Capítulo 23

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Willian Maldonado

- Acho que deveríamos ter ligado antes. - Gabriel fala ao meu lado no banco do carona. - Ela vai ficar furiosa, quando aparecermos de surpresa na porta dela.

- Eu tentei ligar várias vezes. Só dava caixa postal.- Murmurei manobrando o carro para estacionar.

Gabriel estava fazendo força para não rir. Saímos do caro usando um feitiço de invisibilidade para não sermos detectados pelas câmeras de segurança do estacionamento.

- Saca só, cara. - Gabi chamou minha atenção para o veículo estacionado na vaga reservada para Laylah. - Acho nossa delegada favorita está com visita.

Nenhum dos amigos dela tinha um carro como este. Fiquei assombrado na hora. Passamos sem ser notados pela recepção e pegamos o elevador para a cobertura.

- Vamos tirar no pedra, papel e tesoura para ver quem vai tocar a campainha.- Gabriel sugeriu ao andarmos pelo hall que levava até a porta de Laylah.

- Cara ou coroa. - Parei no meio do corredor e peguei uma moeda na carteira. - O que vai querer?

- É do coroa rico que elas gostam. - Ele afirma, erguendo e abaixando as sobrancelhas.

- Tá. - Fiquei de frente para Gabriel e joguei a moeda.

Bufei ao ver que perdi. E Gabriel sorriu de orelha a orelha.


- Eu te disse.

Nos aproximamos e fiquei em frente a porta. Notei que tinha um leitor de digitais na parede.

- Maneiro. - Gabriel comentou mexendo os braços próximo aos cristais presos a parede de Laylah. Eles foram colocados de maneira que formassem uma copa, para o tronco desenhado a direita da porta. - Ia precisar de uns três demônios dos grandes para derrubar uma proteção como essa. - Fala vendo a energia deles ascendendo e apagando após um minuto.

Apertei o botão da campainha e mal ouvimos a porta ser aberta. Senti apenas uma lufada leve de ar e a porta se fechando. Laylah saltou para fora como um raio e me jogou contra a parede. Com seu já conhecido bastão de luta, preso embaixo do meu queixo.

- Bandeira branca, anjo. - Falei segurando o bastão com as mãos próximas as dela.

Os olhos de Laylah estavam dourados e a respiração rápida. As sobrancelhas unidas em irritação. A energia imortal estalando, passando dela para mim, fazendo os pelos da minha nuca se arrepiarem.

- Pelo anjo, Laylah! - Gabriel berrou atrás da gente. - O Lian nem teve tempo de ver o que acertou ele.

O magnetismo se quebrou e Laylah me soltou, afastando-se. Endireitei o corpo e um pedaço do reboco caiu, no lugar onde minha cabeça tinha se chocado.

- Estão perdidos? A casa de vocês fica na direção oposta da cidade. - Cruzou os braços depois de ter prendido o bastão na barra do short?

- Sempre atende a porta vestida desse jeito? - Não consegui deixar passar em branco.

- Quer mesmo falar de passar vergonha? Pois se eu fosse você, trocaria de calçada na próxima vez que me visse.

- Desculpa, anjo. Vergonha é uma palavra que não existe no meu dicionário. - Pisquei para ela.

- Caiam fora da minha casa.- Laylah deu as costas para a gente.

- Espera, Laylah. - Gabi a segurou pelo braço e ela virou uma garota flamejante.

- Pode pelos menos me dizer qual foi meu crime, antes de me mandar para a cadeira elétrica? - Ele colocou as mãos em frente ao rosto para se proteger.

As chamas coloridas em torno de Laylah desapareceram mas, os olhos continuavam brilhando em ouro líquido. Gabriel espiou entre os dedos e abaixou as mãos devagar ao ver que ela tinha amansado.

- O anel na sua mão direita. Leila também estava usando um quando nos vimos essa tarde. Tá namorando com ela, Gabriel. - Laylah o acusou. - Nunca vou te perdoar.

Cruzei os braços sobre o peito e balancei a cabeça, como quem diz amador.

- Ah, isso. - Ele coçou a parte de trás da cabeça. - A gente pretendia te contar no sábado.

- É mesmo? - Laylah devolveu com cinismo. - Em um almoço em minha própria casa, quando eu teria convidados e não poderia chutar suas bolas. - A energia começou a crescer de novo no corredor.

Gabriel arregalou os olhos.

- Eu sinto muito que as coisas tenham acontecido assim, gracinha. - tentava se desculpar.

- Acontecido? - Laylah apertou as mãos em punhos, tentando se controlar. - Em um belo dia você estava andando e tropeçou na Leila. Caíram e ao ajudá-la a se levantar também, perceberam que estavam apaixonados. - Fechou as pálpebras em quanto falava.

Eu queria rir de sua comparação, mas não fiz. Ela já estava bem irritada.

- Esses encontros românticos só acontecem em livros, Laylah. Posso entender que esteja chateada, nem eu consigo acreditar que ela queira ficar comigo. - Admitiu.

Ela voltou a olhar para Gabi, com olhos verdes.

- Imagino que tenha várias razões para odiar a gente, gracinha. - Gabriel deu um sorriso fraco. - Mas, tá na hora de deixar o orgulho de lado por algo muito mais importante.

Laylah arqueou uma das sobrancelhas bem feitas.

- Todos nós estamos ligados a magia e ao que vem acontecendo em Jasper. Unindo nossas forças, podemos manter o que importa e proteger as pessoas que amamos. - Digo pegando a deixa para me aproximar dela também.

Laylah ficou em silêncio. Eu nunca sabia o que ela estava pensando.

- Viemos aqui por que precisamos da sua ajuda. - Emendei.

- Duvido que haja alguma coisa que não possam resolver sozinhos. - Laylah disse irredutível.

- Miguel não voltou para casa ontem a noite. - Explico.

- Estamos preocupados com ele. O Migles nunca dormiu fora uma noite se quer. Ele chega a ser carreta de tão certinho que é. - Gabriel enfatiza.

- Você é um rastreador muito melhor que eu, Gabriel. Se não conseguiram achar ele, por que acham que eu posso faze-lo? - Laylah questionou.

- É, sou mesmo maravilhoso. - Gabriel se gabou.

- Não sabemos qual o problema do Miguel, mas ele está nos bloqueando. - Ignorei o narcisismo de Gabi e me adiantei com os fatos.

- Bloqueando os dois. - Laylah murmurou, com o olhar baixo, tamborilando os dedos sobre o maxilar.- Algo que gostaria de conseguir também.

- Você já me ignora bastante. - Rebati.

- Não funcionado tão bem. - Laylah reclama. - Já que está sempre me seguindo. Conseguiu até encontrar minha casa, sem eu ter dado o endereço.

Gabriel pigarreou.

- Voltando ao Miguel. Achamos que ele está sob influência de alguma outra pessoa, não um ser demoníaco. Por isso não conseguimos romper a influência.

- Miguel pode ter se ferido na batalha em Banff, ficado fraco e seguidores de Lúcifer, o capturaram. - Resumi.

- Ora Willian, talvez isso não tivesse acontecido se você o acompanhasse, em vez de ficar me infernizando diariamente. - Laylah retrucou zangada.

- E você, Gabriel. Péssima ora para viajar. - O repreendeu também.

- Eu estava cuidando de assuntos pessoais. - Gabi falou somente.

Laylah apertou a ponte do nariz.

Desperta-Me Para TiOnde histórias criam vida. Descubra agora