Não percebi o tempo passando a minha volta. Só entrei no carro e vi alguns borrões pelas janelas da Maserati. Cheguei em casa limpei a maquiagem do meu rosto, escovei os dentes, tirando o vestido, coloquei um pijama de algodão e me deitei na cama.
Fiquei com olhos parados no travesseiro vazio ao meu lado, o lugar que Willian gostava de ocupar. Eram onze, onze e meia da noite. Ele não entendia, fechei as pálpebras. Em algum momento, em meio aos meus pensamentos inquietantes, acabei adormecendo.
Porém, durante a madrugada uma sensação estranha me acordou. Me sentei na cama, me recostando na cabeceira. Meu olhar varreu o quarto, tudo parecia exatamente no mesmo lugar de quando eu tinha voltado horas atrás.
Estávamos apenas e o Leon na suíte. Fiquei imóvel, tentando entender o que poderia ser. Até que um soluço fez meu peito estremecer. Dois pingos molharam o edredom que me cobria.
- Mas, o que? - Coloquei a mão sob aquele ponto e mais duas gotas de água pingaram nas suas costas.
Eles escorregaram pelo meu queixo. Toquei meu rosto. Eu estava chorando enquanto dormia? Seria outro pesadelo? Me lembraria se fosse. Limpei as bochechas.
Uma fisgada atingiu meu ventre.
- Mas que porra é essa? - Resmunguei.
Meu pulso começou a queimar cada vez mais forte. Virei o braço para cima e a marca da ligação angelical com Willian, estava vermelho incandescente. Ela pulsou uma vez, eu me contorci de dor.
- O que esse retardado está fazendo? - Me levantei da cama. Eu tinha que encontrá-lo, Lian estava em perigo.
Coloquei a primeira calça jeans que encontrei na frente e uma blusa lisa de malha com mangas compridas, calçei um par de botas marrons, com cano curto.
Peguei minhas pistolas e a bolsinha com ferramentas que ajudavam no submundo, pendurado suas alças nas minhas costas. Deixei Leon dormindo na sua caminha e fui para o elevador. Lá dentro uma nova leva de sensações nada agradáveis me atravessou.
Uma hora eu comecei a suar muito, o tecido da minha blusa ficando molhado na coluna. Do mesmo jeito que veio aquilo sumiu de repente. Depois minha visão ficou turva. O pior de todos foi a vertigem, tive que me apoiar nas paredes sentindo como se fosse desmaiar a qualquer segundo.
A porta do elevador abriu no estacionamento e eu saí para pegar meu carro.
- Se esse idiota ainda não estiver morto, eu que irei mata-lo. - Murmurei sozinha.
Acelerei para fora do edifício usando a tatuagem como localizador. Ela me levou a um lugar bem distante de casa. Na verdade, não tinha muita coisa. Era um bairro novo, estava em construção ainda. Ele fazia limite com a floresta temperada e nativa.
Feita a observação, deixei meu carro escondido e continuei a pé. Meu destino era um terreno de esquina, onde havia uma construção que já estava terminada. Na parte da frente, seria um barzinho, atrás a moradia.
Não tinha nenhum sinal de vida. Me aproximei com cautela. A primeira coisa que percebi foi o cheiro forte de enxofre e depois, como o ambiente era gelado. Puxei meu bastão de combate do bolso de trás da calça, deixando meus sentidos em alerta para a presença de demônios.
Passei para dentro do bar. Percebi que a fechadura da porta tinha sido forçada e amassada. Quem quer que tenha vindo, não era convidado. Dois passos a frente, dei de cara com o que restou de uma briga.
Cacos de garrafas e copos estavam espalhados por todo o lugar, misturados a restos das cadeiras e mesas. Também tinham corpos, muitos corpos de Cavuns. Para ser sincera era a maior quantidade deles que eu me lembro de ter visto em um único lugar.
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Desperta-Me Para Ti
FantasyLivro Um. Triologia Encontra-Me. "🪶 As cartas foram lançadas, dando início a partida. Venha, envolva-se também. Nesse jogo intenso e viciante onde luz e sombras disputam o poder.🪶 " Em Jasper, nem tudo é o que parece. Pois um mundo místico habita...