Capítulo 07

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Na segunda feira, acordar cedo foi um pouco mais difícil do que o normal, o álcool me deixava sonolenta. Mandei uma mensagem para Ross, dizendo que não me veria no trabalho neste meio período.

Tomamos café e depois saímos da mansão, eu e Leila iríamos com  Manuella falar com seu ex patrão. Ela não tinha coragem de ir sozinha. Já no trânsito, a imagem de Willian me veio a mente.

- Esqueça isso. - Converso mentalmente com meu reflexo, no retrovisor interno.

- Para quê, ficar tão agitada? - Questiono. - Nem dá para contar aquilo como um beijo. Foi sem intenção. - Reviro os olhos para mim.

- Ele não se interessaria por alguém como você. - Continuo me repreendendo. Sem que Leila e Manu ouçam. - Só porque ele foi legal uma vez, não se esqueça de como é perigoso. Com tantos homens bonitos e inteligentes, tinha que se empolgar com um anjo caído? - Uno as sobrancelhas em desgosto.

- Eles são a elite e não se misturam a ralé. - Relembro a mulher do espelho. - O Brad Pitt se casa com a Angelina Jolie, rica, famosa e linda. - Faço uma comparação. - O mais provável a acontecer é que não irá revê-lo.

- E-S-Q-U-E-Ç-A!- Soletro em uma ordem.

Chegamos em Edmonton e Manuella tinha razão. Seu patrão foi deselegante e tive que lembra-lo sobre as punições sobre os empregadores, que descrumprem as leis trabalhistas.

Sorrindo amarelo, ele pagou em dinheiro vivo todos os atrasados. Desde que Manuella começou, ela nunca havia recebido férias.

Como nosso último compromisso nessa cidade, fomos a uma transportadora e contratamos um caminhão. Amanhã a tarde as coisas de Manuella seriam trazidas para Jasper.

- Não é aquela fortuna, mas vou poder me virar até encontrar um novo emprego. - Ela fala enquanto conta o pequeno maço de dinheiro.

- Leila, pegue para mim por favor o jornal que está aí atrás? - Peço.

- É claro! - Ela se mexe um pouco no banco traseiro e ligo se inclina ao meu lado.

- Dê uma olhada nos classificados. - Pedi a Manu. - Eu sublinhei alguns ontem a noite. Mordi os lábios. - Ficam perto da minha casa.

Ela passa os olhos devagar.

- Eu não tenho condições de sustentar a maioria deles. - Responde.

- Não tem problema. Você pode escolher qualquer lugar. No porta luvas deve ter alguma caneta ou marcador. - Digo.

Ela abre e mexe desajeitada, acaba derrubando em seu colo uma das minhas pistolas. Seus olhos ficam arregalados e as bochechas coradas.

Rio de seu embaraço.

- É só colocar de volta. Está descarregada. - Falo ainda sorrindo.

Ela pega com muito cuidado e guarda rápido, ajunta outras coisas que caíram como o carregador, um bloco de notas, uma caneta e um marcador.

Antes de fechar o porta luvas, pega o marcador amarelo. Tenta abrir a tampa, mas parece estar presa.

- O que há de errado? - Reclama, puxando com força, a tampa voa longe e ela acaba riscado seu braço em neon.

Eu não resisto e acabo rindo alto. Leila e até Manu me seguem em uma gargalhada, daquelas que arrancam lágrimas.

- Sou um desastre. - Ela fala após controlamos os ânimos.

Ficamos em silêncio no restante do trajeto. Leila espiada as marcações que Manu fazia no jornal. Já em minha cidade, ligamos para os números das corretoras que ela escolheu.

Desperta-Me Para TiOnde histórias criam vida. Descubra agora