Capítulo 28

1 0 0
                                    

Elas se foram e um silêncio absoluto reinou sob nossa casa. Pensei em ir atrás de Manu e ver se ela estava realmente bem. No entanto, acabei concluindo que esse não era o melhor momento. Manuella me odeia agora, ela não quer me ver, pedir desculpas seria uma atitude vazia ao seu ver.

Apesar de ser tarde, eu não conseguia dormir, estava agitado demais, a cabeça a mil, repassando os acontecimentos anteriores, tentando preencher as lacunas que ainda restavam.

Elas olhavam de volta para mim e riam. Rasguei um pedaço do pão que eu estava comendo com mais força, como se pudesse assusta-las e fazer ficarem caladas.

De onde eu estava sentado, podia ver a cabeça de Gabriel. Ele está vendo futebol americano na televisão. Sendo atingido pela insônia também. Não que eu achasse que Gabi estava mesmo prestando atenção ao jogo.

Os olhos dele estavam mais ansiosos para a tela do celular. Podia apostar uma grana boa, que ele estava tentando fazer contato com Leila e ela tinha desligado o telefone.

Eu poderia rir, se não estivéssemos atolados em tanta coisa, que faria o humana mais lúcido ir até um canto
e ficar se balançando por horas.

...

Laylah Blake

Estavamos sentadas na cozinha de Manuella. Ela bebia um copo de água com açúcar e ainda estava bastante abatida.

- Foi muito chocante. - Manuella falava com a mão apoiada na testa. - No fundo, eu esperava que Miguel não ia tentar de verdade. Mas, ele olhou para mim como se eu não fosse nada.

Senti como se tivesse um buraco no meu estômago também. Sei melhor do que ninguém, como as pessoas podem ser oportunistas cruéis. Elas existem em todos os tipos de sociedades.

- Sabe o que foi chocante para mim?- Leila sorriu. - Ver você revidar e por os cretinos no lugar deles.

- É verdade. - Balancei a cabeça, concordando. - Foi sensacional. Me senti vingada.

As bochechas de Manu esquentaram, ficando levemente rosadas. Fiquei feliz em perceber que ela ainda podia sentir outras coisas, melhores que tristeza e medo.

- Vocês acham que agora vou poder voltar para minha casa? - Manuella perguntou as minhas costas quando me levantei para colocar o copo dela dentro da pia.

- Ainda não, Manuzita. - Leila respondeu em um suspiro. - Vamos ter que continuar sendo suas taxistas e babás por um tempo. Agora o rastro de energia angelical em você, esta duas vezes mais forte que o primeiro.

- Se você for fazer alguma coisa simples, como levar o lixo para fora, e tiver um demônio do outro lado da rua, ele vai perceber. Não podemos te deixar sozinha, por que você tá toda acessa. - Eu disse apoiando as costas na beirada da pia.

Leila riu com malícia, não deixando a frase passar sem duplo sentido.

- Ei! - Manu reclamou. - Não tem graça. - Atirou uma banana da fruteira em Leila. Que a agarrou antes de cair no chão. Descascou e comeu em duas mordidas.

Balancei a cabeça, sorrindo das duas. De repente, uma fisgada atacou a parte de tras do meu crânio, minha visão ficou toda avermelhada. Fechei os olhos para que Manu não os visse.

Presenciar minhas premonições, poderia ser uma experiência bem traumática e ela já tinha passado por uma hoje.

Uma segunda fisgada veio, desta vez na nunca. Minhas pernas tremendo, me agarrei a beirada da bancada, em busca de apoio.

- Laylah! - Ouvi a voz de Manu me chamando ao longe. - O que você tem?

- Ela esta tendo uma visão. - Senti uma mão muito suave tocar meu ombro. - Vou te ajudar a se sentar.

Desperta-Me Para TiOnde histórias criam vida. Descubra agora