Capítulo 32

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Mexi minhas pálpebras e olhei ao redor. Eu estava sozinha na cama e também não tinha ninguém no quarto.

Eu posso ter inventado, não é? Penso, me virando de barriga para cima. Encarando o teto. Estava com febre. Me lembro dos calafrios e da dor.

Mas, de todos os sonhos, reviro os olhos, eu não deveria sonhar com Willian daquele jeito. Definitivamente.

Me sentei na cama, para inspecionando meu corpo. Estava com o mesmo pijama azul marinho com estampas de cereja.  Não tinha mais nenhum sinal de cortes grotescos. Fiquei nova em folha.

Escorreguei para a beirada do colchão, encostando os pés no tapete felpudo cor de rosa. Esticando os braços e me espreguiçando. Olhei por cima do ombro e resolvi pegar o travesseiro ao lado do meu.

Fiquei de pé com ele nas mãos. Hesitei um pouco. Ah, deixa de ser covarde. Me repreendo.

Aproximei o tecido do meu nariz e senti aquele perfume que faz meu estômago dar voltas. Joguei ele de volta na cama. Deslizei a mão pelo cabelo, em um gesto de apreensão.

Que ótimo. Willian estava mesmo aqui comigo.

- Veja pelo lado bom, Laylah. - Falei sozinha. - Ele viu que você está curada e foi embora. Não vai ter que ver a cara de convencido dele.

Peguei meu celular que estava ao lado da cabeceira e verifiquei a data e a hora. Eu tinha dormido o domingo todo. Agora são quase nove da noite. Meu estômago roncou, mostrando que estava vazio.

- Certo. Hora de sair da toca. - Arrumo a cama e ando pelo meu antigo quarto, em busca de algo que possa usar para descer e procurar a vovó Linda.

Sobre a cadeira estavam várias sacolas de lojas de roupas que eu conhecia em Jasper. Vovó deve ter mandado Larissa trazer da cidade para mim, na hora do almoço.

Espalhei os conteúdos sobre a cama. Um vestido tomara que caia pink brilhante. Chique demais. Um cropped de couro preto estava na mesma sacola que um short jeans também preto, daqueles com vários botões no fecho.

- Aha! - Exclamei com alívio ao encontrar uma calça jeans azul e uma blusinha bege  - Básico, até que em fim.

Descobri que o pior ainda estava por vir, desembrulhando as langeries.  Ergui os dois fios dentais, acomodados com os sutiãs, torcendo nariz. A calcinha preta era toda de tule transparente. E a pink é de renda na frente, com tipo de jóia costurada atrás, na parte da bunda.

- Não, vai rolar! Prefiro ficar sem calcinha do que usar essas coisas. - Resmungo, decidida a falar para a vovó devolver para a loja.

Não sei como Larissa, que sempre foi uma pessoa séria ao meu ver, consiguiu escolher peças como estas.
Talvez, tenha o dedo de Leila nisso. Ela adora me fazer passar vergonha.

Peguei as langeries com a intenção de soca-las de volta dentro da sacola. Quando percebi que tinha sobrado um outro conjunto branco no fundo.

Puxei ele para cima e guardei as outras indecências. A estampa da renda branca lembra penas, tem detalhes dourados nas aplicações de metal.

- Dane- se. Pelo menos é uma tanga. - Falei tirando as etiquetas e me vestindo rapidinho.

Olhei para meus pés descalços. Meu tênis ficou  todo detonado com o confronto. Notei então, que no chão lado da cadeira onde peguei as sacolas. Duas caixas esperavam por mim.

Em uma delas tinha uma sandália gladiadora. E na outra um par de botas pretas de amarrar. Calcei as botas, ficando de pé. Paguei meu celular e a carteira, que a vovó tinha guardado na gaveta do criado mudo.

Desperta-Me Para TiOnde histórias criam vida. Descubra agora