RECOMEÇO NA FAVELA

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Ret narrando 🚬

Depois de trocar umas ideia com os comerciantes desci pra casa na maior larica, procurei a Ana e o Theo e meu coração na hora já acelerou mais ela não tinha me falado nada de sair do morro caralho. Passei um rádio prós moleque da barreira que me disseram que lá ela não passou então ela tava pelo morro. Já liguei pra ela enquanto esquentava as comidas. Quando ela disse que tava na pracinha meu coração deu uma aliviada do caralho, conversei mais um pouco com ela, desliguei terminei de comer e deitei no sofá pra esperar minhas vidas chegarem, dei um cochilo e já acordei com o Theo me babando todo. Ana já veio pedindo pra da banho nele, folgada pra porra parceiro. Subi dei um banho nele e tomei um banho depois, fui trocar ele e a Ana foi pro banho, quando saiu começou se trocar na minha frente pow, uma visão dessas

Ret - caralho cê fica me provocando mesmo, depois cê não reclama - falei abraçando ela por trás só de calcinha e sutiã e beijando o pescoço dela sentindo o cheiro bom que ela tem e vendo ela arrepiar, sempre assim

Ana - ué não fiz nada amor - falou virando e passando as mãos pelo meu pescoço sorrindo e ficamos nos olhando por um tempo.

Ret - eu já te falei da sorte que eu tenho ? - falei passando a mão no rosto dela que me abraçou ali ainda me olhando

Ana - que sorte vida ? - falou parecendo não entender o que eu tinha perguntado

Ret - De ter você né amor, de ter você, o Theo, essa nossa vida que mesmo toda bagunçada como antes mais foi a melhor coisa que me aconteceu, cê tá ligada né ?

Ana - Eu te amo tanto que cê nem imagina a proporção - falou me apertando ali e eu senti paz só por eles tá ali bem e protegidos comigo, e vai ser sempre assim, ninguém vai  encosta neles, ninguém porque eu vou tá sempre aqui... Afastei aqueles pensamentos e voltei olhar pra ela que olhava o Theo na cama que tinha dormido sozinho. 

Ret - eu amo vocês mais que tudo - falei olhando ela e o Theo falando baixo e vi ela me abraçar mais forte

Ana - tá tudo bem ? - ela perguntou ainda olhando o Theo

Ret - Sim amor, porque ?

Ana - sei lá, estranho cê falar assim com a gente, cê sempre é bem reservado pra tá se declarando - falou e eu lembrei de tudo que pode vim pela frente. Respirei fundo e olhei ela denovo.

Ret - tá tudo bem vida, só deu vontade mesmo de dizer que te amo - falei dando um selinho nela - vamo lá te ajudo fazer a janta vai mandada - falei indo pegar meu celular e vendo ela terminar de se trocar. Coloquei o Theo no berço e Descemos acabamos ficando alí na sala agarrados assistindo uma série porque segundo ela ainda tava cedo, mais sem maldade nenhuma, precisava curtir ela um pouco. Lembrei do que ela tinha falado no telefone de assunto sério e já fui perguntar...

Ret - vida - falei chamando ela que só respondeu com um "Humm" e vi que ela tinha dormido - cê dormiu sua folgada ? - falei levantando o rosto dela que tava com a maior carinha de sono, essa mulher fica feia nunca ? Sorri dos meus pensamentos, vi ela levantar e sentar no sofá e agora era a minha vez fui deitar no colo dela e ela ficou mexendo na minha orelha, mania chata do caralho que ela tem.

Ret - que que você queria conversar sério comigo ? Se for alguma fofoca eu não tenho nada haver com isso não hein - falei olhando ela que fez cara de confusa

Ana - que horas falei isso ?

Ret - na ligação - falei olhando ela e dei a língua e ela fez um "aaah"

Ana - mais cê também falou que ia me contar um negócio, fala aí primeiro, porque sempre é B.O

Ret - é foi sim, mais não é B.O, amanhã tenho reunião da facção e eu preciso que cê va comigo - olhei ela que me olhou assustada - relaxa Ana a Malu e a Helena vai também, a Malu já foi uma vez, não é nada demais.

Ana - porque isso de reunião agora ? - respirei fundo pra explicar pra ela

Ret - sempre tem reunião, é que nem sempre eu preciso ir, eu mando alguém só que todas que eu for, você vai ir em todas enquanto estiver comigo, porque todos vão acompanhados das suas fiéis como eles falam das mulheres dos caras. Você como minha mulher vai comigo, a Malu como mulher do Miguel vai com ele e assim por diante. Outros que não quer levar fiel leva amante tendeu ? Todos se mostram acompanhados, acho que eu era um dos únicos que quando não ia sozinho, levava a Malu ou mandava o MG ir. Lá não é lugar pra se levar qualquer uma, envolve gente bem grande e o estrago pode ser feio.

Ana - entendi - falou me olhando atenta - e o porquê dessa reunião agora ?

Ret - Sempre que tem uma reunião marcada principalmente assim em cima da hora não é algo bom, aliás vou ser sincero com você, nada bom.
Por isso eu preciso que você tenha atenção redobrada amor, quando for sair com nosso filho, quando for trabalhar, qualquer coisa que for fazer fora do morro, preciso de você atenta, recobrei a segurança pra você, mais preciso que você colabore pra mim poder e conseguir te proteger. Entendeu ? - ela Assentiu assustada

Ana - tá eu vou tomar todos os cuidados, mais me promete que vai ficar tudo bem ? Que cê vai ficar bem e vai cuidar da gente ? - ela me olhou tensa

Ret - tá tudo sob controle, não tou falando isso pra assustar você vida a gente nem sabe o que tá vindo por aí, é só pra te alertar mesmo tá ligada ? Eu vou cuidar de vocês sim, e eu vou tá aqui pra tudo tá bom ? Agora relaxa, quero você bem linda pra amanhã e esquece isso, só vamos saber de algo quando chegarmos lá. - falei dando vários beijos no rosto dela que sorriu - mais fala aí o que cê queria me falar também ? - vi ela ficar inquieta e já olhei sério pra ela - bora Ana solta a voz, que cê aprontou ?

Ana - aprontei nada ué, eu queria saber de você, se eu resolvesse ou quisesse fazer algo aqui pelo morro se você liberava ? - olhei pra ela sem entender bem a pergunta dela

Ret - como assim algo ? Que que tá passando aqui - falei apontando pra cabeça dela - cê tá querendo abrir uma loja ? Tou ligado que cê tem uma marca aí. - ela me olhou e negou

Ana - é que hoje quando fui pra pracinha com o Theo, vi várias crianças lá sozinhas, ou com algum parente até mesmo impaciente olhando o horário no relógio toda hora sabe, dava pra ver que a pessoa não podia tá ali, mais não queria deixar a criança sozinha. E por mais que esteja no morro, eu não me imagino está longe do Theo sem saber onde e com quem ele tá, imagina esses pais sem saber dos filhos ? - Olhei pra ela com os olhos arregalados começando entender o que tava passando na cabecinha da Ana o que foi uma grande surpresa, já que ela nunca gostou muito da ideia de morar aqui

Ret - então cê tá pensando em fazer algo por essas crianças? É isso que entendi ? - ela Assentiu - tipo uma ong ? - falei e lembrei da que tinha antes aqui e a filha da puta da Isabela acabou e fiquei até tenso.

Ana - eu não chamaria de ong mais tipo isso sabe, sei que suas recordações não são legais sobre - falou e eu olhei vendo que ela já sabia de algo - eu não formulei uma ideia completa ainda sabe, eu só queria saber mesmo se você liberava pra mim, eu pensei tipo um centro social amor, com cursos, com área de lazer pras crianças e até adolescentes, e pensei também que seria uma forma de emprego pra pessoas daqui de algum jeito, olha dava pra fazer tipo umas oficinas sabe, dança, skate, capoeira, e várias opções, também tipo um berçário só pras crianças tipo o Theo pras famílias saberem que podiam trabalhar de boa que eles estariam seguros, eu sei que tem a escola que tem uma estrutura foda e a pracinha, mais acho que falta isso aqui sabe, e se você liberar eu estaria disposta a eu mesmo ficar a Frente do projeto. E não precisa se preocupar em relação a dinheiro não, seria um investimento meu. É que aquilo me tocou hoje de vê.

Ret - Caralho vida, sério mesmo, tou surpreso pra porra, cê não tem noção não, eu sabia que cê é observadora num nível incomum já tinha percebido, mais nunca imaginei que cê ia pensar ou querer fazer algo assim por aqui sabe. - ela Assentiu e eu realmente tava surpreso.

Ana - eai cê deixaria ? - fiquei ali mais um pouco olhando ela com maior sorriso no rosto, cara nunca imaginei que a Ana fosse me pedir algo desse tipo, em momento nenhum mesmo imaginei ouvir isso dela. Será que ela tá realmente entendendo a realidade da favela ?