Prólogo

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Vinte anos antes...

Richard Blake

Eu achei que nunca mais fosse vê-la. Depois do verão passado, seria o certo a se fazer. Existem regras a serem cumpridas e nós quebramos todas elas.

Já é quase meia noite. Minha caminhonete sobe as estradas sinuosas, em meio a floresta. Me encaminho para o farol, próximo ao nosso ponte de encontro.

Minhas mãos apertam firme, o volante. Eu nunca me sinto nervoso, essa situação é uma exceção. O que ela poderia querer, depois de quase um ano?

Desço do carro e dou uma olhada no farol, vazio. Não seria bom, dar de cara com algum turista curioso. Quando estou descendo a escadaria, vejo um sinal de luz.

Entro um quilômetro, floresta a dentro. Preciso usar uma lanterna, a noite está especialmente escura. Nuvens muito grossas cobrem o céu.

Mal chego ao destino e vejo Sofia sair de trás de uma árvore grossa. Ela tem longos cabelos escuros e seus corpo está coberto por uma túnica cinza.

- Olá, Rick. - Me cumprimenta, abaixando a toca que cobria parcialmente seu rosto.

Faço apenas um sinal de cabeça.

- Eu não tenho muito tempo. - Diz e se vira novamente para árvore.

Tirando uma cesta de palha, ela a abre e pega um bebê em seu colo. Meu coração passa a bater em um ritmo acelerado, antecipando o que virá a seguir.

- Essa é nossa filha. - Sofia anda e para diante de mim.

- Mas isso não é possível... - Olho incrédulo para as duas. - Você não pode engravidar.

- No Sheesvan, tudo é possível. - Ela me corrige.

Permaneço imóvel, sem saber como reagir diante daquela notícia.

- Eu não posso ficar com ela. - Vejo a tristeza em seus olhos verdes. - Recebi o perdão celestial, mas tem um preço.

- Bastardos não tem um lugar no Reino. - Concluo com sarcasmo.

Ela olha para o rosto da criança.

- Nós assumimos os riscos, quando deixamos isso acontecer. - Falo com firmeza. - Eu não vou fugir das consequências.

Sou um homem, não um moleque.

Estendo os braços e Sofia me entrega, a coisa mais linda do mundo. Ao perceber a mudança de colo, seus olhos se abrem.

Imaginei que ela começaria a chorar. Com tudo, os olhinhos me observaram com curiosidade. Suas íris são uma mistura, de verde escuro com castanho em torno das pupilas.

- Já a batizou? - São as palavras que encontro.

O Arcanjo a minha frente faz um gesto afirmativo, de cabeça.

- Eu a chamei de Laylah. - Sofia pisca para o bebê.

- É um nome de anjo. - Uno as sobrancelhas.

Desperta-Me Para TiOnde histórias criam vida. Descubra agora