Desperta-Me Para Ti

Capítulo 70

Laylah Blake

- Quem é você? E como conseguiu chegar nesse lugar, submundana? - O tom de desprezo do garoto não podia ser ignorado.

Virei meu rosto na direção da voz e fui surpreendida por uma versão de quinze anos do Willian e aquele que deduzi ser seu pai. Naquela idade, Willian tinha uma altura média e menos músculos. Podia até se passar por um menino magro. Mas, o cabelo preto, a pele bronzeada e os olhos cor de noite eram os mesmos.

Em sua companhia havia um homem na faixa dos trinta anos. Então esse é o Arcanjo Nathaniel? Meus olhos pararam sobre ele. Lindo. Não deixando nem um pouco a desejar.

Seus cabelos castanhos muito escuros. Como uma barra de chocolate, meio amargo. Aparentam ser macios e brilhantes. Usa uma franja lateral que lembra o corte de cabelo de Miguel. E seus olhos são tão negros como os de Willian.

A pele é branca e seu porte físico é atlético. Mesmo com a armadura de combatente, os músculos bem trabalhados são aparentes. Nem uma gordurinha fora do lugar. Haniel carregava um arco e flechas.

Mas, não devem ser as mesmas que ele supostamente deveria usar para flechar as pessoas e se apaixonarem... Sorri internamente com o pensamento bobo.

- Você não vai responder, híbrida? Se eu tiver que perguntar outra vez, não será gentilmente. - O adolescente enfezado chama a atenção, pulando na minha frente e apontando uma das suas push daggers para o meu peito.

Bom, afinal existia uma pessoa mais mal humorada que eu. Leila ficaria chocada com essa constatação.

- Meu nome é Laylah. - Resolvo dizer  - E você me deixou entrar.

- Ela está mentindo. - O jovem Willian apertou o maxilar. - Não conheço nenhuma bruxa. Nunca a vi antes. Vamos apenas mata-la e depois investigamos se veio com o príncipe cruel. - Falava para o mais velho que tinha um olhar sereno.

Fiquei rígida. Eles não podiam estar falando sério. Depois de todo o esforço que fiz para chegar até ali? É muita ingratidão.

Voltei a olhar para Nathaniel. Que estava sentado sobre uma pedra. Uma perna dobrada e a outra reta. Os braços apoiados no joelho. Algo no seu humor, me lembra o deboche costumeiro de Willian.

Baixei a cabeça para os pés do adolescente. Era bastante compreensível que não soubesse quem eu era. Eu nem tinha nascido ainda quando Willian era jovem. Já que ele tem pelos três mil anos de existência e eu vinte e dois.

- Não estou mentindo. Você só não me conhece ainda, Willian... - Tentei argumentar.

- Meu nome não é esse. - Interrompeu minha explicação.

Só o fato de eu estar ali já irritava bastante ele e me ouvir falando parecia o incomodar ainda mais.

Então resolvi me calar. E apenas o encarei. Willian Maldonado era como o Anjo Negro tinha se apresentado na minha geração. Quem ele tinha sido antes, eu não sabia.

- Não sei qual seu nome de Anjo. - Admito após um longo tempo. - Você nunca me disse.

O adolescente parecia em uma luta interna, dividido em dizer ou não. Mas, a verdade é que ele não precisava me dar seu nome de batismo. Se isso fosse importante, em algum momento eu acabaria descobrindo sozinha.