Capítulo 08

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Na manhã seguinte, saio para uma padaria e tomo café.

Quando retorno, Luan está esperando em minha sala. Me causa estranheza, ele nunca vinha ao meu trabalho.

- Oi. Algum problema com minha vó? - Prendo a respiração, preocupada.

- Bom dia, pequena. Não, a senhora Blake está ótima. - Sinto sua agitação.

- Que bom. - Solto o ar devagar. - Então qual o problema?

Ele coça a barba. Luan sempre faz isso quando está nervoso.

- Você vai querer me matar. - Ele morde o lábio inferior.

Fico nervosa no mesmo segundo.

- O que você aprontou? - Elevo o tom.

- Eu estou saindo com a Lisa, a filha do prefeito. No sábado a noite, estávamos juntos. Eu a levei para casa. Chegamos depois do irmão dela ter desaparecido. E ... - Ele me olha, o suor escorrendo da testa. - Eu vi seu anjo caído.

- Luan, eu não tenho namorado. - O corrigi. - Ele é só um conhecido.

- Alguns amigos meus viram você saindo com alguém na semana, passada e me contaram. - Ele deu de ombros.

Esse é o mal das cidades pequenas. A fofoca rola solta.

- Eu tenho certeza que era esse cara. Era moreno e alto, como você disse no primeiro dia que o conheceu. - Afirmou, com convicção. - Vestindo roupas escuras e coturnos. Estava de pé no jardim, perto da janela do quarto do Dimy.

- O que? - Me levanto em um sobressalto. - Por que não veio contar, nada disso antes? - Grito, furiosa pela mancada dele.

- Eu não queria te magoar, lançando suspeitas. Você parecia estar gostando dele. - Luan me olha com seus lindos olhos azuis, cheios de culpa.

- Desculpe, por gritar com você. - Esfrego o rosto com as duas mãos.

Estou com os nervos a flor da pele, a falta de descanso, muitas preocupações e as cobranças por resultados crescendo dia após dia. E nada disso é culpa de Luan.

- Não tem problema. Pode xingar o quanto quiser, se isso te fazer sentir melhor. - Ele sorriu.

Fiquei encarando meu irmão de criação, me sentindo mais estúpida do que nunca. Minha intuição tinha me alertado sobre o anjo caído, eu não deveria confiar nele.

- Willian, estava levando o menino? - Torci por uma resposta negativa.

- Não. - Luan diz. - Ele estava sozinho,  mesmo assim é estranho não é? O que ele estava fazendo  no terreno, justamente na noite do sequestro?

Luan, tinha razão. Eu precisava investigar. Não é icônico ver anjos caídos e demônios trabalhando juntos. Depois de cair, fica mais fácil para os anjos mudarem de lado e aproveitarem as vantagens, do que fazer tudo certo e voltar para o Éden.

- Irei descobrir, qual é a dele. - Afirmo. - Pode ir, mas se tiver informações, seja mais rápido da próxima vez. - Eu o repreendo.

- Obrigada. Tchau, pequena. - Ele fala e saí rapidamente.

Saio da sala do delegado e peço para Samanta mandar uma intimação para Willian. Passo a manhã o investigando.

A ficha dele está limpa e não há muita informação sobre ele. Pego a caminhote e vou para o cartório, preciso descobrir onde ele mora.

Acho muito difícil, ele dar as caras. Para minha sorte o cartório, está vazio. Uma moça  uniformizada, vem me atender. Mostro o distintivo e o me identifico. Ela parece tremer diante de mim.

Desperta-Me Para TiOnde histórias criam vida. Descubra agora