Capítulo 26

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Manuella Luss

Passei o restante da tarde nervosa, com o me esperava depois de sair do trabalho. Estava tão pensativa que Luan precisou chamar minha atenção. Primeiro, estava mostrando as flores erradas e depois, me descuidando com o troco.

Me perguntei mais uma vez, por que o destino era tão ruim comigo?
Tudo tinha sido tão difícil para mim desde sempre. E agora que eu achava que estava conseguindo caminhar em direção a felicidade, me em vi em mundo cheio de... de criaturas.

E ainda tinha Miguel. A primeira vista ele me parecia ser um cara legal. Eu nunca fui de me interessar e aventurar a conhecer pessoas.


Mas ele é tão bonito. Me senti lisonjeada quando ele me deu atenção, me convidando para sair com ele e Gabriel depois daquela balada. A mim, dentre todas as outras possibilidades.

Miguel tinha sido educado e gentil como nenhum outro homem, jamais tinha sido comigo. Ele me transmitia calma e segurança, com toda a sua imponência. Porém, eu podia ter me enganado sim, em relação a ele.

Talvez ele só tenha agido bem no primeiro momento, por que era o esperado dele e não por gostar de mim. Deveria estar só me suportando, na frente dos outros, para manter as aparências.

E agora Miguel me odeia. Mesmo sem querer, eu descobri o segredo dele. Me considera uma intrometida, que deve ter suas lembranças apagadas.


Me sinto abatida por dentro.

Mesmo que as vezes doa muito relembrar o passado. Ele ainda é meu. E Miguel deseja rouba-lo de mim. Isso me parece injusto e muito errado.


Porém, eu sou apenas uma humana, a mercê de seu imenso poder.

Aparentemente, eles não ligam para as nossas regras.

A voz de Luan me trouxe de volta para o presente. E respirei fundo, desnuviando minha cabeça por hora, tínhamos bastante clientes e eu não tinha muito tempo para vagar para as partes mais escuras da minha mente.

Porém, sempre que eu me via sozinha, um pensamento triste me acometia, dizendo que eu não voltaria para a casa essa noite. Nesses momentos eu precisava de uma força de vontade muito grande para me segurar no lugar e não sucumbir a vontade de fugir gritando.

O relógio sobre o balcão avançava rápido sobre as horas e antes do esperado chegamos no momento de fechar. Meu coração estava saltando rapidamente dentro do peito ao me ver passar pela porta da frente e ouvir a sineta balançando.

Olhei algumas vezes para os lados e me assustei quando Luan cutucou meu ombro.

- Eu estava te chamando Manu. - Ele franziu o cenho em preocupação.

- Me desculpa. - Senti as bochechas esquentarem. - Eu não ouvi.

- A senhora Blake achou melhor eu te levar para casa. - Ele disse. - Do jeito que você está distraída, vai acabar sendo atropelada no caminho.

Olhei para dentro da loja e vi a vó de Laylah passando com uma caixa de papelão nos braços. Ela acenou para mim.

- A senhora Blake, vai ficar aqui na loja esperando eu voltar para levar ela e a minha mãe, de volta para a fazenda. - Luan acompanhou meu olhar.

- Oh, é muita gentileza. - Agradeço. - Mas, não quero atrasar vocês.

- Você estaria atrasando se recusasse a oferta aí, eu teria que insistir. - Ele piscou para mim e sorriu em seguida.

- Tá, podemos ir juntos. - Concordei e o segui até a van branca, com o logotipo da floricultura.

Entrei no lado do passageiro e olhei pela janela em silêncio, deixando Luan dirigir. Ele lançou alguns olhares preocupados para mim mas, não perguntou nada, ao que fiquei grata.

- E então? - Ele parou a van em frente a minha casa. - O que tá rolando com você, Manu?

E me peguei olhando para ela, sem saber se deveria entrar ou não.

- Eu tenho um encontro. - Gemi depois de um minuto.

Luan ergueu uma das sobrancelhas.

- As pessoas geralmente ficam animadas. - Luan coçou o queixo. - Percebi como você estava no trabalho hoje a tarde. Parecia apavorada, se não confia nele, você não deveria ir. - Aconselhou.

- Obrigada pelo conselho e a preocupação, Luan. Mas, tenho que estar lá.- Puxei a trava e me mexi para sair para a calçada. Encostando a porta.

Fui até o portão de ferro branco e o destranquei. Acenando para Luan, ao acessar a parte de dentro do terreno. Ainda contrariado, ele buzinou uma vez antes de partir. Andei pela calçada que dava até a porta da frente.

Parando na metade, para contemplar o jardim que eu mesma havia plantado. A casa agora também estava bem mais organizada do que quando cheguei. Comecei a viver aqui, e ao passar dos meses sonhei que com um trabalho melhor talvez um dia, eu poderia ter dinheiro suficiente para ter minha própria casa. Definitiva.

No entanto, agora o cenário estava tão desfavorável outra vez. Abracei meu próprio corpo e me virei para olhar a rua. Não me atentei aos minutos que fiquei parada, vendo o sol descer.

Desperta-Me Para TiOnde histórias criam vida. Descubra agora