Capítulo 14

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Coloquei toda a velocidade que a caminhonete permitiu, sem me preocupar com multas, ou o resto do trânsito. Dirigi por horas, em modo automático. Dia e noite passaram em Flashes. Eu não tinha fome, nem sono.

Estava em transe. Quando as lágrimas finalmente secaram. Me vi estacionando, em uma praia deserta.
Não sabia em que país estava e não importava.

Desci do carro e tirei os sapatos. E deixei dentro do carro. O sol estava se pondo mais uma vez, meus pés afundando na areia.O céu estava bonito, parecendo uma pintura, com tons de azul, rosa e laranja. O astro rei, foi desaparecendo no horizonte. Me deixando sozinha.

Minhas mãos pendiam ao lado do corpo, eu estava tremendo. Meus nervos se moviam sob a pressão da magia. Como se eu levasse choques leves e repetitivos.

Raiva, medo, descrença misturados a força dos elementos.

Eu não sabia o que fazer. Não poderia voltar para casa. Não conseguiria nem olhar para meu próprio pai.

Minha frustração transbordava se misturando com a fúria elementar que morava dentro de mim. Sentia que eles queriam sair. Minhas mãos brilharam ganhando vida própria.

Rapidamente o cenário isolado e pacífico se transformou. A noite se instalou, profunda. Nuvens tenebrosas cobriram o céu. O vento furioso uivou, acompanhando a tristeza de minha alma. As árvores se dobravam sob sua força, rangendo.

As ondas batiam violentamente na barreira de pedras, jogando água vários metros de altura. Minhas roupas ficaram encharcadas mas, eu não liguei.

A terra sob meus pés tremeu, abrindo rachaduras profundas, largado torrões enormes, levantando a caminhonete de Richard e a arrastando por vários metros. Um estralo se ouviu, e ela se dividiu em duas.

Não me senti mal, por ter destruído o carro do meu pai. Pelo contrário, imaginar a cara dele ao receber a notícia, um sorriso brotou dos lábios.

Ainda não era o fim. O suor desciam em gotas por minhas bochechas, grudando no rosto e pescoço. Duas bolas de fogo se formaram em minhas mãos fechada, em punhos. Atirei, uma após outra, em todas as direções, sem mirar em alvo.

O calor derreteu as rochas, transformando tudo em uma massa homogênea.

O espírito me cercou, levitando-me do chão. Fechei os olhos. Desejando que ele me levasse, que fissece aquela dor passar, que trouxesse a paz.

O som de um trovão retumbou alto próximo a mim, assustada meu corpo tremeu violentamente, gritei.

Um grito de desespero. Que vinha segurando a tanto tempo, que já não podia transformar em números. As nuvens cederam ao meu comando.
Rachando e jorrando água.

Fiquei lá suspensa no temporal, até que o Espírito me desceu, suavemente ele me deitou no chão. Permaneci imóvel, os olhos no céu estrelado mais bonito que eu já tinha visto na vida.

Límpido. A noite era um misto de negro e púrpura, salpicado por infinitas estrelas, que me lembravam diamantes.

A tempestade passou, eu ia ficar bem.

Willian Maldonado

Estávamos em casa, reunidos na biblioteca. Ouvindo Miguel, atualizar o número de demônios que só aumentava com o passar dos dias.

- Os bandos estão se fortalecendo, não me surpreenderia fazerem um ataque público. - Miguel dizia.

- A notícia do retorno do garoto está em todos os jornais e na internet. Lúcifer já deve estar sabendo, é uma questão de tempo para dar uma demonstração de poder. - Concordo.

Desperta-Me Para TiOnde histórias criam vida. Descubra agora