tá só de marola pow" - Falei imitando putasso - aqui o marola seu pau no cu - falei apertando o pau por cima da bermuda - pago você pra tá de marola filho da puta ? Virou bagunça essa porra ? tá ganhando pra brincar porra ? - Falei alto encarando eles

Neguinho - Que isso Ret, tá sem tomar chá - falou e eles riram, quando me olharam fecharam a cara

Ret - cês tão me achando com cara de palhaço ? Tou rindo aqui por acaso seus pela saco ? - Falei dando um tapão na cabeça do neguinho - não tá na tua postura porque seu verme ? Te pago pra ser porteiro agora ? Na porta da boca ? - ele negou levantando - A ronda foi feita ? As cestas básicas foi entregue cedo ? As droga tão no lugar que eu mandei colocar  ? Armamento conferido ? Posso ir vê tudo isso e se não tiver começar pipocar vocês ? - Eles se olharam assustados - Se de algum B.O por menor que seja aqui nesse caralho desse morro essa semana, ESSA SEMANA, ABRE O CARALHO DO OUVIDO PORRA, eu arranco o pau de vocês e vou enfiar na garganta, e quero morte lenta, de todos juntinhos de preferência aqui seus filho da puta, bora Rala caralho - Falei tirando a glock da cintura e vi eles irem sumindo por ali pelos beco - bando de viado do caralho- falei entrando na boca, resolvi Rapidão o que tinha pra resolver, e continuei subindo ali até às pedras lá no alto do morro onde dava pra vê tudo, ia ali pra respirar, pra relaxar e agradecer por tudo. Olhar minha comunidade aqui de cima me dá mó orgulho, não era a vida que eu queria, nunca foi, mais isso se tornou minha vida, meu império tá ligado ?  vê os morador bem, tirando as porra das invasões que a upp e o bope faz com morador no meio da rua ou invadindo a casa deles, de trabalhador, matando criança sem dó, me dá um ódio do caralho, e tento evitar o máximo, mais fico orgulhoso demais por tudo que eu pude ajudar e fazer por eles aqui, jamais deixaria eles na mão, é tanto que por onde passo eles gostam e me respeitam muito, defendo aqui colocando o meu na reta Memo, morreria por isso ? Com toda certeza, não tenho dúvidas disso, jamais entregaria isso daqui pra ninguém. Não penso e nem pretendo sair dessa vida, não por não querer, mais depois de entrar nisso o bagulho é difícil pra sair, principalmente na proporção que meu nome já tomou.  

Acendi um ali e fiquei com várias fitas passando na mente, fazia um tempo que não tinha esse momento e eu sabia que eu precisava, primeiro pra agradecer a Deus por todo livramento feito a mim, mesmo eu sendo todo errado a minha fé sempre tá ali inabalável acima de tudo. E depois pra vê que tudo que abri mão na minha vida vale a pena vendo essa calmaria aqui prevalece, vendo os moleque correr na rua, as tiazinha trampando ali no churrasquinho, os menó estudando pra ter um futuro aí na frente. Eu sou todo errado pow mais corro pelo certo, aqui é o certo pelo certo e cabou. 

Acabei ali jogando a ponta do cigarro fora, dei uma última olhada ali e desci de volta pra casa, no caminho vi uns parceiro no barzinho mais nem quis assunto, desci pra casa tava cansadão, muido mesmo, só queria relaxar o corpo e ficar com a minha neguinha depois de tudo que a gente passou. Vi os moleque descendo fazendo a ronda na maior zoação cantando, é um bando de pau no cu meno ne ?  Mais continuei meu caminho ali, depois de tanto tempo sem dormir direito, tou precisando. 

Cheguei em casa já vendo que não tinha mais ninguém ali, agradeci mentalmente dos atormentados não tá mais aqui, desliguei as luzes da parte de baixo e fui pro quarto do Theo vendo ele dormir quietinho, fui pro meu quarto e logo vejo a Ana já deitada vendo algum filme na Netflix, deitei por cima dela sem colocar o peso do corpo já esperando ela reclamar

Ana - Sai amor, cê é pesado pow e tá suado  - Falou manhosa baixinho fazendo careta  mó mentirosa a mandada

Ret - Mó pilantrinha você, nem tou botando peso - Falei beijando o pescoço dela vendo ela suspirar e tentar me afastar me empurrando

Ana - Banho pilantrinha - Falou me imitando - cê não vai dormir comigo sem um banho - Falou com cara fechada

Ret - coé vida, tou cheirosinho - Falei me cheirando e ela riu - tá rindo do que é mentira ? 

Ana - para de assunto Filipe, cê subiu e desceu esse morro todo a pé que eu tou ligada, sua moto tava aí na frente e o carro na garagem engraçadinho - falou me dando um selinho - Banho e já - Me empurrou e eu fui né, não dava pra discutir muito com essa maluca não, sempre ganhava no argumento ou causava uma briga por nada e eu tava o máximo correndo de B.O com ela. tomei meu banho, só coloquei uma cueca box e voltei pra cama já vendo a mandada cochilando, fui mexer ? Fui nada, que eu não sou maluco. Deitei lá ligando o ar e me cobrindo assistindo o filme que tava passando ali, nem tava ligado no que tava passando, só tava esperando o sono vim mesmo, vejo a nega ficar se mexendo até vim se aconchegando pra deitar no meu peito, sabia que essa folgada tava atrás disso, passei o braço e fiquei ali fazendo carinho no cabelo dela e descendo pras costas. Senti que ela me olhava calada e tirei o olho do filme descendo a visão pra ela

Ret - Fala o que foi que tá aí me encarando ? Tu não tava dormindo agorinha  - perguntei ainda do mesmo jeito

Ana - nada ué, não posso mais olhar pra você ? - Falou e sorriu se arrumando no meu peito ali

Ret - Se prepara que a gente vai viajar - Falei e ela levantou a cabeça me olhando

Ana - Pra onde ? Tá acontecendo algo Filipe ? Que foi em ?

Ret - calma maluca, a gente vai tirar uns dias, só eu você e o theozin, cê não me cobrou da gente tirar umas férias ? Então. - ela logo abriu um sorriso

Ana - Cê tá falando sério mesmo? Posso começar comprar as coisas da viajem ? Pra onde a gente vai ? - começou falar e fazer uma pergunta atrás da outra sem parar

Ret - tá perguntando demais já, só posso te dizer que cê vai adorar o lugar, tem praia, e lá eu vou querer um presentinho especial - Falei sorrindo e ela me olhou confusa, lerda pra caralho viu.

Ana - Vai me contar não ? Que presentinho ? - perguntou cheia de dúvidas e vindo cheia de H pro meu lado achando que vou cair na onda dela, bem tiradinha ela quando quer algo, joga baixo.

Ret - Surpresa bebê - Falei dando um selinho nela, ficamos ali conversando mais um pouco, só no amasso mesmo, e logo dormimos, eu tava morto.

RECOMEÇO NA FAVELAOnde histórias criam vida. Descubra agora